Homenagem à lenda: Conheça o tamanho da paixão de Federer pelo futebol e, sobretudo, pelo Basel | OneFootball

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·15 de setembro de 2022

Homenagem à lenda: Conheça o tamanho da paixão de Federer pelo futebol e, sobretudo, pelo Basel

Imagem do artigo:Homenagem à lenda: Conheça o tamanho da paixão de Federer pelo futebol e, sobretudo, pelo Basel

*Texto publicado originalmente em julho de 2017 e resgatado diante da aposentadoria de Federer

Quando Roger Federer fechou a campanha estupenda no All England Club e conquistou o oitavo (e último) título na grama sagrada de Wimbledon, o 19° Grand Slam dos 20 que faturou na carreira, a mensagem de congratulações soou natural. O Basel aproveitou suas redes sociais para saudar o torcedor ilustre. Afinal, não são todos os clubes que podem encher a boca para dizer que contam com um dos maiores esportistas de todos os tempos em suas arquibancadas. E, com todo respeito aos Rot-Blau, este é um caso no qual o fanático engrandece o clube, pois é muito maior para a história do esporte do que a camisa que veste. Não é isso, porém, que impede o gênio de exibir sua paixão pelo time de coração.


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Nascido na Basileia, Federer foi arrebatado pelo futebol quando tinha nove anos. Ele estava de férias com a família na Itália durante a Copa de 1990 e sentiu de perto toda a empolgação com o torneio. “Eu me lembro do país inteiro enlouquecendo, principalmente quando a Itália jogava. Depois que eles perderam para a Argentina na semifinal, também me lembro de ver as pessoas chorando nas ruas. Eu amava assistir aos grandes torneios, como a Copa e a Champions. Penso que o Mundial da Itália teve grande impacto sobre mim, porque eu passei a sempre torcer pela Itália e pela Alemanha depois daquilo. Meus heróis eram italianos. Amava Roberto Baggio e Schillaci, embora depois meus jogadores preferidos fossem Ronaldo, Figo e Zidane”, apontou à FourFourTwo, em 2008, às vésperas da abertura da Eurocopa na Áustria e na Suíça – da qual foi embaixador.

Durante a infância, Federer gostava de bater sua bolinha, e não apenas a menor. Ele atuou nas categorias de base do Concordia Basel, clube que disputa as divisões regionais do Campeonato Suíço. Era adversário de Marco Chiudinelli, que se transformaria em de seus grandes amigos no tênis, campeões da Copa Davis com a Suíça em 2014. Enquanto Federer jogava como atacante, Chiudinelli era líbero do Basel. Travaram grandes batalhas. “Já não jogo futebol tantas vezes, jogava mais antes. Mas o futebol segue sendo um dos meus esportes favoritos, para jogar e aproveitar. Se digo que meu sonho era ganhar Wimbledon, devo agregar que o segundo era anotar o gol em uma final de Copa do Mundo”, afirmou, em entrevista ao Olé, em 2012.

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Até mesmo na escola, Federer era visto como um jogador de futebol em potencial. Ele passou pelo Colégio Neuewelt, onde haviam estudado antes Murat e Hakan Yakin, futuros ídolos do Basel – Murat virou o atual treinador da seleção. É como conta Teresa Fischbacher, professora do tenista durante o primário, na biografia assinada por Chris Bowers: “Eu estava convencida que ele se tornaria um jogador de futebol. Dificilmente você o via sem uma bola nos pés e ele costumava dizer que gostaria de ser um jogador profissional. Por um bom tempo, eu não tinha ideia que ele jogava tênis e, quando descobri, pensava que era uma atividade secundária, por causa da paixão dele pelo futebol. Eu tenho que admitir que ele era muito bom, não seria surpresa para mim se ele virasse mesmo jogador de futebol”.

A escolha decisiva de Federer aconteceu quando ele tinha 12 anos. A agenda apertada no tênis exigia dedicação exclusiva. E, por mais que atuasse em um dos melhores clubes da cidade, em uma categoria acima de sua idade, o talento evidente com a raquete o levou a abandonar o futebol. “Eu acho que eu poderia ter me tornado um futebolista. Eu era um bom líder e acho que seria um bom capitão”, afirmou, à FourFourTwo. Quem realmente ficou feliz foi Seppli Kacovski, primeiro treinador da lenda nas quadras. “Eu pessoalmente estava convencido que ele escolheria o futebol, poderia ter chegado até à seleção. Eu só o vi duas vezes, mas ele marcou três gols nessas duas partidas. Em um deles, ele pegou a bola no próprio campo, driblou todo mundo por 60 metros e marcou. Apenas isso”, contou, na biografia do tenista. Existe até uma lenda de que Federer teria recebido uma proposta do Basel na época. Ele desmente, embora não esconda que realmente gostaria que fosse verdade.

A saída Federer do Concordia, enfim, permitiu que a paixão pelo Basel florescesse. “Foi apenas quando eu parei de jogar que eu comecei a torcer pelo Basel, mas agora eles significam muito para mim. Sempre acompanho os resultados quando estou viajando”, apontou, em 2008. A rotina de torneios e viagens não impede que ele apareça nas tribunas de vez em quando. Também se manifesta publicamente nas redes sociais, dando apoio ao time 20 vezes campeão nacional – por exemplo, em fevereiro de 2016, quando a final da Liga Europa aconteceria justamente no St. Jakob Park. Às vezes leva as cores do clube até para os treinos de tênis, como este cachecol deixa bem claro.

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O Federer torcedor, aliás, segue a classe vista nas quadras. Ele não gosta de se definir como um especialista, mas em qualquer entrevista sobre o futebol, mostra que entende do riscado e da realidade do Basel. “Sou um torcedor mais compreensivo do que impaciente. Passes ruins pertencem ao futebol, assim como no tênis erros que não foram forçados são normais”, declarou em 2013, ao Basler Zeitung, às vésperas do confronto com o Chelsea pela semifinal da Liga Europa. “Nós estamos pensando neste jogo contra o Chelsea como se fossemos criancinhas. Estou muito contente por ter conseguido os ingressos. A força toda está em acreditar no sucesso. Essa confiança em nossas próprias qualidades faz a diferença”.

Federer costuma apoiar o time em partidas importantes, como esta contra o Chelsea ou contra o Paris Saint-Germain, na fase de grupos da Liga dos Campeões de 2016/17. Uma história peculiar aconteceu na final da Copa da Suíça de 2015, quando o Basel perdeu para o Sion dentro do St. Jakob-Park. A decisão aconteceu no mesmo dia em que o amigo Stanislas Wawrinka enfrentava Novak Djokovic pelo título de Roland Garros. Pois Federer preferiu o estádio, ainda que tenha deixado o streaming do tênis no celular para acompanhar os lances no saibro. Prioridades.

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Além disso, Federer também chegou a participar de treinos pelo Basel, em 2004, mas apenas fazendo brincadeiras com a bola. Uma mostra suficiente para o antigo técnico dos Rot-Blau, Christian Gross, que atestou o talento caso ele quisesse seguir outro rumo. Em visitas ao Brasil e à Argentina em 2012, o tenista jogou um híbrido entre futebol e tênis. Em São Paulo, vestiu a camisa da Seleção e trocou passes na quadra com o alemão Tommy Haas. Já em Buenos Aires, dividiu a cancha da Bombonera com Juan Martín Del Potro, Esteban Cambiasso e Gabriel Batistuta – o atacante com quem mais gostava de jogar no PlayStation, “porque marcava muitos gols”.

Uma aparição marcante de Federer no St. Jakob Park aconteceu quando já se preparava ao oitavo título em Wimbledon, no começo de junho de 2017, durante a última rodada do Campeonato Suíço. O torcedor ilustre tinha entregado a taça em 2016 e voltou para participar dos festejos pelo octacampeonato nacional. A situação, além do mais, era especial. A partida marcava a despedida de Bernhard Heusler, emblemático presidente do clube. Federer não só integrou as homenagens no gramado, como também pegou o microfone, para agradecer ao dirigente. Aquele seria o título mais recente dos Rot-Blau na liga nacional.

Já nesta temporada, em agosto, Federer esteve no St. Jakob Park para acompanhar as preliminares da Conference League contra o CKSA Sofia. Comemorou a vitória na tribuna de honra e depois visitou os vestiários para cumprimentar os jogadores. O hábito poderá se tornar ainda mais frequente, com a aposentadoria. Alguns torcedores do Basel certamente sonham com a presença da lenda no alto comando dos Rot-Blau algum dia. E, dada a sua paixão, não é difícil imaginar que ao menos uma participação honorária aconteça no futuro próximo.

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