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·17 de julho de 2025

Conmebol desdenha do futebol feminino

Imagem do artigo:Conmebol desdenha do futebol feminino

A Conmebol mostra, na Copa América Feminina, como não organizar uma competição. O descaso com as jogadoras que participam do principal torneio da modalidade deixa claro o desdém da entidade para com o futebol feminino.

O torneio é realizado no Equador, e desde seu início apresenta uma série de problemas estruturais e organizacionais. Um deles foi escancarado ontem: antes de Brasil e Bolívia, as jogadoras tiveram de se aglomerar na mesma sala de aquecimento para fazerem exercícios de ativação muscular e alongamento antes do jogo. O motivo? Não é permitido o aquecimento no campo.


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Segundo a Conmebol, a proibição se dá como forma de "preservar" o gramado. A Copa América tem rodadas duplas, com dois jogos no mesmo estádio.

São apenas três palcos dos jogos: o estádio do Independiente del Valle recebe todos os dez jogos do grupo A; o estádio Gonzalo Pozo Ripalda é a casa de todos dez os jogos do grupo B; e o Casa Blanca receberá apenas os jogos de semifinal e final. Na fase de grupos, são dois jogos por noite em cada grupo, em estádios divididos.

A falta de um espaço adequado para aquecimento, alongamento e ativação muscular já resultou em problemas físicos, algo que o técnico do Brasil, Artur Elias, chamou a atenção em coletiva.

"A Kerolin era titular, mas também teve um incômodo no dia do jogo. Estamos em uma competição que as seleções não aquecem no campo, não podemos nem aquecer as reservas. Nessa circunstância, não tinha como avaliar. Foi um cuidado com uma jogadora que vem muito bem e tem um histórico de lesão", contestou.

No dia a dia da competição, as atletas enfrentam outros problemas que expõem o descaso da Conmebol com o torneio. As seleções, por exemplo, dividem o mesmo espaço para treinamento, o que também gera incômodo.

A atacante Ary Borges, em entrevista para o Sportv, não poupou críticas para a Conmebol, definindo que "até jogos de várzea são mais organizados".

"Pergunta para o Alejandro (presidente da Conmebol) se ele conseguiria aquecer dentro de um espaço de 5, 10 metros e com cheiro de tinta. Acho que a gente teve o exemplo da Copa América Masculina, com uma estrutura enorme. Por que a feminina está tendo esse tipo de coisa? A gente ter que dividir um espaço de 10/15 metros quadrados para aquecer. É algo que fica o questionamento para ele, como presidente. Acho que a gente merece coisa melhor", comentou.

A Rainha Marta, que joga sua última Copa América, endossou o coro. "Não entendo o motivo de não poder aquecer no campo. Isso ainda é ruim para gente porque aqui é muito abafado, tem a altitude. Torcemos para que a Conmebol reverta algumas coisas e melhore".

As dificuldades logísticas e estruturas refletem na qualidade do jogo. "Temos visto muitos erros de passe das equipes, especialmente no primeiro tempo. Acho que influencia muito (a falta de estrutura)", comentou Artur Elias.

Disputada de quatro em quatro anos desde 2006, a Copa América Feminina parou no tempo. Abandonada pela Conmebol, teve um investimento infinitamente inferior que a competição masculina.

Se a Copa América disputada nos Estados Unidos ano passado teve um investimento superior a 180 milhões de dólares, segundo a própria Conmebol, a feminina deste ano, em Quito, recebeu um aporte de 800 mil dólares. Campeã no masculino, a Argentina recebeu 16 milhões de dólares em premiação. A campeã feminina ganhará 1,5 milhão.

Também diferente da masculina, a Copa América Feminina não tem VAR na primeira fase, com a tecnologia só aparecendo nas fases finais do torneio. Equidade esportiva está longe de ser relevante para a Conmebol...

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