René Simões explica 'mentoria mental' que faz com Filipe Luís: 'Flamengo te devora' | OneFootball

Aposentado da carreira de técnico, René Simões agora trabalha como coach e mentor de treinadores. Um de seus clientes? O comandante do Flamengo: Filipe Luís.

Para suportar a pressão de um clube gigante como o Mengão, Filipe faz trabalho mental especial com o ex-técnico. Em entrevista ao 'ge', René Simões contou sobre o trabalho com o treinador do Mengão.

"Normalmente eu não falo (com quem trabalhou). Dois que eu costumo falar foram Carille, porque ele agradeceu em uma entrevista, e Filipe Luís. Quando teve a primeira derrota, conversei com ele e foi muito bom, entrou na minha cabeça. Mas, fora isso, a gente não fala com quem está fazendo. Ele está me instigando o tempo todo", inicia.

René Simões, então, tece elogios a Filipe Luís.

"O Filipe, além de ser muito inteligente e um excelente treinador, tem conhecimento de tática de futebol absurdo e é um cara extremamente exigente. Por ele ser exigente, eu tenho que ser mais exigente comigo ainda. A gente não conversa muito de tática, não, é mais comportamento dele, a parte toda emocional que se tem de trabalhar", comenta.

Pressão e 'Flamengo te devora': René Simões fala sobre responsabilidade de Filipe Luís

René Simões fala sobre a pressão de dirigir o Flamengo e a importância do trabalho mental de Filipe Luís.

"O treinador tem que estar com uma atitude muito positiva para aguentar a pressão que é o Flamengo. É um gigante. Se você não estiver preparado, ele te devora. Quantas crises ele já passou, quantas ondas já foram feitas de que a culpa é dele? O Flamengo não está bem na Libertadores por causa dele, tem panela, tem um monte de coisas. Então ele tem de ter o equilíbrio que tem. Ele é muito equilibrado, muito trabalhador. Ele será um dos maiores treinadores que teremos no Brasil, não tenho dúvida", afirma.

René Simões explica trabalho com Filipe Luís

Além disso, René Simões explica que seu trabalho com Filipe Luís é de mentoria, e não de coach. Ele explica as diferenças.

"Eu não faço coach com ele, faço mentoria, é diferente. O coach tem uma série de técnicas que utiliza para fazer com que ele chegue aonde quer. Você traça um roadmap (mapa da estrada, na tradução livre). Eu estou aqui no Rio de Janeiro, quero chegar a São Paulo. O que tenho que fazer? Comprar passagens, como vai ser o caminho se tiver um problema. No coach, você pouco diz o que ele deve fazer ou pouco fala do que você fez. Passa muito a experiência. Por exemplo, na primeira derrota que o Filipe Luís teve, eu contei a minha primeira derrota. No outro dia, como é que foi? Eu tive que respirar fundo, encontrar o time. Então, você vai contando as suas experiências, as coisas erradas que fez também", conta.

Ainda assim, René acredita que sua participação no trabalho de Filipe é pequena.

"É uma troca. A gente costuma dizer que é ajudar o mentorado ter o dobro da performance com a metade do tempo, com a metade do sofrimento. Porque eu não tive um cara com 70 anos de idade e com 50 anos de experiência, falando para mim quando eu tinha 30, 40 anos o melhor caminho. Eu digo para você que representa 4, 5% do que ele faz, o que ele decide. A minha ajuda é muito pequena. É um suporte que ele sabe que a qualquer hora, se precisar, estou ali vendo tudo", diz.

Por fim, ele alerta para os cuidados com a preocupação excessiva sobre o que a torcida diz.

" O treinador não pode, principalmente em um Flamengo, ficar ligado em tudo que se fala dele. Então, eu fico ligado em tudo que se fala e fazendo uma triagem de que isso aqui é bom, aquilo não é", completa.

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