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·1. Juni 2025

Irreconhecível, a Inter caiu para o PSG com a maior goleada de uma final de Champions League

Artikelbild:Irreconhecível, a Inter caiu para o PSG com a maior goleada de uma final de Champions League

Ganhar ou perder é do jogo. Porém, sofrer uma derrota – ou aniquilação, como foi o caso – sem honrar os próprios princípios de seu futebol e encarar a traição de seus homens de segurança, que vacilaram na hora H, é muito mais cruel. Ao contrário do que ocorreu em 2023, em Istambul, quando foi derrotada pelo Manchester City e foi vice-campeã da Champions League com a cabeça erguida, a Inter foi humilhada pelo Paris Saint-Germain em Munique e, depois do 5 a 0, além de amargar a sua pior derrota em competições da Uefa e ter sido vítima da maior goleada numa final da Liga dos Campeões, deixou o campo envolta em dúvidas.

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Era o jogo mais importante da gestão do técnico Simone Inzaghi na Inter, considerando alguns fatores. Os nerazzurri perderam o título da Serie A 2024-25, competição em que eram favoritas, e também não venceram a Coppa Italia e a Supercopa Italiana, sendo derrotados pelo Milan nas duas competições. O peso de um grande trabalho terminar uma temporada sem títulos fez com que disputar a decisão da Champions League passasse de cereja no bolo a única oportunidade de levantar uma taça na campanha. E isso era visto como possível, sobretudo depois das grandes atuações contra Bayern de Munique e Barcelona, nas quartas e nas semifinais. A Beneamata chegou à final num patamar diferente daquele em que se encontrava dois anos antes, quando era vista como azarão ante o Manchester City – tão endinheirado quanto o PSG, outro clube-estado sedento por converter investimentos vultosos na ambicionada conquista continental.


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Aí, ocorreu a primeira traição de expectativas. Irreconhecível, a equipe não foi sombra daquela que impressionou a Europa com solidez defensiva, trocas constantes de posições, controle mental e eficiência nas transições, o que mostrou nas fases anteriores da Champions League e nos melhores momentos do trabalho do treinador. Se havia sofrido apenas cinco gols até as semifinais, levou os mesmos cinco num único jogo. Uma sensação que a Beneamata não conhecia desde o 6 a 0 sofrido contra o Milan, em 2001, e que – frisamos novamente – representou a maior derrota da agremiação em qualquer torneio realizado pela Uefa e também a maior goleada registrada numa final da Liga dos Campeões nos 70 anos da competição. Foi a pior partida dos nerazzurri desde o início da passagem de Inzaghi por Milão, em 2021.

Pelos dados apresentados, fica evidente que uma derrota de tal magnitude foi algo totalmente fora da curva. Fora da curva para a Inter, em sua história. Para o trabalho de Inzaghi, como um todo. E também na campanha da Inter nesta edição da Champions League, que era irretocável – apesar dos percalços na Serie A e de lacunas no elenco, que fizeram com que o técnico tivesse de utilizar alguns de seus pilares mais vezes do que o desejado, por falta de rendimento de suas alternativas. Uma surra proporcional à péssima atuação do time, ao baque sofrido pelo domínio do adversário e dos gols precocemente sofridos, à má leitura de jogo do treinador em Munique e ao tamanho das lacunas do elenco, que fizeram o comandante colocar os contestados Bisseck e Asllani no gramado da Allianz Arena.

Os jogadores e o treinador da Inter lamentaram por não terem conseguido colocar em prática o que prepararam – longe disso, pois Donnarumma fez uma defesa em todo o jogo, a defesa foi perfurada como um poço de petróleo e o meio-campo nerazzurro, habitualmente funcional, sucumbiu a Vitinha e Fabián Ruiz. Ninguém se salvou. Muito mais lúcido fora do campo do que dentro dele neste sábado, Barella foi taxativo: “a derrota apaga um pouco o que fizemos de bom até aqui”.

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Para Barella, a goleada na final europeia ofuscou o bom trabalho feito pela Inter na temporada (Getty)

Sim, o discurso de “aproveitemos o percurso” que Inzaghi e a diretoria da Beneamata vinham alimentando quando a equipe sonhava com a tríplice coroa caíram por terra e não ressoam nem nos vestiários. Quem conquistou três troféus numa temporada foi o Paris Saint-Germain – além do italiano Donnarumma, ex-Milan, e o ex-treinador romanista Luis Enrique, pela segunda vez. A trupe de Milão, nas palavras proferidas por José Mourinho para fustigar os rivais, em 2010, terá que se contentar com “zero títulos”.

Agora, não se sabe sequer qual será o futuro imediato da Inter, que disputa a Copa do Mundo de Clubes em junho. Assediado pelo Al-Hilal, da Arábia Saudita, Inzaghi não confirmou sua permanência e, ainda que o presidente Giuseppe Marotta tenha colocado panos quentes nas dúvidas que o técnico deixou pairando no ar, não se sabe o peso que a clamorosa derrota terá sobre o comandante – e sobre o psicológico e as ações dos jogadores do elenco, inclusive dos mais experientes, além dos planos dos cartolas; sem nem falar nos torcedores, que podem apenas sofrer no momento. O cenário é nebuloso e seria inimaginável para os nerazzurri há um ano, quando o vigésimo scudetto foi conquistado e a agremiação obteve sua segunda estrela. O que nos faz lembrar o quão dinâmico é o futebol.

O jogo

Havia um tabu em xeque na Allianz Arena: todas as finais de Copa ou Liga dos Campeões realizadas em Munique tiveram campeões inéditos. Foi assim com Nottingham Forest (1979), Olympique de Marseille (1993) e Borussia Dortmund (1997), no Olympiastadion, e Chelsea (2012), no mesmo estádio da decisão de 2024-25. O Paris Saint-Germain manteve a escrita e se tornou o segundo clube francês a conquistar a Europa, ao desbancar a Inter. Curiosamente, o fez na mesma cidade que o OM, seu maior desafeto, bateu o Milan, rival nerazzurro, no início da década de 1990 – e onde a Juventus também caiu frente aos aurinegros, no mesmo decênio.

O PSG buscava uma inédita taça da Liga dos Campeões e, consequentemente, uma tríplice coroa jamais conquistada – seria a segunda do técnico Luis Enrique, que obteve o feito pela primeira vez quando comandava o Barcelona, em 2015. Em sua segunda final em três anos, a Inter queria evitar o terceiro vice na temporada e o quarto desfecho de “quase” nas competições em que disputou. Falou mais alto o seu histórico de Robin Hood no principal torneio europeu de clubes: perdeu as decisões que fez contra adversários que jamais haviam levantado a “orelhuda” (antes, o Celtic, em 1967; e o Manchester City, em 2023, e ainda pode entrar numa outra conta o Ajax, que tinha um troféu a menos em 1972), tendo vencido somente quando encarou rivais que, no momento do embate, tinham maior número de títulos no certame (Real Madrid, em 1964; Benfica, em 1965; e Bayern, em 2010).

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Muito PSG, pouca Inter: Kvaratskhelia, que não havia feito boas partidas contra os nerazzurri em seus tempos de Napoli, brilhou e fez gol (Getty)

O dia havia começado mal para a comunidade nerazzurra, devido à morte de Ernesto Pellegrini, presidente da Inter de 1984 a 1995. Mas tudo ficaria muito pior, e isso se anunciou desde os primeiros minutos da partida contra o Paris Saint-Germain. Ficou evidente que algo não ia bem quando os franceses encaixaram uma marcação muito alta, constantemente atrapalhando a saída de bola do time de Inzaghi e sufocando os jogadores adversários. Embora os melhores momentos dos parisienses na temporada vinham ocorrendo na fase inicial das partidas, a Beneamata se caracterizava por ser uma equipe que conseguia sair da pressão rival e se imaginava que poderiam ter sucesso nisso. Ledo engano.

A postura agressiva do PSG deu resultado aos 12, quando Doué arrumou espaço nas costas da defesa, recebeu passe de Vitinha e entregou de primeira para Hakimi, quase na pequena área. O marroquino escorou para a rede e acionou a lei do ex, sem comemorar e quase pedindo desculpas para a torcida nerazzurra, que se encontrava atrás do gol de Sommer. Até o Paris Saint-Germain marcar, a Inter havia ficado atrás no placar nesta edição Champions League por apenas 17 minutos – e nunca por mais de 370 segundos. Bem, os números mudariam bastante dali em diante.

O PSG ampliou aos 20 minutos – e, pela primeira vez, uma equipe sofreu dois gols tão cedo numa final de Champions League, dando um prenúncio da goleada histórica que seria construída. Dumfries tentou colocar lateral na área, Pacho se esforçou para ganhar de um desligado Barella e evitar escanteio. De quebra, seu corte acionou um contragolpe parisiense: Dembélé inverteu para Doué, o mais jovem francês a disputar uma decisão do torneio, e o seu chute acabou entrando após desviar em Dimarco e matar Sommer.

A Inter tentou reagir e teve sua primeira chance num escanteio, aos 23 minutos, mas Acerbi cabeceou por cima da meta de Donnarumma. Porém, com uma fraquíssima atuação, principalmente de seus meias, a equipe italiana não deixava o PSG desconfortável em momento algum. Aos 37, novamente num corner, Thuram tirou tinta da trave com uma testada. A força dos nerazzurri nas bolas paradas se fez notar, mas faltava construção pelo chão. No fim da etapa inicial, os parisienses ainda ameaçaram Sommer em três ocasiões.

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A Inter termina 2024-25 sem títulos e com muitas dúvidas (Ansa)

Se o primeiro tempo foi ruim, o segundo representou o desabamento total da Inter. Kvaratskhelia, que jamais brilhou contra os nerazzurri em seus tempos de Napoli – nunca marcara nem fornecera assistência – teve duas chances na grande área aos 46 e aos 50 minutos, mas mandou ambas para fora. Estava se aquecendo. Antes disso, na casa dos 64, Doué recebeu de Vitinha em profundidade, sustentou a pressão de Bastoni e anotou sua doppietta com um chute no canto esquerdo de Sommer, que não esperava uma finalização ali. O jovem se tornava o primeiro atleta a participar de três tentos numa decisão de Champions League na fase moderna do torneio e encaminhava o título para o PSG.

Àquela altura, a Inter já estava de joelhos. Desconcentrada, via Thuram ficar em impedimento após chutões de Sommer. Atônita, errava passes bobos. Ainda viu Bisseck entrar em campo e sair logo após, queimando uma substituição, por lesão – pouco após, Çalhanoglu também foi sacado por contusão. Asllani, Zalewski, Carlos Augusto e Darmian também saíram do banco. Nenhum deles teve impacto positivo.

O PSG, ao contrário, não se contentou. Quando viu a adversária grogue, acionou o turbo. Aos 73 minutos, Kvaratskhelia recebeu em profundidade de Dembélé – que pegou a defesa da Inter em um raro momento de linha alta – e ficou no mano a mano com Sommer. Claro, o georgiano, ex-Napoli, não desperdiçou. Donnarumma fez sua primeira defesa só aos 77, num bom chute de Thuram, mas foi só. Aos 82, Barcola humilhou a zaga nerazzurra e perdeu um gol feito. Mayulu, não: tabelou com o supracitado colega de ataque e soltou uma bomba entre a trave e o arqueiro suíço para dar números finais à aniquilação da Beneamata.

Desde então, Paris é uma festa. Milão, nem tanto. Nem mesmo na parte rossonera, considerando que o momento do Diavolo não é dos mais sorridentes, apesar da alegria temporária pela derrota da rival. A Inter segue com três títulos de Champions League, quatro a menos que o Milan.

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