Saber acabar é uma virtude? «As lendas têm o direito de decidir quando sair» | OneFootball

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·19 de julio de 2024

Saber acabar é uma virtude? «As lendas têm o direito de decidir quando sair»

Imagen del artículo:Saber acabar é uma virtude? «As lendas têm o direito de decidir quando sair»

O Euro 2024 foi o palco de vários dias de emoção para as 24 seleções qualificadas para a competição. Como seria expectável, alguns jogadores aproveitaram estes últimos cartuchos para se despedirem das respetivas seleções. O zerozero, antes do apito inicial da prova, elaborou uma lista de dez craques candidatos a possíveis retiradas dos compromissos internacionais.

Cristiano Ronaldo, Olivier Giroud ou Jan Vertonghen. Não acertamos todos os nomes, é certo, mas conseguimos «antecipar o futuro» e prever cenários que ainda não tinham sido anunciados pelos respetivos jogadores. Pese embora não termos feito o mesmo exercício para a Copa América, também observamos de perto uma retirada de peso: Ángel Di María, extremo do Benfica.


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Perdeu o fio à meada no que toca a finais de ciclo? Está aqui um pequeno resumo das notícias das últimas semanas. Comecemos no continente europeu. Toni Kroos acaba por ser uma exceção à regra neste lote, pois já tinha comunicado a sua intenção de deixar o futebol. Os encontros disputados com a camisola da seleção alemã acabaram por ser o ponto final na sua carreira marcada por inúmeros títulos. Conquistou, entre outros, seis Ligas dos Campeões, três Bundesligas, quatro Ligas Espanholas e um Mundial. Eterno.

Passemos, agora, para quem ainda contará com mais alguns anos como jogador. Thomas Muller também desfalcou a Alemanha aos 34 anos. O experiente avançado fez parte do conjunto que subiu ao topo em 2014, sendo parte fundamental para o sucesso. Em sete partidas dessa edição, marcou cinco golos e assistiu os seus companheiros em duas ocasiões. 131 internacionalizações e 45 golos depois, o adeus.

Por falar em campeões mundiais: Olivier Giroud. O ponta de lança francês, que participou em 137 jogos da seleção, despediu-se na Alemanha, mas sem qualquer tipo de impacto. Nunca foi titular e Didier Deschamps decidiu apostar noutro tipo de avançados para tentar chegar o mais longe possível na prova. Acabaram eliminados nas meias-finais contra... Espanha, a vencedora.

Do outro lado, um dos jogadores mais experientes de todo o Euro 2024. Jesús Navas, que «ganhou o lugar» a Pedro Porro, participou em três duelos e dividiu a ala direita juntamente com Dani Carvajal, também ele com bastante estaleca por estes palcos. «Tive a sorte de estar muitos anos com a seleção, mas é incrível que, nas cinco fases finalistas a que vim, cheguei à final nas cinco. É um orgulho para mim e estou muito feliz por isso», confessou, pouco tempo antes da final. Em dezembro, recorde-se, retira-se dos relvados.

Não podemos deixar passar a oportunidade de fazer uma menção a Xherdan Shaqiri. Apesar de estar na MLS desde 2022, o possante extremo voltou a representar o conjunto helvético e contou com impacto direto, pois marcou um (belo) golo diante da Escócia. Depois de 14 anos a vestir as mesmas cores - que garantiu o estatuto de segundo jogador com mais internacionalizações de sempre -, é altura de se focar apenas no futebol de clubes.

Terminamos esta lista com dois atletas que têm ligação ao universo encarnado. Ángel Di María e Jan Vertonghen. O primeiro saiu pela porta grande com a camisola argentina, pois conquistou a Copa América diante da Colômbia. O avançado revelou-se fundamental para todo o recente sucesso da albiceleste e será difícil igualar o seu legado.

O segundo, por outro lado, foi sendo um dos defesas chamados por todos os selecionadores que passaram no banco de suplentes da Bélgica nos últimos anos. Após 157 jogos e dez golos, o experiente central despediu-se dos relvados internacionais ao afirmar que «viveu o seu sonho».

«A minha carreira estava com a seta para baixo»

Saber sair de perto dos holofotes do futebol é uma virtude. Que o diga Caetano, vice-campeão mundial de sub20 em 2011.

Apesar dos motivos terem sido bastante distintos comparativamente ao que foi enumerado (e nunca ter chegado à seleção A portuguesa), o antigo avançado recordou a decisão oficializada a 10 de janeiro de 2021, depois de ajudar o Varzim a derrotar o FC Penafiel por 1-2.

«A minha carreira estava com a seta para baixo e os meus negócios pessoais em ascensão. Tinha 29 anos e encontrava-me na Liga Portugal SABSEG, após vários no principal escalão do futebol português. Senti que as empresas começaram a crescer muito. Já lá vão três anos e meio e acredito que retirei-me no timing correto», começou por dizer, em conversa com o zerozero.

«Não me arrependo de absolutamente nada. Sempre investi bastante tempo na vertente fora do futebol. Os jogadores têm tempo para tudo: estudar ou arranjar passatempos, por exemplo. Numa fase inicial da carreira consegui conciliar o mundo desportivo e o empresarial, porém, tornou-se impossível numa fase posterior. Já chegava aos treinos um pouco cansado e a pensar nos negócios. Ultrapassei o limite e partilho a opinião de que não estava a ser um profissional a 100 por cento, um aspeto que considerava fundamental», acrescentou, antes de falar do momento decisivo para a retirada.

«Já não estava no auge e a minha motivação não se encontrava em altas. Tive uma conversa com o presidente do Varzim e expliquei as minhas razões. Coloquei um ponto final no Estádio Municipal 25 de Abril, em Penafiel, com um golo fundamental aos 82 minutos. Entreguei a camisola à minha mãe e saí pela porta grande. Fui abençoado na minha despedida [risos]», argumentou.

Caetano sempre foi apontado a grandes voos. Depois de repartir a formação entre o USC Paredes e o FC Porto, passou pelo Paços de Ferreira, Gil Vicente, CD Aves, FC Penafiel e Varzim. A época 2020/2021 representou a última enquanto profissional. «Tenho saudades desses tempos: treinar, tocar na bola, conviver com os meus colegas no balneários», atirou.

«A carreira de um jogador de futebol é muito curta e os atletas, na maior parte dos casos, não se preparam para o que vem a seguir. Eu acho que sou um exemplo do oposto. Encontrava-me bem fisicamente, mas acreditava que podia ter mais sucesso no mundo empresarial do que no futebol.»

Mas, afinal, quais são esses negócios?

«Desde os 22/23 anos que comecei a abrir ginásios, health clubs. Neste momento tenho a marca IDEALKORPUS, que conta com quase dez espaços que se traduzem em ginásios, boxes de crossfit, estúdios de pilates, clínicas de medicina estética, clubes de padel. Ou seja, temos variadíssimas superfícies no distrito do Porto. Para além disso, inseri-me no ramo mais importante da família, o da construção e promoção imobiliária», disse. E o futebol? Ainda tem espaço?

«Integrei recentemente a estrutura diretiva do USC Paredes, o emblema da minha terra. Gostava de levá-lo para outro tipo de patamares. Temos muita ambição e estamos a tentar profissionalizar o clube. A escolha do treinador Tarantini também foi nesse sentido. Uma pessoa que sempre foi um exemplo dentro e fora de campo», mencionou.

«Queremos chegar longe, não queremos ir rápido. O processo é giro porque tenho muitas ligações com o USC Paredes. Acredito que podemos fazer algo de diferente e interessante no mundo do futebol. O próximo passo, que será decidido pelos sócios, passará pela transformação (ou não) para Sociedade Anónima Desportiva (SAD)», explicou.

«Acho as críticas ao Cristiano injustas»

Enquanto Caetano vai «dando cartas» nos negócios, outras continuam ao mais alto nível dentro de campo. Falamos de Pepe e Cristiano Ronaldo, ambos com o futuro incerto no que toca à seleção nacional. «É sempre difícil, não é? Eu acho que as lendas têm o direito de decidir quando é que se vão retirar. Eles acham que têm condições para continuar e eu também partilho dessa opinião», argumentou.

«É um prazer ver estes dois jogadores, numa fase final da carreira, a demonstrar qualidade. Só temos de apoiar e agradecer por nos termos cruzado com esta geração. São uns exemplos dentro e fora de campo. Craques. Demonstram que o trabalho permite que cheguemos mais longe. Às vezes acho as críticas injustas, no entanto, a vida é mesmo assim», atirou, antes de falar das temporadas que rubricaram.

«Partilho a opinião de que o Ronaldo tem os argumentos necessários para permanecer nas opções portuguesas. Um jogador que faz mais de 40 golos numa época, porque é que tem de se retirar? O campeonato da Arábia Saudita é mais fraco, sim, mas estão lá jogadores com qualidade e que não chegaram a esse patamar. Tem provas dadas. O Pepe igual. Continua em grande forma», explicou.

Não sabemos o próximo passo destas duas lendas portuguesas, mas independentemente da decisão que tomarem, já deixaram um legado que dificilmente será alcançado.

Pepe estreou-se na seleção das quinas a 21 de novembro de 2007, fruto da qualificação para o Europeu 2008 diante da Finlândia. Cristiano Ronaldo, por sua vez, jogou pela primeira vez a 20 de setembro de 2003, mas frente ao Cazaquistão. Para o maior dos museus.

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