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·13 de julho de 2021

Do brilho ao ocaso: como foi o Renato Gaúcho jogador do Flamengo

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Renato Gaúcho retornou ao Flamengo pela quinta vez em sua vida, a primeira delas agora como treinador de futebol. O novo comandante substitui o lugar deixado pelo demitido Rogério Ceni e já tem pela frente mata-mata de Libertadores, da Copa do Brasil, além da missão de defender o título no Brasileirão. A história do Renato treinador é marcada por sucesso no Grêmio e o que vai acontecer agora no Rubro-Negro só o tempo vai dizer. Como jogador de futebol, contudo, o roteiro de Renato pelo Flamengo já foi escrito.

Depois de ganhar tudo o que era possível com a camisa do Grêmio, entre 1981 e 1986, Renato chegou ao Flamengo no início do ano seguinte. Para contar com o ponta, já conhecido pelos dribles e gols decisivos e pela irreverência, o clube carioca venceu a disputa contra o Corinthians e – pode acreditar! – Internacional, além do futebol italiano. Para tal, a vontade do então atacante foi primordial dentro da parte que lhe cabia no acerto (em uma época em que ainda vigorava a Lei do Passe). E a curiosidade é que o discurso que usou em sua chegada, naquele início de 1987, foi basicamente idêntico ao que pronunciou, décadas depois, agora em sua primeira entrevista como treinador flamenguista.


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"Quem me conhece sabe que sempre sonhei jogar pelo Flamengo. Penso nisso desde que me entendo como jogador de futebol. Isso aqui não é um clube, é uma seleção brasileira", disse Renato em falas publicadas na edição do jornal O Globo de 30 de janeiro de 1987. "A minha vontade de ficar na Gávea era tamanha que facilitei o máximo possível para jogar entre tantos craques e amigos. Digo a verdade: realizei meu sonho", completou.

O brilho: título brasileiro e craque do campeonato

A chegada de Renato movimentou a expectativa do torcedor flamenguista, e o debate que pautava o início de sua trajetória era como o técnico Sebastião Lazaroni conseguiria montar o seu ataque com tantas peças de qualidade: além de Zico, o time também contava com um jovem Bebeto e outros. Dirigentes do clube sonhavam com um novo título de Libertadores e nova coroação mundial, mas o primeiro desafio – o estadual – não teve o desfecho que se esperava na Gávea.

Apesar de ter vencido a Taça Guanabara, o campeão carioca de 1987 foi o Vasco da Gama. Vasco da Gama treinado por... Sebastião Lazaroni. O técnico havia sido demitido do Rubro-Negro durante o estadual e acabou no comando da equipe de São Januário, que contou com gol de Tita para levantar aquela taça. Mas foi na Copa União que o ponta deu a resposta que todos imaginavam que daria desde sua chegada ao clube. O Flamengo ainda tinha Leandro na defesa, Andrade no meio-campo e Zico com a camisa 10. Os jovens Bebeto, Zinho, Leonardo e Jorginho – todos futuros campeões mundiais pelo Brasil em 1994 – também faziam parte daquele Flamengo, mas o craque daquele título brasileiro foi Renato.

Dentre os principais momentos daquela conquista, a exibição na vitória por 3 a 2 foi marcante. Renato construiu, na ponta-direita, a jogada que terminaria com o segundo gol de Bebeto e faria, ele mesmo, o terceiro gol em meio à tensão do 2 a 2 dentro do Mineirão. O roteiro foi parecido na finalíssima contra o Internacional, rival desde os tempos de Grêmio. Na ida, dentro do Beira-Rio, o gol de cabeça foi de Bebeto, mas a assistência foi de Renato – após drible e cruzamento perfeito – no 1 a 1. Na volta, o triunfo por 1 a 0 garantiu o título daquela Copa União. Mesmo sem ter marcado o gol do título, ou não sendo ele Zico, o camisa 7 foi eleito o grande craque daquele campeonato.

A Libertadores não veio no ano seguinte e Renato acabou vendido para a Roma, onde esteve muito longe de ser um sucesso. Retornou ao Fla em 1990 e somou o seu segundo título nacional pelo Rubro-Negro, fazendo parte da campanha vitoriosa na Copa do Brasil. O atacante deixaria o Flamengo pela terceira vez ao final daquele ano, quando, ao não ter o seu contrato renovado, acabou aceitando proposta para defender o Botafogo.

Ocaso: fim de carreira e imagem de carrasco

Renato ainda voltou uma terceira vez para o Flamengo em 1993, mas de forma muito rápida. Já começava a entrar nos últimos anos de sua carreira e viveu um período com muitas trocas de clubes. O seu último grande momento como jogador profissional acabou sendo justamente contra o Flamengo: na final do Campeonato Carioca de 1995, o então camisa 7 do Fluminense foi o carrasco rubro-negro com o gol de barriga que deu a taça para o Tricolor das Laranjeiras, o que acabou ligando a imagem de Renato mais ao Flu para parte da geração que não acompanhou os seus gloriosos momentos com a camisa flamenguista.

Mas Renato Gaúcho ainda não havia encerrado sua vida como jogador do Flamengo. Em 1997, o atacante havia deixado um Fluminense que se afogava em dívidas e lutava contra sucessivos rebaixamentos para retornar à Gávea. Aos 35 anos, o atacante reiterava o discurso de paixão à causa rubro-negra.

“Grêmio e Fluminense moram no meu coração, mas o Flamengo é realmente a minha paixão e digo isso sem querer fazer média com ninguém. Até porque não preciso fazer esse tipo de coisa”, disse ao chegar pela quarta vez ao clube da Gávea. Dez anos após aquela Copa União, Renato não apresentava o vigor físico de antes e era o foco de toda a raiva exalada das arquibancadas em preto e vermelho – que chegou a não comemorar um gol feito pelo atacante, durante vitória por 2 a 0 sobre o Juventude na fase final daquele Brasileirão. Na derrota por 4 a 1 contra o Vasco, na partida que definiria o finalista daquele Brasileirão, Renato Gaúcho chegou a ser vaiado antes mesmo de tocar na bola, quando substituiu Bruno Quadros. Ainda assim, acertou uma vez o travessão e sofreu o pênalti que terminaria no gol de honra do Fla.

Renato ainda jogaria no Bangu em 1999, mas sem muito brilho decidiu pendurar as chuteiras para estudar educação física. Muita água passou desde então debaixo da ponte. Agora treinador, a esperança da torcida rubro-negra é que o roteiro seja, no mínimo, parecido com aquele de 1987.