Autor de golaços, Pablo Daniel Osvaldo se aposentou cedo devido a sua paixão pela música | OneFootball

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Calciopédia

·10 de outubro de 2022

Autor de golaços, Pablo Daniel Osvaldo se aposentou cedo devido a sua paixão pela música

Imagem do artigo:Autor de golaços, Pablo Daniel Osvaldo se aposentou cedo devido a sua paixão pela música

Pablo Daniel Osvaldo se encaixa naquele perfil do bom jogador de futebol que não é o maior aficionado pelo esporte e no fim acaba não atingindo o potencial imaginado. Grato por tudo que a bola proporcionou para ele e sua família, o exímio fazedor de golaços nunca foi um grande exemplo de profissionalismo. Se envolveu em polêmicas e passou por muitos clubes na carreira, sendo quase todos eles da Itália – país de seus antepassados, que adotou após sair muito cedo da Argentina. Assim que “encheu o saco” da vida de atleta, largou tudo para se dedicar a sua verdadeira paixão, a música.

Lado A: o futebol

Original de Lanús, na Argentina, Osvaldo começou sua trajetória na base do clube homônimo da cidade, em 1995, passou pela do Banfield e terminou no Huracán, onde finalmente subiu para o profissional em 2005. Em apenas um ano, cativou olheiros do futebol europeu. Em 33 partidas, marcou 11 gols pelos grenás e a Atalanta, então na segunda divisão italiana, contratou a promessa. Dani era um atacante completo para jogar na referência. Talentoso e dono de dribles curtos, encontrava bons passes para seus companheiros e finalizava muito bem, inclusive com facilidade de encontrar chutes mais acrobáticos, o que fazia seu jogo aéreo ser ainda mais perigoso.


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Pela Dea, pouco atuou enquanto sofria com a distância de sua casa. Chegou na segunda metade da temporada e o time já estava encaixado, brigando pelo título da Serie B. No fim, os nerazzurri obtiveram o acesso. A promessa teve apenas 57 minutos nos três jogos em que entrou na campanha e conseguiu anotar um golzinho. Faltando nove minutos para o fim da partida, Osvaldo perdeu, por complacência, uma chance claríssima, chutando de qualquer jeito e permitindo que a defesa jogasse para escanteio. Na bola parada, se redimiu ao subir mais alto do que todo mundo e testar firme para o fundo das redes, marcando pela primeira vez em solo europeu.

Uma de suas características era a instabilidade. Dificilmente Dani ficava muito tempo no mesmo lugar. E, depois de escassa minutagem, se mudou para o Lecce por empréstimo. Novamente na segundona, dessa vez assumiu maior protagonismo no ataque da equipe de Zdenek Zeman. Dividindo espaço com Davide Possanzini lá na frente, o argentino foi bastante utilizado pelo checo e perdeu espaço após sua demissão, sendo menos utilizado por Giuseppe Papadopulo. No fim das contas, marcou oito gols no torneio, contribuindo para uma campanha de meio de tabela.

O seu desempenho agradou a Fiorentina, que decidiu por desembolsar 4,5 milhões de euros pelo novo camisa 9 da equipe. Com a saída de Luca Toni da Viola, Cesare Prandelli buscava opções para a referência no ataque, que já contava com Adrian Mutu e Giampaolo Pazzini. Além disso, chegava concorrência pesada: com 33 anos, na reta final de carreira, Christian Vieri também desembarcava em Florença.

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Com a camisa da Fiorentina, Osvaldo começou a ganhar destaque com suas acrobacias (AFP/Getty)

Mesmo não vingando, Vieri foi quem teve mais oportunidades ao lado de Pazzini, o maior destaque do ataque, com nove gols marcados. A dupla alternava principalmente com Mutu. Osvaldo não teve lá muitas chances, ganhando mais espaço nos jogos finais da temporada, mas contou com uma boa média na Serie A – balançou as redes cinco vezes em 13 aparições. Logo na sua estreia, anotou uma bela doppietta contra o Livorno, com direito a um tento acrobático. Recebendo poucas oportunidades, só voltou a estufar o barbante em um momento crucial do campeonato.

Em confronto direto contra a Juventus, terceira colocada, Prandelli substituiu Tomás Ujfalusi pela promessa ítalo-argentina. O jovem precisou de apenas meia hora em campo para tocar o terror. Os bianconeri venciam por 2 a 1 quando, em uma boa jogada individual de Dani, Papa Waigo aproveitou para empatar. Nos acréscimos, a estrela de Osvaldo brilhou e, com uma boa cabeçada, virou a partida para os visitantes. Na comemoração, fez sua celebração característica, “metralhando” os torcedores. O problema foi que ele tirou a camisa – e já tinha amarelo. Segundo cartão e rua para o inconsequente.

No fim de temporada, os gols vieram apenas nas últimas duas rodadas as quais foi titular. Contra o Parma, no Artemio Franchi, fechou a vitória por 3 a 1. Na partida final da Serie A, anotou o tento que garantiu a Viola na Champions League. no triunfo por 1 a 0 fora de casa contra o Torino. E não foi qualquer coisa não: uma belíssima bicicleta no cantinho.

Em 2007-08, além de ter se afirmado no futebol europeu, Osvaldo também optou por representar a Itália, já que tinha passaporte italiano – seus antepassados eram originários da região das Marcas. Jogando pelo sub-21, não era titular pois Mario Balotelli era o principal destaque. Seu único gol ocorreu em um amistoso contra a Holanda, com assistência de Giuseppe Rossi.

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No Bologna, o ítalo-argentino imaginava deslanchar, mas não conseguiu (Getty)

Na temporada seguinte, o ataque da Viola ganhou um novo dono. Alberto Gilardino desembarcava para ser a solução definitiva no setor. Enquanto a nova estrela marcou 19 gols naquela edição da Serie A, Dani perdeu espaço e se mudou no inverno europeu de 2009. Na sua nova equipe, o Bologna, não encontrou o bom futebol. Além de quase ser rebaixado, anotou somente três vezes e ficou exatamente um ano, até ser protagonista de uma mudança que finalmente o colocaria em um contexto funcional.

Em janeiro de 2010, o Espanyol de Mauricio Pochettino se interessou por Osvaldo e o contratou por empréstimo. Além de criar uma boa relação com o treinador compatriota, Dani foi titular absoluto na equipe sensação de La Liga. Marcou gols importantes, que ajudaram os periquitos a ficarem estacionados confortavelmente no meio de tabela. No ano seguinte, contratado em definitivo por 4 milhões de euros, anotou ainda mais tentos: foram 13 em 24 partidas, enriquecidos por três assistências. O número reduzido de atuações se deu devido a uma lesão grave no final do primeiro turno, mas nada que tirasse seu brilho.

A equipe catalã ficou a uma posição de chegar nas competições europeias. Em alta, Osvaldo foi desejado por diversas agremiações europeias. Quem ganhou o leilão foi a Roma, que o trouxe de volta para a Velha Bota pela bagatela de 15 milhões de euros. A Loba acabava de perder Mirko Vucinic para a Juventus e certamente não sentiu falta do montenegrino com a nova aquisição. Dani rapidamente caiu nas graças da torcida e passou a ser comparado ao ídolo giallorosso Gabriel Batistuta, com quem compartilhava a nacionalidade, as longas madeixas e a comemoração belicosa. Se o craque era o Rei Leão, ele se tornou Simba.

Foi na capital italiana que Osvaldo viveu seus melhores dias. Nas primeiras sete rodadas da Serie A, marcou quatro gols, o último deles contra a Lazio, no dérbi romano – ocasião em que exibiu uma camisa com os dizeres “também expurguei vocês”, remetendo a uma célebre comemoração de Francesco Totti diante dos rivais. Não adiantou muito, porque os biancocelestes venceram por 2 a 1. Pouco tempo depois, sua personalidade bad boy aflorou de vez.

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Pela Roma, Osvaldo marcou no clássico contra a Lazio e fez homenagem ao companheiro Totti, provocando a rival (Getty)

Na 13ª rodada, a Roma foi visitar uma ótima Udinese e perdeu por 2 a 0 nos minutos finais de jogo. Segundo diversos veículos de imprensa, entre eles o Mundo Deportivo, Osvaldo teria discutido com Erik Lamela por não receber alguns passes e socou o companheiro no vestiário. O episódio lhe rendeu 10 dias de suspensão e mais uma multa de 50 mil euros. Ele justificou a agressão pelo “calor do momento” e disse que ficou arrependido “cinco minutos depois”.

Enfim, de volta às quatro linhas. Luis Enrique foi um dos responsáveis por potencializar o futebol de Osvaldo. Em 2011, o atacante finalmente começou a atuar pela seleção principal da Itália, no entanto, não integrou a convocatória para a Eurocopa de 2012 ao fim da temporada. Ao todo, fez 11 gols nos 26 jogos de Serie A que disputou – e recebeu incríveis três cartões vermelhos, somando clube e seleção. Os bons números de bolas nas redes melhorariam bastante na sequência, quando reencontrou Zeman.

No auge da forma física e técnica, o camisa 9 ítalo-argentino fez a melhor temporada possível. Terceiro melhor marcador da liga, com 16 gols em 29 presenças, empatou com Stephan El Shaarawy e ficou atrás somente de um Edinson Cavani imparável, que anotou 29 vezes, e de Antonio Di Natale, que fez 23. Logo na abertura do campeonato, realizou uma pintura contra o Catania, acertando um voleio plástico no ângulo. Na rodada posterior, encobriu Luca Castellazzi na vitória por 3 a 1 em cima da Inter e ainda deu uma assistência de trivela. Nos acréscimos do duelo, sua fama pesou contra: colocou a mão para evitar uma bolada na cara e levou o segundo cartão amarelo.

Sem conseguir conquistar nada na Roma, ficando com o sexto lugar na Serie A e sendo vice-campeão da Coppa Italia frente à arquirrival Lazio, Osvaldo deixou o clube sem levantar taças, com 57 aparições e e 28 gols marcados – a equipe capitolina foi aquela pela qual mais jogou e mais balançou as redes. O camisa 9 se desentendeu com o então técnico interino Aurelio Andreazzoli, que substituiu Zeman em meados da temporada: o chamou de incompetente no Twitter e forçou sua saída. O gesto de indisciplina foi um dos motivos para que Prandelli optasse por não convocá-lo para a Copa das Confederações.

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Mesmo vivendo o auge pela Roma, Dani acumulou problemas extracampo e ficou apenas dois anos em Trigoria (Getty)

Em agosto de 2013, Pochettino, que treinava o Southampton, fez o time desembolsar uma cifra recorde. A contratação mais cara realizada pelo clube do sul da Inglaterra envolveu 15 milhões de euros e, no fim das contas, não compensou. Dani ficou apenas seis meses por lá. Na passagem pela Premier League, o único momento realmente digno de nota foi um gol antológico anotado contra o Manchester City. Depois de entortar o belga Vincent Kompany, deixou mais dois marcadores na saudades e colocou a bola no ângulo, sem chances para Costel Pantilimon, arqueiro adversário. Depois disso, só problemas.

Em janeiro, se envolveu em uma confusão numa partida contra o Newcastle. Suspenso por três rodadas, arrumou mais problemas internamente. Brigou com o zagueiro José Fonte e ganhou duas semanas de gancho do próprio time. Foram 166 dias no Reino Unido quando se deu o basta e, no fim da janela de inverno, a Juventus decidiu por aproveitar a oportunidade de mercado e conseguir o empréstimo do ítalo-argentino.

Reserva de Fernando Llorente, Osvaldo recebeu oportunidades esporádicas. Foi bem na Europa League, nas duas atuações como titular contra o Trabzonspor, e marcou seus únicos dois gols naquela campanha bianconera.

Na Serie A, protagonizou um momento memorável. Contra a Roma, sua antiga empregadora, em uma atmosfera tomada por vaias, saiu do banco e calou o Olímpico ao marcar um golaço, aos 49 minutos do segundo tempo. Em uma bola cruzada rasteira, encontrou o ângulo de Lukasz Skorupski. Em termos de título, o resultado pouco importava, pois a Vecchia Signora já havia garantido o scudetto com rodadas de antecedência. Só que os três pontos ajudaram a equipe a chegar aos 102 somados na liga – a maior pontuação da história do torneio.

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Osvaldo teve passagem curta pela Juventus, onde não se firmou (Getty)

Dani não permaneceu em Turim. Com a chegada de Álvaro Morata, a Juve já tinha a quantidade de peças que precisava para a vaga de companheiro de Carlos Tévez no ataque. Sua sequência de carreira não foi nada empolgante. No verão europeu de 2014 foi emprestado novamente para um clube italiano, desta vez a Inter, onde disputaria espaço com Rodrigo Palacio e Mauro Icardi no 3-5-2 de Walter Mazzarri.

Quem olhar apenas os números de Osvaldo pela Inter pode inferir que sua passagem foi boa. Afinal, em 19 aparições, marcou sete gols e forneceu cinco assistências. É que ele começou voando, com bola na rede e passe decisivo num 6 a 0 sobre o Stjarnan, pelos playoffs da Liga Europa, e doppietta e duas ajeitadas. No entanto, seu rendimento caiu após uma lesão muscular e sua experiência pela equipe se encerrou depois de uma discussão com Icardi, num empate por 1 a 1 com a Juventus. Dani foi afastado por Roberto Mancini, que sucedera Mazzarri, e deixou de frequentar os treinamentos. Em resposta, a diretoria nerazzurra entrou com uma ação judicial contra o atacante, pedindo a rescisão contratual e uma indenização.

Em fevereiro, o seu contrato com a Inter foi rescindido e, mais uma vez, o jogador foi emprestado pelo Southampton, que perdeu um bom dinheiro com a sua aquisição. Osvaldo decidiu voltar para casa, no intuito de jogar pelo clube de coração. O Boca Juniors, da Argentina, assinou com o centroavante, mas o casamento não decolou, apesar da sua contribuição para os títulos do campeonato e da copa nacionais.

Alguns meses depois, rompeu o contrato com o clube inglês e assinou pelo Porto. Fez um gol pela equipe portuguesa e foi novamente emprestado ao Boca. O fim da segunda passagem aconteceu antes do que o imaginado devido a um atrito com o treinador Guillermo Barros Schelotto, que não gostou de pegar o seu atleta fumando no vestiário. Ali foi a gota d’água e, praticamente, o fim de seus dias como jogador.

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Na Inter, o ótimo início do atacante foi minado por sua conhecida indisciplina (Getty)

Lado B: a música

Se você já fez a conta, deu para perceber que Pablo Osvaldo encerrou prematuramente sua carreira. Com apenas 30 anos, já não tinha mais vontade de jogar futebol. E era exatamente isso na época. Oportunidades não faltavam, tanto em alguns clubes europeus, como o Chievo, e também em mercados alternativos, como em times chineses, que ofereciam cifras exorbitantes. Porém, sua paixão pela música e a vontade de sair da atmosfera do esporte falaram mais alto. Em suas palavras, optou pela cerveja e pelo churrasco em vez do dinheiro. “Era um negócio sem paixão, que comecei a odiar”, declarou à Gazzetta dello Sport.

Nos dias atuais, gosta de ver o Boca jogar. Nem pensa em voltar. Em 2020, até ensaiou um retorno ao esporte e fez dois jogos pelo Banfield, mas logo desistiu. No geral, prefere assistir e torcer pelo clube de coração do que realmente retomar a rotina de atleta. O novo dia a dia não tem mais vestiários, e sim palcos. Escrevendo músicas desde jovem, Dani é roqueiro de carteirinha e transformou seu sonho em realidade.

Fã de músicas clássicas do gênero, também gosta de blues e jazz. Nas suas redes sociais, destaca influências como Nina Simone, Ray Charles, Stevie Wonder, Frank Sinatra e Beatles. Inclusive, um de seus filhos leva o nome de Morrison, em homenagem ao cantor e compositor Jim Morrison, da banda The Doors.

Seu apreço tornou-se algo mais sério quando juntou um grupo e deu origem ao Barrio Viejo, uma banda que mistura rock, R&B e folk. Ela já conta com um EP lançado e seu vocalista principal leva agora o nome artístico de Dani Stone. No âmbito pessoal, está noivo de Giannina Maradona, ex de Sergio Agüero e filha de Diego Armando Maradona. Aliás, a quantidade de relacionamentos que Osvaldo engatou daria um texto à parte. Mas, seguindo o exemplo do ex-atleta, vamos parar por aqui.

Pablo Daniel Osvaldo Nascimento: 12 de janeiro de 1986, em Lanús, Argentina Posição: atacante Clubes: Huracán (2005), Atalanta (2006), Lecce (2006-07), Fiorentina (2007-09), Bologna (2009-10), Espanyol (2010-11), Roma (2011-13), Southampton (2013), Juventus (2014), Inter (2014-15), Boca Juniors (2015 e 2016), Porto (2015) e Banfield (2020) Títulos: Serie B (2006), Serie A (2014), Campeonato Argentino (2015) e Copa Argentina (2015) Seleção italiana: 14 jogos e 4 gols

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