
Gazeta Esportiva.com
·10. April 2025
Bahia revela conselhos de Carrillo, comenta estreia e persegue sonhos no profissional do Corinthians

In partnership with
Yahoo sportsGazeta Esportiva.com
·10. April 2025
Luiz Gustavo Lemos Carvalho, mais conhecido pelo apelido de ‘Bahia’, é uma das principais joias das categorias de base do Corinthians. Hoje, o volante está no processo de transição para o profissional e vive o sonho de todo garoto que joga futebol, mas a trajetória até este momento não foi fácil.
O início da caminhada do volante no Corinthians e a adaptação a uma nova cidade não foram fáceis – especialmente em São Paulo, terra da garoa. Bahia, apelido referente ao seu estado natal, chegou ao clube ainda muito novo, com apenas 11 anos de idade. No começo, o jovem passou por dificuldades, uma vez que sempre foi muito versátil e ainda não tinha uma posição definida dentro de campo.
Com o passar do tempo, porém, Bahia foi mostrando seu futebol e se consolidando como um dos garotos mais talentosos da base do Corinthians. No ano passado, foi reserva do time que conquistou a Copa São Paulo de Futebol Júnior. Neste ano, assumiu a titularidade e, como capitão, foi fundamental para que o Timãozinho chegasse à final do torneio.
Foi pela boa campanha na Copinha que Bahia despertou a atenção da comissão técnica e passou a treinar com os profissionais. Em meio ao processo de transição, o volante também tem ‘descido’ para disputar partidas pelo time sub-20 com a intenção de manter o ritmo de jogo. E apesar do tempo de jogo, o garoto revelou que não há sentimento que explique o que significa treinar junto do time principal.
“É algo inexplicável quando se fala na palavra profissional. Quando estamos entre os profissionais, passa um filme na nossa cabeça de como sonhamos em estar ali, fazendo tudo que sonhávamos um dia, e acho que essa é a parte mais legal”, ponderou Bahia em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva.
Quando se sobe para o profissional, é preciso, querendo ou não, saber lidar com a pressão e também com a grande concorrência. Bahia, entretanto, contou que a recepção do elenco aos jovens que treinaram no time de cima foi excepcional e rechaçou qualquer disputa.
“A recepção deles conosco foi a mais prazerosa possível, a mais acolhedora possível. Eles estavam sempre ali dando apoio para nós, dando dicas. Jogadores da posição mesmo, como por exemplo o Carrillo, às vezes o Bidon, o Ryan, que falam mais comigo. O Carrillo fala bastante comigo, me dá orientações até hoje. Foi uma parte bem amigável assim, uma coisa bem saudável. Eles não levaram muito a sério. No profissional tem muito dessas de ‘aí, tem atleta da base subindo, temos que abrir o olho’. Aqui não, acho que eles agregaram muito para nós. Nos deram muita liberdade para perguntar, nos deram confiança nos treinos”, afirmou o jogador.
Dentro do elenco corintiano, Bahia diz se inspirar em André Carrillo, que chegou ao clube no ano passado. O peruano surpreendeu a torcida pela regularidade e facilidade apresentada na cadência de jogo. Nesta temporada, inclusive, o volante tem sido um dos grandes destaques da equipe.
Bahia, nesse sentido, comentou a importância da troca com os atletas mais experientes e revelou detalhes sobre algumas dicas que pediu a Carrillo.
“Temos muitos jogadores vividos, né. Muitos que jogaram na Europa, muitos que ganharam títulos e que estiveram na nossa posição hoje em dia, nesse processo de transição de base para o profissional. Eles sempre conversam e falam para a gente não desistir. Às vezes você está aqui, só olhando, mas está aprendendo muito, e foi o que eu senti de diferença no meu jogo. Treinando no profissional, e às vezes descendo para jogar no sub-20, eu senti um amadurecimento do que eu via no profissional”, explicou o volante.
“Em termos do Carrillo, ele sempre conversa comigo, desde o ano passado, em que eu subia para treinar. Eu cumprimentava ele, perguntava o que ele fazia para controlar tão bem o jogo, para ter mais clareza nas jogadas, como ter mais tranquilidade quando o jogo estiver muito apertado, como sair de uma pressão. Ele sempre me dava esses feedbacks, e até hoje me dá. Recentemente, eu vi ele, ele falou que estava bem, joguei bem, falou que gosta bastante de mim, que eu tenho uma boa qualidade e uma boa finalização”, complementou.
Por fim, Bahia também contou um pouco mais sobre a relação de Ramón e Emiliano Díaz com os garotos da base que tem treinado junto do elenco profissional. O jovem deu destaque para a atenção da comissão técnica de forma geral e valorizou o trabalho feito na busca de oportunidades no time principal.
“O Ramón e o Emiliano são praticamente a mesma coisa de quando estão dentro de campo, fazem as mesmas coisas. O Ramón sempre falava, só que o Emiliano está sempre mais ativo. Mas acho que eles sempre estavam ali de olho na gente, dando orientação, falando o que precisávamos fazer. O Emiliano era o que sempre falava o que tínhamos que fazer. Mas tinha um pessoal também que era da comissão deles que ficava mais com a gente. Eles falavam no que nós tínhamos que melhorar, o que tínhamos que observar para o nosso jogo evoluir e amadurecer mais e mais, para nós olharmos o que os profissionais da nossa posição vinham fazendo. O Bruno e Osmar ficavam nessa função. Aí tinha o Leandro também, o preparador físico, o Mauro. Eles sempre ficavam ali dando sugestões e opções na nossa tomada de decisões para tentar encantar o Ramón e o Emiliano para que, quem sabe ou não, ter oportunidades no profissional”, analisou o atleta.
Em meio ao processo de transição da base para o profissional, Bahia teve a grande oportunidade de fazer sua estreia na equipe de cima no início desta temporada. O meio-campista foi relacionado para o duelo contra o Novorizontino, pela 11ª rodada do Paulista, mas estreou mesmo contra a Portuguesa.
Bahia foi acionado por Ramón e Emiliano já no fim da segunda etapa. O volante entrou no lugar de Alex Santana, aos 37 minutos, e disputou apenas oito minutos de jogo. Embora tenha tido poucos minutos em campo, o garoto disse que sentiu como se tivesse tirado um grande peso das costas.
“A minha estreia foi um sonho realizado. Se você perguntar na rua, o sonho de todo menino é estrear no futebol, ainda mais pelo Corinthians. Foi o que eu sempre sonhei. Mesmo jogando só oito minutos, deu para tirar aquele peso das costas. Graças a Deus eu pude virar um jogador profissional, hoje em dia eu posso falar que sou jogador profissional e estreei no time principal. Foi um alívio assim para mim, sabe? Deu um alívio no coração. Ficava pensando em tudo que eu passei para chegar até ali, vir de outra cidade, dificuldades, adaptação. Acho que tudo isso valeu a pena, tudo que a gente faz de sacrifícios, um dia vale a pena, e acho que valeu todo o sacrifício que eu fiz e faço até hoje para estar onde eu estou”, declarou o jogador à Gazeta Esportiva.
Na edição de 2024 da Copinha, o Corinthians teve um grande protagonista: Breno Bidon. Ao lado de Bahia, é um dos jogadores revelado pelo clube com maior potencial. E no ano passado, o camisa 27 do profissional passou pelo mesmo processo de transição que Bahia hoje passa.
Atualmente, Bidon já está consolidado no time principal do Corinthians e, quando ganha espaço, vai bem – são 12 jogos na temporada, com uma assistência distribuída. O capitão do Corinthians sub-20, assim, entende que o companheiro de base pode ser, de certa forma, um exemplo.
“Sim, sim (sobre ser um exemplo). O Bidon é um parceiro meu. Às vezes a gente sai para comer, eu levo a minha esposa, ele leva a dele. Minha esposa é amiga da dele, nós saímos para comer, às vezes eu vou na casa dele, ele vem na minha casa, e a gente sempre troca essa ideia. Ele foi campeão da Copinha e, no período de transição da base para o profissional, ele teve a mesma dificuldade que eu estou tendo. Muita chegada de treinador, muitos atletas na posição, e ele sempre fala comigo que esperou o momento dele e agarrou a oportunidade”, destacou o jovem.
“É o que eu falo com ele, mesmo nesse período de transição, eu ter sido vice-campeão da Copinha e artilheiro, mesmo tendo bastantes volantes e jogadores da minha posição, eu procuro me destacar, procuro não dar essas desculpas de ter muitos volantes e meias. Procuro me destacar, porque um dia a oportunidade vai aparecer, eu vou estar pronto e vou agarrar da melhor forma possível”, completou.
Por fim, Bahia, cuja carreira mal começou, quer seguir perseguindo seus sonhos. O volante, que renovou contrato recentemente com o clube até o final de 2027, quer conquistar grandes coisas no Corinthians antes de alçar voos mais altos no futuro.
“Meu sonho aqui no Corinthians é ganhar uma Libertadores e um Campeonato Brasileiro. Quero fazer história aqui no clube, e quando eu fizer, ir para a Europa, me destacar cada vez mais, chegar na Seleção Brasileira, ganhar uma Copa do Mundo, uma Champions League, e voltar ao Corinthians, encerrar minha carreira aqui. É isso que eu quero para o meu futuro”, concluiu o atleta.