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·05 de junho de 2025

Retrospectiva da Serie A, parte 1: um 2024-25 opaco ratificou a pobreza de gestão do Torino

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Na semana passada, tivemos o fim da edição 2024-25 da Serie A. Aguardamos a decisão da Champions League passar e, agora, damos início à nossa tradicional retrospectiva da temporada, na qual analisamos o desempenho de cada um dos times que disputaram o campeonato. Começamos, como de costume, pela metade inferior da tabela.

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Puxando a fila e segurando a lanterna, de maneira surpreendente, temos o Monza, que foi uma das maiores decepções da temporada italiana e mereceu o clamoroso descenso. Ao contrário dos brianzoli, os também rebaixados Venezia e Empoli até mostraram bons momentos de futebol, mas não resistiram às lacunas de seus elencos.


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Na primeira parte da retrospectiva, falamos também da salvação do Lecce no apagar das luzes e de um ano sem grandes percalços para Parma, Verona e Cagliari – este último, comandado por Davide Nicola em mais um sólido trabalho. Um pouco mais acima na tabela, Genoa e Udinese podem se dar por satisfeitos por terem ficado no meio da tabela após percursos opostos: enquanto os rossoblù começaram derrapando e até passaram pela zona de rebaixamento, os friulanos chegaram a liderar a Serie A e tiveram uma queda de desempenho a posteriori. Por fim, não há motivos para a torcida do Torino estar radiante. Não à toa, a trajetória dos granata foi polvilhada por protestos extracampo pela falta de rumo da diretoria, que gasta muito (e mal), sem levar o time a resultados exuberantes.

Navegue pelo menu abaixo para acessar a análise do time desejado ou role a página para conferir o balanço completo, equipe por equipe. Boa leitura!

Análise clube a clube

Monza

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Mota, do Monza (Getty)

A campanha: 20ª colocação, 18 pontos. 3 vitórias, 9 empates e 26 derrotas. Rebaixado. No primeiro turno: 20ª posição, 10 pontos. Fora da Serie A: Eliminado nas oitavas de final da Coppa Italia pelo Bologna. Ataque e defesa: 28 gols marcados (o segundo pior) e 69 sofridos (a pior) Time-base: Turati; Izzo, Pablo Marí (D’Ambrosio), Carboni; Pedro Pereira, Bondo (Akpa Akpro, Pessina), Bianco, Kyriakopoulos; Birindelli (Ciurria), Caprari (Maldini); Mota (Djuric, Keita). Artilheiros: Dany Mota (5 gols) e Milan Djuric (4) Garçom: Georgios Kyriakopoulos (4 assistências) Técnicos: Alessandro Nesta (até a 17ª rodada e a partir da 25ª) e Salvatore Bocchetti (entre a 8ª e a 24ª) Os destaques: Dany Mota, Stefano Turati e Andrea Carboni A decepção: Luca Caldirola A revelação: Kevin Martins Quem mais jogou: Pedro Pereira (35 jogos), Georgios Kyriakopoulos (34), Alessandro Bianco (34) e Gianluca Caprari (34) O sumido: Roberto Gagliardini Melhor contratação: Stefano Turati Pior contratação: Stefan Lekovic

Poderíamos simplesmente copiar o que escrevemos sobre o Monza no início da temporada, no nosso guia, e dizer: nós avisamos. Não precisava ser um gênio para saber que o time teria dificuldades na primeira campanha planejada integralmente sem o aporte financeiro do ex-presidente Silvio Berlusconi, falecido em 2023, e sob as ordens de Alessandro Nesta, que não fez nenhum bom trabalho como técnico em sua carreira. Contudo, não se imaginava que o desfecho seria tão brutal. Era de se esperar que um executivo experiente, como Adriano Galliani, principal cartola biancorosso, corrigisse a rota durante a campanha. Não aconteceu.

Ou melhor, as tentativas de Galliani foram verdadeiros tiros n’água. Salvatore Bocchetti era uma opção tão estapafúrdia quanto Nesta e não surpreendeu que sua estadia na Lombardia tenha durado tão pouco, o que abriu caminho para o retorno de seu antecessor. Ademais, muitos dos reforços que chegaram no inverno ainda foram capazes de piorar o time. Enquanto Silvère Ganvoula passou em branco, se unindo ao decepcionante desempenho de Andrea Petagna e de outros nomes importantes do meio para frente, como Patrick Ciurria e Gianluca Caprari, os jovens Stefan Lekovic, Arvid Brorsson e Tomás Palacios empilharam erros numa defesa que, mesmo armada por um dos maiores zagueiros que a Itália já teve e pontilhada por nomes experientes, como Armando Izzo, Luca Caldirola e Danilo D’Ambrosio, pareceu ser incapaz de passar ilesa num jogo contra um combinado de casados e solteiros.

Para além dos erros na avaliação de jogadores que chegaram para jogar e causaram empobrecimento do elenco, o Monza ainda buscou peças que, longe das melhores condições físicas, pouco contribuíram – Roberto Gagliardini, Stefano Sensi e Gaetano Castrovilli, juntos, entregaram somente 32 aparições. Por fim, os bagai foram perdendo referências técnicas com o passar dos meses. Ainda na metade inicial da temporada, o capitão Matteo Pessina sofreu uma lesão na parte posterior da coxa e não voltou mais a atuar em 2024-25, ao passo que o esforçado meia Warren Bondo, além de Milan Djuric e Daniel Maldini, duas das fontes de gols do Monza, foram negociados em janeiro. Como se salvar dessa forma?

Venezia

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Oristanio, do Venezia (Getty)

A campanha: 19ª colocação, 29 pontos. 5 vitórias, 14 empates e 19 derrotas. Rebaixado. No primeiro turno: 19ª posição, 14 pontos. Fora da Serie A: Eliminado nos 32-avos de final da Coppa Italia pelo Brescia. Ataque e defesa: 32 gols marcados (o terceiro pior) e 56 sofridos Time-base: Stankovic (Radu, Joronen); Idzes, Candé (Svoboda, Schingtienne), Haps (Sverko, Candela); Zampano (Zerbin), Pérez (Duncan, Doumbia), Busio, Nicolussi Caviglia, Ellertsson; Pohjanpalo (Yeboah, Gytkjaer), Oristanio. Artilheiros: Joel Pohjanpalo (6 gols), Hans Nicolussi Caviglia (4) e Gaetano Oristanio (3) Garçom: Gaetano Oristanio (3 assistências) Técnico: Eusebio Di Francesco Os destaques: Filip Stankovic, Ionut Radu e Hans Nicolussi Caviglia A decepção: Jesse Joronen A revelação: Issa Doumbia Quem mais jogou: Gaetano Oristanio (37 jogos), Mikael Egill Ellertsson (36), Jay Idzes (35) e Hans Nicolussi Caviglia (35) O sumido: Domen Crnigoj Melhor contratação: Filip Stankovic Pior contratação: Joël Schingtienne

Estaria Eusebio Di Francesco passando a sofrer com um estigma? Assim como foi pelo Frosinone, em 2023-24, o técnico fez o elenco mais modesto da Serie A praticar um bom futebol, flertou com uma permanência miraculosa e terminou rebaixado na última rodada. Um roteiro cruel e relativamente clichê. O fato é que salvar o Venezia teria sido uma façanha ainda maior do que aquela que o comandante quase obteve pelos canários.

Bem treinado, o time de DiFra chegou a engrossar o caldo contra equipes grandes, mas não ultrapassou o patamar de vender caro as suas derrotas ou de somar muitos empates – a rigor, só mesmo o triunfo sobre a Fiorentina representou algo muito fora do script para os lagunari. Com a falta de triunfos e o constante adiamento de um desejado salto que pudesse representar uma injeção de ânimo no elenco, os arancioneroverdi ficaram fora da zona de descenso por apenas três rodadas. Uma delas foi a antepenúltima, quando as esperanças de permanência do Venezia se reacenderam por pouquíssimo tempo.

A ineficiência do ataque foi a grande razão para o rebaixamento do time vêneto. Ofensivamente o Venezia não produzia muito, e isso piorou depois que a diretoria aceitou vender o artilheiro Joel Pohjanpalo ao Palermo, da Serie B, em janeiro. Os leões alados até criavam, mas Christian Gytkjaer e Daniel Fila não aproveitavam – e Gaetano Oristanio, John Yeboah e Alessio Zerbin, apesar de bons momentos, não têm verve goleadora; não à toa, a vice-artilharia ficou com Hans Nicolussi Caviglia, especialista em bolas paradas. Defensivamente, os lagunari se portaram bem e viram Jay Idzes se destacar. Também acertaram muito nos goleiros: depois da brutal e inexplicável queda de desempenho do bom Jesse Joronen, Filip Stankovic (que se machucaria no returno) e o anteriormente contestado Ionut Radu, ambos formados na Inter, empilharam grandes atuações. Se tivesse dependido apenas do trio, estaríamos aqui falando sobre a concretização do milagre de Di Francesco.

Empoli

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Esposito, do Empoli (Getty)

A campanha: 18ª colocação, 31 pontos. 6 vitórias, 13 empates e 19 derrotas. Rebaixado. No primeiro turno: 13ª posição, 20 pontos. Fora da Serie A: Eliminado nas semifinais da Coppa Italia pelo Bologna. Ataque e defesa: 33 gols marcados e 59 sofridos (a terceira pior) Time-base: Vásquez; Goglichidze, Ismajli (Marianucci), Viti; Gyasi, Henderson (Anjorin), Grassi (Maleh), Pezzella; Esposito, Cacace (Fazzini); Colombo. Artilheiros: Sebastiano Esposito (8 gols), Lorenzo Colombo (6) e Jacopo Fazzini (4) Garçons: Liberato Cacace e Liam Henderson (4 assistências) Técnico: Roberto D’Aversa Os destaques: Sebastiano Esposito, Lorenzo Colombo e Jacopo Fazzini A decepção: Christian Kouamé A revelação: Luca Marianucci Quem mais jogou: Lorenzo Colombo (37 jogos), Emmanuel Gyasi (37) e Liam Henderson (36) O sumido: Tyronne Ebuehi Melhor contratação: Sebastiano Esposito Pior contratação: Junior Sambia

De potencial surpresa a pedra cantada. O Empoli impressionou ao chegar de maneira inédita em sua história às semifinais da Coppa Italia e também por ter feito um início de campeonato bem acima das expectativas – bateu a Roma e somou empates com Bologna, Juventus e Fiorentina nas seis rodadas inaugurais. Os azzurri chegaram a passar um tempinho na 10ª posição na reta final do primeiro turno, mas a forte queda de desempenho fez com que o rebaixamento, tido como provável antes do começo da Serie A, fosse sacramentado na última jornada. O presidente Fabrizio Corsi lamentou a queda após quatro anos na elite, mas também afirmou que o descenso está “dentro da normalidade”, considerando a trajetória oscilante do clube.

O ditado brasileiro sobre o jabuti em cima da árvore é o retrato que ilustra perfeitamente o Empoli da boa metade inicial de temporada: ninguém sabia como o time azzurro se encontrava na parte superior da tabela. Roberto D’Aversa havia montado um time defensivamente organizado e formado por jogadores muito disponíveis e aplicados taticamente, que tentavam fazer a preparação física se sobrepor à escassez técnica. Durou pouco, porém.

Já no fim do primeiro turno, os estratagemas de D’Aversa ficaram mais fáceis de serem desvendados, a preparação física do Empoli já não era suficiente para enfrentar os rivais mais fortes e, para piorar, a fonte secou no ataque, que já era muito improdutivo e dependente de seus dois titulares – o artilheiro Sebastiano Esposito marcou pela última vez na 21ª rodada e Lorenzo Colombo atravessou um jejum que durou da 22ª à 37ª. Assim, os azzurri passaram 20 partidas sem vitórias (mais do que metade do campeonato) e despencaram na tabela. As vitórias sobre Parma e Monza, no finalzinho da Serie A, serviram apenas como ilusões de que o time, que havia entrado no Z3 na 26ª jornada e não parecia mais ter forças para sair de lá.

Lecce

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Krstovic, do Lecce (Getty)

A campanha: 17ª colocação, 34 pontos. 8 vitórias, 10 empates e 20 derrotas. No primeiro turno: 17ª posição, 17 pontos. Fora da Serie A: Eliminado nos 16-avos de final pelo Sassuolo. Ataque e defesa: 27 gols marcados (o pior) e 58 sofridos Time-base: Falcone; Guilbert, Gaspar (Jean), Baschirotto, Gallo; Ramadani (Pierret), Coulibaly; Pierotti (Dorgu), Helgason (Rafia), Morente (Rebic); Krstovic. Artilheiros: Nikola Krstovic (11 gols), Santiago Pierotti (4), Tete Morente (3) e Patrick Dorgu (3) Garçom: Nikola Krstovic (5 assistências) Técnicos: Luca Gotti (até a 12ª rodada) e Marco Giampaolo (a partir da 13ª) Os destaques: Nikola Krstovic, Wladimiro Falcone e Kialonda Gaspar A decepção: Antonino Gallo A revelação: Danilo Veiga Quem mais jogou: Wladimiro Falcone (38 jogos), Federico Baschirotto (38) e Lassana Coulibaly (38) O sumido: Nicola Sansone Melhor contratação: Kialonda Gaspar Pior contratação: Andy Pelmard

Precisava de tanto perrengue? O Lecce entrou na Serie A pensando só em se salvar do rebaixamento, como em quase todos os anos, mas seu elenco parecia suficientemente gabaritado para não sofrer até o fim. Ledo engano. O começo negativo e os desgastes na relação com Luca Gotti levaram os salentinos até mesmo à lanterna em duas rodadas. Depois, nem mesmo os meses iniciais do trabalho de Marco Giampaolo, que indicaram recuperação, bastaram para que o time obtivesse tranquilidade antecipada: após outra queda de rendimento, só as vitórias nos dois últimos compromissos fizeram a permanência ser garantida no apagar das luzes. O fato é que o descenso cheiraria a uma sentença muito pesada para uma equipe que, embora jamais tenha ido além do 13º lugar, passou somente oito rodadas entre as três piores do campeonato.

O Lecce teve a organização defensiva como sua principal força, apesar de ter sofrido goleadas de Atalanta, Cagliari, Inter e Roma, sem falar no 6 a 0 aplicado pela Fiorentina em pleno Via del Mare. De resto, os giallorossi somaram 24 jogos sofrendo no máximo um gol, obtendo 10 clean sheets – um número bastante razoável para um time que se contenta apenas com a permanência na elite. Não por acaso, o goleiro Wladimiro Falcone, o volante Lassana Coulibaly e os zagueiros Kialonda Gaspar e Federico Baschirotto integraram a lista de destaques da equipe apuliana.

Em contrapartida, a improdutividade do ataque se impôs, principalmente após a venda do agudo Patrick Dorgu ao Manchester United. A verdade é que escapar do descenso com apenas 27 gols marcados em 38 partidas tem que ser encarado como uma verdadeira façanha. Por essas e por outras, é necessário frisar quão importante o potente Nikola Krstovic foi para a trajetória dos giallorossi: na melhor de suas temporadas na Serie A, o montenegrino guardou 11 bolas nas redes, chegando ao duplo dígito no quesito pela primeira vez desde que chegou à Itália. O camisa 9 participou de 16 tentos, mais da metade dos anotados por seu time, e já tem status de herói na cidade localizada no salto da Bota.

Parma

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Suzuki, do Parma (Getty)

A campanha: 16ª colocação, 36 pontos. 7 vitórias, 15 empates e 16 derrotas. No primeiro turno: 15ª posição, 19 pontos. Fora da Serie A: Eliminado nos 32-avos de final da Coppa Italia pelo Palermo. Ataque e defesa: 44 gols marcados e 58 sofridos Time-base: Suzuki; Leoni (Hainaut), Balogh, Valenti (Vogliacco); Delprato (Almqvist), Sohm, Keita (Hernani), Bernabé (Mihaila), Valeri (Coulibaly); Bonny, Man (Cancellieri, Pellegrino). Artilheiros: Ange-Yoan Bonny (6 gols), Jacob Ondrejka (5), Dennis Man (4) e Simon Sohm (4) Garçom: Emanuele Valeri (6 assistências) Técnicos: Fabio Pecchia (até a 25ª rodada) e Cristian Chivu (a partir da 26ª) Os destaques: Zion Suzuki, Ange-Yoan Bonny e Adrian Bernabé A decepção: Valentin Mihaila A revelação: Giovanni Leoni Quem mais jogou: Zion Suzuki (37 jogos), Ange-Yoan Bonny (37) e Simon Sohm (37) O sumido: Yordan Osorio Melhor contratação: Zion Suzuki Pior contratação: Mathias Løvik

Apesar de um ano de oscilações, o Parma conseguiu se manter na Serie A. Em muitos momentos da campanha, ficou a impressão que os crociati não sofreriam para atingirem seu objetivo, mas sequências de resultados ruins acenderam o sinal de alerta e fizeram o time emiliano suar mais do que o previsto para atingir uma permanência merecida.

A temporada do Parma foi dividida em duas fases, uma com o comando de Fabio Pecchia e outra sob as ordens de Cristian Chivu. Os dois períodos tiveram semelhanças e diferenças. Dentre os pontos de confluência, destacamos o fato de os crociati sempre terem engrossado o caldo para adversários mais fortes: o treinador italiano bateu o Milan e tirou pontos de Bologna, Fiorentina e Juventus, enquanto o romeno arrancou empates de Fiorentina, Inter, Lazio e Napoli, além de ter superado Atalanta, Bologna e Juve. Em seu primeiro trabalho no comando de um time de adultos, o ex-defensor ainda engatou uma sequência de sete rodadas de invencibilidade que foi fundamental para a permanência gialloblù.

Na primeira fase da temporada, na gestão de Pecchia, os crociati alternaram entre o 4-2-3-1 e o 4-3-3, jogando com menos preocupações defensivas – o que acabou levando a uma sequência negativa, com apenas uma vitória, sobre o fraquíssimo Monza, em 11 rodadas. Chivu assumiu, passou a usar o 3-5-2 como base e melhorou os números da retaguarda, que sofreu apenas 13 gols em 13 jornadas, acumulando cinco clean sheets. Para esse momento, foram fundamentais os desempenhos de Giovanni Leoni, que ganhou mais oportunidades com o romeno, e também os de Zion Suzuki e Enrico Delprato, que tiveram um ano bastante consistente – tal qual Adrian Bernabé, Ange-Yoan Bonny, Emanuele Valeri e Simon Sohm, pilares dos ducali. Vale destacar também como o novo treinador soube inserir rapidamente Jacob Ondrejka e Mateo Pellegrino, reforços provenientes do exterior que chegaram no inverno e anotaram tentos importantes para a permanência parmense.

Cagliari

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Mina, do Cagliari (Getty)

A campanha: 15ª colocação, 36 pontos. 9 vitórias, 9 empates e 20 derrotas. No primeiro turno: 18ª posição, 17 pontos. Fora da Serie A: Eliminado nas oitavas de final da Coppa Italia pela Juventus. Ataque e defesa: 40 gols marcados e 56 sofridos Time-base: Caprile (Scuffet); Zappa, Mina, Luperto; Zortea, Deiola (Marin), Adopo, Makoumbou (Palomino, Obert), Augello; Luvumbo (Viola), Piccoli. Artilheiros: Roberto Piccoli (10 gols), Nadir Zortea (6), Razvan Marin (3) e Nicolas Viola (3) Garçom: Tommaso Augello (7 assistências) Técnico: Davide Nicola Os destaques: Yerry Mina, Roberto Piccoli e Sebastiano Luperto A decepção: Matteo Prati A revelação: Giuseppe Ciocci Quem mais jogou: Tommaso Augello (38 jogos), Sebastiano Luperto (37) e Roberto Piccoli (37) O sumido: Jakub Jankto Melhor contratação: Roberto Piccoli Pior contratação: José Luis Palomino

Davide Nicola recebeu mais uma missão e a cumpriu com louvor, mas não permanecerá na Sardenha para 2025-26 por incompreensões com a diretoria. O técnico não recebeu dos cartolas a garantia de que teria condições de trabalho iguais ou melhores e nem de que o clube lhe atenderia com reforços mais experientes. Ao contrário, o presidente Tommaso Giulini não gostou do fato de o técnico não ter utilizado alguns jovens com bom potencial de revenda, como Adam Obert, Matteo Prati e Gianluca Gaetano.

O fato é que a campanha deu razão a Nicola, que fez bom uso dos reforços – Sebastiano Luperto, Nadir Zortea e Roberto Piccoli, por exemplo, tiveram muita influência no time montado pelo treinador. Sem dogmas, o comandante buscou se moldar aos adversários a cada partida e, assim, não se prendeu a nenhum esquema tático. O treinador flutuou entre sistemas com três ou quatro defensores, mas privilegiou o 3-5-2 e o 4-4-1-1. Em ambos os sistemas, Zortea e Tommaso Augello eram potencializados e o jogo pelos lados também contribuía para que Piccoli, no jogo aéreo, se sobressaísse. Metade dos gols do centroavante foram marcados através de cabeçadas.

Durante a temporada, os zagueiros Luperto e Yerry Mina também se destacaram bastante – aliás, o colombiano, ex-Palmeiras, viveu seu melhor ano no futebol europeu. Os dois sustentaram o Cagliari mesmo durante os momentos mais difíceis da trajetória dos sardos, no primeiro turno, quando os rossoblù somaram apenas quatro vitórias e chegaram até a passar pela zona de rebaixamento. O returno foi mais consistente e o objetivo mínimo traçado para 2024-25 foi atingido sem que o time somasse derrotas contra adversários diretos na luta pela permanência.

Verona

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Tengstedt, do Verona (Getty)

A campanha: 14ª colocação, 37 pontos. 10 vitórias, 7 empates e 21 derrotas. No primeiro turno: 14ª posição, 19 pontos. Fora da Serie A: Eliminado nos 32-avos de final da Coppa Italia pelo Cesena. Ataque e defesa: 34 gols marcados e 66 sofridos (a segunda pior) Time-base: Montipò; Ghilardi (Magnani), Dawidowicz (Daniliuc, Valentini), Coppola; Tchatchoua, Serdar (Belahyane), Duda, Bradaric (Lazovic); Suslov, Sarr (Livramento, Kastanos); Tengstedt (Mosquera). Artilheiros: Casper Tengstedt (6 gols), Daniel Mosquera (5) e Amin Sarr (4) Garçons: Darko Lazovic, Ondrej Duda e Jackson Tchatchoua (3 assistências) Técnico: Paolo Zanetti Os destaques: Casper Tengstedt, Ondrej Duda e Jackson Tchatchoua A decepção: Tomás Suslov A revelação: Daniele Ghilardi Quem mais jogou: Lorenzo Montipò (36 jogos), Jackson Tchatchoua (36) e Daniel Mosquera (35) O sumido: Luan Patrick Melhor contratação: Casper Tengstedt Pior contratação: Cheikh Niasse

Na temporada em que Maurizio Setti encerrou sua gestão de quase 13 anos na presidência do Verona ao vender o clube para o grupo norte-americano Presidio Investors, o desfecho da campanha na Serie A foi relativamente satisfatório para os gialloblù. Apesar de a defesa ter sido uma peneira e de o time não ter conseguido se descolar da zona de rebaixamento por todo o campeonato e só ter garantido sua permanência na última rodada, apenas em duas ocasiões o Hellas ocupou um dos três últimos lugares da classificação. A possibilidade de descenso jamais foi considerada uma fortíssima ameaça no Vêneto, embora a equipe tenha ficado devendo em nível de atuação.

Assim como em outros anos, o Verona precisou lidar com uma mudança no comando e com uma relativa reformulação em seu elenco. Paolo Zanetti não conseguiu ir tão bem quanto Marco Baroni, seu antecessor, e até demorou de achar o time ideal. Diante de várias contratações, muitas apostas e falta de garantias, rodou bastante o elenco e deixou várias peças encostadas – sete reforços, incluindo o brasileiro Luan Patrick, que sequer entrou em campo, atuaram por menos de 90 minutos em 2024-25. Nesse contexto, utilizou mais esquemas com linhas de três defensores, alternando eventualmente para módulos com quatro na retaguarda.

Sem brilho, até porque Tomás Suslov, um dos destaques do elenco, não fez um grande campeonato, o Verona oscilou entre vexames e grandes resultados. Por um lado, foi um dos três times derrotados pelo horroroso Monza (levou 3 a 0 em casa) e, além de ter sido goleado no Marcantonio Bentegodi pelo Empoli, também acabou sendo humilhado em seus domínios por Atalanta (que ainda lhe aplicaria seis em Bérgamo) e Inter. Em contrapartida, conseguiu ganhar de Bologna, Fiorentina, Napoli e Roma. No fim das contas, se a campanha na temporada que marcou a celebração das quatro décadas da conquista do seu único scudetto não foi inesquecível, ao menos serviu para sacramentar um período de seis anos consecutivos na elite. Uma sequência inferior apenas à vigente de 1982 até 1990, na era de ouro vivida pelos butei.

Genoa

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Pinamonti, do Genoa (Getty)

A campanha: 13ª colocação, 43 pontos. 10 vitórias, 13 empates e 15 derrotas. No primeiro turno: 12ª posição, 20 pontos. Fora da Serie A: Eliminado nos 16-avos de final da Coppa Italia pela Sampdoria. Ataque e defesa: 37 gols marcados e 49 sofridos Time-base: Leali; Sabelli, De Winter (Bani), Vásquez, Martín; Frendrup, Badelj (Masini); Zanoli (Thorsby, Norton-Cuffy), Miretti (Junior Messias), Vitinha (Ekhator); Pinamonti. Artilheiros: Andrea Pinamonti (10 gols), Fabio Miretti (3), Koni De Winter (4) e Johan Vásquez (3) Garçom: Aarón Martín (8 assistências) Técnicos: Alberto Gilardino (até a 12ª rodada) e Patrick Vieira (a partir da 13ª) Os destaques: Andrea Pinamonti, Aarón Martín e Johan Vásquez A decepção: Maxwel Cornet A revelação: Lorenzo Venturino Quem mais jogou: Andrea Pinamonti (36 jogos), Aarón Martín (36) e Johan Vásquez (36) O sumido: Mario Balotelli Melhor contratação: Andrea Pinamonti Pior contratação: Mario Balotelli

Nada além do esperado: o Genoa foi um time montado para não correr riscos de ser rebaixado e, ao mesmo tempo, não tinha condições de superar o meio da tabela e brigar por vaga em competições europeias. Foi exatamente o que ocorreu num ano sem emoções ou resultados dignos de nota. Em 2024-25, a única vitória dos grifoni sobre um adversário da parte superior da tabela foi na última rodada, contra o Bologna, num duelo que servia apenas para cumprir tabela. Até a grande alegria dos rossoblù foi anulada, ao menos por enquanto: o inédito rebaixamento da Sampdoria à Serie C, que foi cancelado por uma punição ao Brescia, que tomou o lugar dos blucerchiati. A Samp, que inclusive eliminou o rival na Coppa Italia, disputará o playout com a Salernitana.

A temporada não começou bem para o Genoa, que somou apenas duas vitórias nas 12 primeiras rodadas e chegou até a segurar a lanterna por um fim de semana. O técnico Alberto Gilardino, que vinha fazendo um bom trabalho desde dezembro de 2022, acabou demitido quando o time estava na 17ª posição e até se imaginou que faltou paciência da diretoria. Não foi bem o caso: além de alguns desgastes internos, o que motivou a troca foi a iminente passagem de propriedade. Em dezembro, o empresário romeno Dan Sucu, também dono do Rapid Bucareste, comprou 77% das ações do clube e transformou a nebulosa 777 Partners – que até fazia uma boa gestão na Ligúria – ao posto de acionista minoritária.

Sob nova direção nos bastidores e comandado à beira do campo pelo francês Patrick Vieira, o Genoa lidou bem com a séria lesão de Ruslan Malinovskyi e os recorrentes problemas físicoa de Junior Messias, encontrando novos protagonistas, como o bom lateral Aarón Martín, e lançando jovens, como Honest Ahanor, Lior Kassa, Lorenzo Venturino e Jeff Ekhator. Até mesmo Fabio Miretti, que vinha em baixa após ser descartado pela Juventus, reencontrou seu bom futebol ao atuar mais avançado no campo, tal qual Alessandro Zanoli. Vale destacar ainda que Andrea Pinamonti atingiu o duplo dígito em gols na Serie A pela terceira vez na carreira e alcançou a marca de 50 tentos pelo certame.

Udinese

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Lucca, da Udinese (Getty)

A campanha: 12ª colocação, 44 pontos. 12 vitórias, 8 empates e 18 derrotas. No primeiro turno: 9ª posição, 25 pontos. Fora da Serie A: Eliminada nas oitavas de final da Coppa Italia pela Inter. Ataque e defesa: 41 gols marcados e 56 sofridos Time-base: Okoye (Sava); Kristensen (Giannetti), Bijol, Solet (Touré); Ehizibue, Ekkelenkamp (Payero, Zarraga), Lovric (Atta), Karlström, Kamara (Zemura); Thauvin (Davis), Lucca. Artilheiros: Lorenzo Lucca (12 gols), Florian Thauvin (8) e Jurgen Ekkelenkamp (3) Garçom: Hassane Kamara (4 assistências) Técnico: Kosta Runjaic Os destaques: Lorenzo Lucca, Oumar Solet e Jaka Bijol A decepção: Thomas Kristensen A revelação: Arthur Atta Quem mais jogou: Jesper Karlström (37 jogos), Sandi Lovric (36), Jaka Bijol (34) e Jurgen Ekkelenkamp (34) O sumido: Brenner Melhor contratação: Oumar Solet Pior contratação: Alexis Sánchez

Naquele que deve ter sido o último dos 39 anos de gestão da família Pozzo à frente da Udinese, já que está bem encaminhada a venda da agremiação a um fundo de investimentos norte-americano, paz. A diretoria venceu a aposta no técnico alemão Kosta Runjaic, que jamais havia trabalhado na Itália, e viu a equipe não correr nenhum risco de descenso – ao contrário do que ocorreu em 2023-24, com a salvação obtida somente na última rodada.

Os friulanos chegaram até a liderar a Serie A por uma rodada, na reta inicial da temporada, mas depois voltaram à sua realidade – o que incluiu três sequências grandes sem triunfos da 10ª jornada em diante, sendo duas de cinco partidas e uma de sete. Ainda assim, nada que comprometesse seriamente o desfecho de sua campanha. O que ocorreu foi uma pequena queda, que tirou a Udinese da metade superior da tabela, onde esteve por 29 jogos, sendo um turno inteirinho entre a nona e a décima posição.

No bom percurso comandado por Runjaic, a Udinese atuou com uma linha de defesa formada por três peças na maior parte da reta inicial da temporada e com quatro homens em grande pedaço do returno. O que não mudou no setor foi a importância do esloveno Jaka Bijol, que ganhou a boa companhia de Oumar Solet a partir de janeiro. A dupla atrai o interesse de clubes maiores, assim como o articulador Jurgen Ekkelenkamp e o grandalhão Lorenzo Lucca, que intensificou a parceria frutífera com Florian Thauvin em 2024-25. O bom desempenho dos dois fez com que a torcida sequer lamentasse o péssimo desempenho dos outros nomes do ataque presentes no elenco, como o ídolo Alexis Sánchez.

Torino

Imagem do artigo:Retrospectiva da Serie A, parte 1: um 2024-25 opaco ratificou a pobreza de gestão do Torino

Ricci, do Torino (Getty)

A campanha: 11ª colocação, 44 pontos. 10 vitórias, 14 empates e 14 derrotas. No primeiro turno: 11ª posição, 21 pontos. Fora da Serie A: Eliminado nos 16-avos de final da Coppa Italia pelo Empoli. Ataque e defesa: 39 gols marcados e 45 sofridos Time-base: Milinkovic-Savic; Maripán, Masina (Walukiewicz), Coco); Lazaro (Pedersen), Gineitis (Casadei), Ricci, Linetty (Elmas), Sosa (Biraghi, Vojvoda); Vlasic (Sanabria, Karamoh), Adams. Artilheiros: Ché Adams (9 gols), Nikola Vlasic (5) e Elif Elmas (4) Garçom: Valentino Lazaro (6 assistências) Técnico: Paolo Vanoli Os destaques: Vanja Milinkovic-Savic, Ché Adams e Samuele Ricci A decepção: Karol Linetty A revelação: Alieu Njie Quem mais jogou: Vanja Milinkovic-Savic (37 jogos), Ché Adams (36) e Samuele Ricci (34) O sumido: Adrien Tameze Melhor contratação: Ché Adams Pior contratação: Amine Salama

No lado grená de Turim, o ano foi de mais protestos contra a gestão de Urbano Cairo – que já dura mais de duas décadas e é a mais longa da história do Torino. A torcida já não suporta mais a falta de ambição e os investimentos pouco assertivos do cartola, que é dono do grupo RCS, controlador dos jornais Corriere della Sera, Gazzetta dello Sport e Marca, além de responsável pela organização do Giro d’Italia, uma das mais tradicionais competições de ciclismo de estrada do mundo.

Não falta dinheiro ao empresário. Aliás, o Toro teve a sétima maior folha salarial da última Serie A, superando as de Fiorentina, Atalanta e Bologna. Os gastos dos piemonteses com atletas é 50% maior do que o dos bolonheses, por exemplo. E, ainda que invistam menos recursos, todos esses outros times disputaram torneios europeus, ganharam títulos ou chegaram a finais recentemente. É isso que a torcida do Torino pede: ambição, competência e competitividade. Há mais de 30 anos o clube não joga decisões ou levanta taças. A participação mais recente numa fase principal de copa continental (a Liga Europa, no caso) ocorreu há uma década.

Em 2024-25, a lesão do goleador Duván Zapata, ainda no início do campeonato, atrapalhou os planos, é verdade. Mas a diretoria granata sequer foi ao mercado de inverno buscar uma alternativa decente a Ché Adams e Antonio Sanabria: contratou o inexpressivo Amine Salama, que foi relacionado para apenas quatro partidas e nem saiu do banco. Paolo Vanoli até recebeu outros bons reforços ao longo da temporada (como Saúl Coco, Cesare Casadei e Elif Elmas), mas não foi capaz de mudar o panorama a partir de pequenas alterações táticas – deixou de lado a base em 3-5-2 e passou a testar linhas de quatro, em 4-2-3-1 e 4-3-2-1, mas com movimentos similares ao esquema anterior. Assim, o fato de o time ter ocupado a liderança isolada da Serie A pela primeira vez em 47 anos, na 5ª rodada, teve ares de miragem para a torcida do Torino. Que deve continuar a sofrer na próxima campanha. Afinal, é dada como certa a saída do capitão Samuele Ricci e é possível que outros pilares do elenco sejam negociados.

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