FNV Sports
·04 de agosto de 2020
Eis a questão: Intercontinental é Mundial?

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·04 de agosto de 2020
Se você curte futebol, e principalmente se você torce para algum time sabe muito bem da importância do “Título Mundial”. Mas o que é ser campeão mundial? Para os times da América do Sul conquistarem essa taça é preciso que vençam a Copa Libertadores da América, então no fim do ano esse time disputa o Mundial de Clubes. Porém o formato dessa competição é um pouco diferente ao de antigamente, que também possuía o nome de Copa Intercontinental.
Para começar, a Copa Intercontinental não abrangia os times de todo o mundo, para ser mais exato contava com os times de metade da América + os clubes da Europa, o que seria: CONMEBOL + UEFA. Se fosse para considerar como um campeonato mundial, seria preciso dar valor aos campeões do Afro-Asiático e Interamericana, como título de mesmo patamar. Seria como dizer que o Torneio Rio- São Paulo vale como título a nível nacional.
Diferentemente do anterior, o Mundial de Clubes abrange cinco continentes + país sede, ou seja: (América, Europa, Ásia, África e Oceania = 6 Confederações (CONMEBOL + UEFA + CONCACAF + CAF + AFC + OFC). Dessa maneira, nesse novo formato há um verdadeiro campeonato mundial ou Mundial de Clubes. Por fim vemos uma grande diferença na abrangência das competições.
Iniciada em 1960, a antiga Copa Europa-América do Sul, era disputada pelos clubes campeões da Copa dos Campeões da Europa (Atual Liga dos Campeões) e Taça Libertadores da América (Atual Copa Libertadores da América). Os jogos eram disputados pelo sistema de duas partidas, uma em cada país. Caso houvesse dois empates ou cada clube vencesse um jogo, uma terceira partida seria realizada.
Como dito anteriormente clubes das federações da América do Norte, da América Central, da Ásia, África e Oceania não eram convidados a jogar. Eventualmente, os clubes europeus se queixavam da forma violenta como os clubes, principalmente os argentinos, costumavam jogar as partidas em suas casas. Outro ponto de reclamação era com relação à segurança nos estádios, o que por várias vezes fez com que os Campeões da Europa desistissem de disputar o torneio.
Só para exemplificar a Copa Europa-América do Sul não foi disputada em 1975 e 1978 por falta de calendário, violência de alguns times, insegurança nos estádios e até falta de neutralidade de árbitros. Isso demonstrava uma total falta de profissionalismo e organização por parte dos líderes da competição. Mas o que uma boa grana não faz, não é? O futebol começou a virar um ótimo objeto de marketing, então iniciaram-se os patrocínios nesse meio.
Surgiu então o interesse da montadora japonesa Toyota, que pretendia abrir caminho para seus automóveis no mercado europeu e sul-americano. O patrocínio veio e a Copa Europa-América do Sul à partir de 1980, que passou a se chamar Copa Intercontinental-Copa Toyota. O formato também mudou, de modo que agradasse os dois lados envolvidos. Os dois campeões continentais disputariam apenas uma partida, que se terminasse empatada seria decidida nos pênaltis.
Os clubes brasileiros só começam a dar importância para esse modelo de campeonato mundial após 1981, quando o Flamengo se sagrou campeão, e maior relevância após o título do Grêmio em 1983. Logo depois a mídia passou a valorizar como um título mundial. Muito dinheiro passou a ser envolvido na competição, então surgiu o interesse da FIFA de fazer um torneio equivalente.
A entidade então, em 1998 criou o Mundial, e definiu como sede o Brasil. As cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo foram escolhidas para a realização dos jogos, e o torneio seria disputado em janeiro de 2000. O título ficou nas mãos do Corinthians, que participou na época como representante do país sede. Ainda existe muita discussão até hoje se esse título mundial do clube alvinegro é válido.
A Fifa fracassou em realizar o segundo torneio, em 2001. Um dos motivos foi a falência da empresa que patrocinaria o torneio. Outro foi o desinteresse de algumas federações da Europa, que não queriam bancar financeiramente o torneio. A segunda edição foi adiada para 2003, logo na sequência cancelada. Esse é um dos motivos para uma desvalorização do novo formato. Porém, à partir de 2004 não houveram mais cancelamentos e o torneio é disputado todos os anos.
De certo é uma discussão que provavelmente não terá uma conclusão, pois não é possível tomar uma decisão racional. Vai de clube para clube, de torcedor para torcedor. A paixão que move o futebol deixa essa discussão sadia no ar. Se seu time venceu a Copa Intercontinental, para você ele é campeão mundial. Isso é o que deixa esse esporte mais legal.
Reprodução/ Cássio Zirpolli/ Diário de Pernambuco