Trivela
·19 de dezembro de 2022
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·19 de dezembro de 2022
O que Mario Götze representa à Argentina, guardadas as devidas proporções em termos de carreira e talento, não foge muito do que é um Zinédine Zidane ou um Paolo Rossi para o Brasil. Aquela final de 2014 por oito anos doeu nos argentinos. Neste domingo, porém, eles ganharam um motivo para se esquecer, e não apenas pela conquista do tricampeonato que lava a alma. Götze deixou claro em suas redes sociais que era mais um a torcer pela Albiceleste. Não só ganhou a simpatia dos argentinos, como também uma enxurrada de mensagens que diziam que ele estava “perdoado”. O lado bonito do futebol. Agora, vira uma espécie de Alcides Ghiggia, que entendeu os brasileiros como pouquíssimos. Assim parece Götze com os argentinos.
Uma das imagens que Götze postou trazia a imagem de Lionel Messi decepcionado em 2014, ao lado de outra figura gloriosa do camisa 10 em 2022. Já era um sinal mais do que claro sobre a torcida do veterano. Depois, uma imagem assistindo ao jogo. E, por último, a cena mais legal: vibrando e fazendo o filhinho bebê gargalhar, enquanto se ouvia ao fundo os cânticos da torcida argentina. Aí não tem mesmo como não se render à piedade do eterno “verdugo”.
Um detalhe é que Götze já havia homenageado Messi ainda em 2014. Um dia depois da final do Maracanã, o meia postou uma foto nos corredores do estádio ao lado do camisa 10. Estava com a medalha no peito e o argentino não deixou de ser gentil. A legenda simples apenas dizia: “Gênio”. A foto também recebeu uma enxurrada de mensagens.
Muitos argentinos entenderam que Götze queria ver Messi também campeão da Copa do Mundo, embora isso não anulasse sua ambição em 2014. Convenhamos, o garoto prodígio teve estrela no Maracanã, mesmo que sua carreira, muito por conta de questões físicas, não tenha acompanhado o sucesso que ele prometeu um dia. A esta altura, torcer por Messi não era apenas deixar para trás, de certa forma, o peso que a derrota no Maracanã representou à carreira do argentino. Era também uma ode ao seu futebol. Ficava ainda mais fácil de torcer quando, do outro lado, estava uma França que é tão rival dos alemães.
Por linhas tortas, a conquista de Messi em 2022 também valoriza o que a Alemanha e o que Götze conseguiram em 2014. Foi um tombo marcante à jornada de redenção do herói. No fim das contas, o camisa 10 fica de alma leve, e o olhar de decepção nas tribunas do Maracanã diante da taça foi substituído pelo beijo mais apaixonado no Catar, quebrando protocolos, tão sincero. O final feliz de um filme. Um filme que Götze também teve seu papel de anti-herói, herói paralelo em sua própria história alemã, e rendeu até as gargalhadas do filhinho.