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·19 de agosto de 2024

Espanha, a força dominante do futebol: serão imparáveis?

Imagem do artigo:Espanha, a força dominante do futebol: serão imparáveis?

Portugal tem no seu currículo desportivo conquistas impressionantes, especialmente quando temos em conta as dimensões do país. Ainda assim, é difícil encher o peito de orgulho desmedido quando a única fronteira geográfica é com a principal referência futebolística da atualidade - a Espanha.

Falamos dos vencedores do último Campeonato da Europa, dos Jogos Olímpicos, da Nations League Feminina e do Euro Sub-19, enquanto a nível de clubes Real Madrid e Barcelona levantaram a última edição da Liga dos Campeões no masculino e no feminino, respetivamente. Podíamos continuar, mas, em jeito de introdução, preferimos cingir-nos às conquistas de 2024...


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Não é uma questão de inveja perante a galinha da vizinha, mas sim o reconhecimento de que esta produz ovos dourados como se nada fosse. A pergunta que se coloca é, no fundo, como foi possível criar uma cultura vencedora tão fértil?

Normalização da vitória - a nova filosofia

Nos últimos anos, as seleções espanholas nem tinham sido propriamente uma fonte de felicidade para nuestros hermanos. A alegria vinha principalmente do sucesso de vários clubes nas competições internacionais, enquanto a equipa nacional quebrava depois do sonho vivido entre 2008 e 2012. Nos últimos anos, tudo isso mudou.

Podemos desde logo falar da forma como a nova geração da roja conquistou a UEFA Nations League e um ano depois Euro 2024, riscaram por completo a ideia de jogo que deu tantas felicidades no passado.

Na estreia em prova (3-0 à Croácia), os espanhóis perderam em posse de bola (46-54) pela primeira vez em mais de uma década e... celebraram esse dado estatístico. Não foi visto como perda de identidade, mas sim como o inverter de um estereótipo indesejado. Menos tiki-taka e mais futebol direto, pediu abertamente De La Fuente, porque a cultura do futebol espanhol tinha de ser a vitória e não uma filosofia específica.

A isso chama-se de evolução, permitida pelo delineamento de planos claros e pela continuidade dos treinadores. E para ilustrar essa recente evolução no desporto do país, nada melhor do que o futebol feminino. É verdade, demorámos a tocar no assunto, mas não esquecemos que a Espanha celebrou no ano passado a conquista do Mundial Feminino, uma competição em que nunca tinha participado até 2015. Foi o primeiro título oficial de uma seleção que, como sabemos, não ficou por aí.

Desde a criação de escalões jovens, investimento em infraestrutura e promoção da modalidade, a revolução ainda durou alguns anos, mas não tantos quanto seria de esperar. Lucra o futebol, o país, e jovens como Salma Paralluelo, que com apenas 20 anos já tem no currículo um Mundial, duas Champions, Mundiais de Sub-20, Sub-17 e não só.

«Estamos a trabalhar bem e a ganhar tudo, é incrível ver o que temos feito. No fundo, estamos a normalizar a vitória», disse a própria numa entrevista à FIFA. Essa ideia de normalização da vitória é realmente o sumário perfeito do que se passa em Espanha.

Registo assombroso nas finais

«As finais não se jogam, ganham-se». É esta a nova frase favorita dos intervenientes em jogos decisivos, possivelmente alheios ao facto de que, bem ou mal, jogar é inevitável. Ainda assim, é uma boa expressão para explicar a mentalidade que as equipas espanholas levam para esse tipo de confrontos.

Desde 2001, quando o Alavés perdeu por 5-4 com o Liverpool numa memorável final da Taça UEFA, que nenhuma final internacional envolvendo equipas espanholas terminou com um vencedor de outro país. São já 23 vitórias em 23 finais no que toca a clubes espanhóis, que só sabem perder quando o jogo decisivo inclui duas formações da La Liga.

Até podíamos incluir a seleção espanhola, que nesse período venceu as quatro finais de Mundiais e Europeus em que participou, mas a existência da Liga das Nações estragaria o pleno - levantaram esse troféu em 2023, mas perderam a final em 2021 (1-2, frente à França). Mesmo assim, com tudo somado, 28 triunfos em 29 finais é um registo absolutamente devastador.

O Real Madrid domina na Liga dos Campeões e Sevilla faz o mesmo na Liga Europa, mas vai além disso. Também o Valencia, Atlético Madrid, Barcelona e Villarreal tiveram sucesso nas provas UEFA, demonstrando que essa cultura vencedora é transversal a tudo o que é espanhol.

«Esses resultados são uma consequência de vários fatores. É o trabalho desde as escolas até aos clubes, aliando o talento inato e a imaginação dos jogadores à competitividade dos clubes», explica Unai Emery, vencedor de quatro troféus da Liga Europa (em quatro finais, obviamente) entre Sevilla e Villarreal.

A tendência já se nota há alguns anos, mas atingiu o expoente máximo em 2024. Resta-nos esperar que o domínio espanhol desvaneça e, pelo caminho, aprender uma ou outra lição...

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