Olivia Smith: «Queria encontrar o meu amor pelo futebol outra vez» | OneFootball

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·23 de mayo de 2024

Olivia Smith: «Queria encontrar o meu amor pelo futebol outra vez»

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Foi eleita pelos treinadores e capitãs de equipa da Liga BPI como a melhor jogadora da temporada, numa votação levada a cabo pelo zerozero que, pelo quarto ano consecutivo, distinguiu mais uma atleta na competição.

Olivia Smith chegou ao Sporting no decorrer do verão, após a participação no Campeonato do Mundo. Pela seleção canadiana, alinhou apenas num só encontro, mas, aos 18 anos, já acumulou a experiência de estar nos grandes palcos internacionais.


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A representar o emblema verde e branco, realizou 28 jogos em todas as competições nacionais. Marcou 16 golos e somou dez assistências ao longo da temporada no Campeonato, na Taça de Portugal e Taça da Liga.

Em poucos meses, foi notória a dimensão que Olivia Smith trouxe e teve no jogo do Sporting - tanto que a saída pode mesmo estar iminente - e o zerozero esteve à conversa com jovem internacional canadiana em Alcochete.

«Aconteceu um milagre e os olheiros do Sporting acreditaram em mim»

zerozero: Foste nomeada pelos treinadores e capitãs de equipa da Liga BPI como a melhor jogadora da temporada no Campeonato. Como é que te sentes em relação a esta distinção?

Olivia Smith: É incrível, principalmente sendo apenas a minha primeira época aqui. Eu não tinha as expectativas muito elevadas para a minha primeira temporada como sénior. Está tudo muito fresco, ainda, mas sinto-me muito honrada por receber este prémio.

zz: E como te sentes neste novo contexto? Como referiste, é a tua primeira época em Portugal e no Sporting.

OS: Senti-me mesmo muito bem. Claro que, quando cheguei, foi muito duro. Tive de me tentar adaptar a tudo, mas, ao mesmo tempo, sinto que quando cá cheguei, fiquei confortável. Foi saber que finalmente estou a chegar onde quero estar.

zz: Mesmo a nível pessoal, tiveste de atravessar uma grande mudança. Estavas no Estados Unidos e vieste para Portugal. Como é que tudo isto aconteceu e como é que o Sporting aparece nesta cronologia?

OS: Foi tudo um milagre. Eu estava a estudar nos Estados Unidos e nem sequer estava a jogar, na altura. Falei com os pais e decidi que, se calhar, não queria continuar a jogar no College. Senti que estava preparada para dar o salto e ser professional. E, ao mesmo tempo, não existiam grandes opções para mim.

Aconteceu um milagre e os olheiros do Sporting viram potencial e acreditaram em mim. Agora, estou cá. Foi uma grande mudança para mim e para a minha família. Mudamo-nos quase para o outro lado do mundo – são umas oito horas de avião, mais ou menos -, mas acho que esta foi a melhor decisão que poderia ter tomado.

zz: E como te sentiste naqueles primeiros dias em Lisboa? As novas companheiras, a nova rotina…

OS: Estava mesmo muito nervosa. O português é uma língua muito diferente. Eu não estava de todo habituada ao país, mas as minhas colegas, o staff e as restantes pessoas – mesmo as pessoas que moram por Lisboa – são incríveis e é muito reconfortante. As minhas companheiras de equipas até me apresentaram a família delas e foi mesmo bom. Rapidamente, fiquei muito mais confortável por cá.

zz: Chegaste ao Sporting logo após o Campeonato do Mundo – tanto que o clube anunciou a tua contratação no decorrer da prova – e vens diretamente do College. O quão diferentes são essas realidades?

OS: São mesmo muito diferentes e acho que é algo que também tem que ver com o país em si. Há muita mais paixão em Portugal e acredito que era disso que eu estava à procura. Eu queria encontrar o meu amor pelo futebol outra vez.

Nos Estados Unidos, eu não jogava muito e tinha vários problemas pessoais. Aqui, sinto que tive a oportunidade de encontrar a minha paixão e o meu amor pelo jogo, novamente. Há uma diferença gigante entre ambas as realidades, pelo menos na minha opinião, mas estou mesmo feliz por estar aqui.

zz: Mesmo com essas diferenças que mencionaste, eu gostava de ter perguntar sobre o jogo em si. O que difere no futebol praticado no College e em Portugal?

OS: Definitivamente, as habilidades técnicas. Acho que, aqui, o jogo é muito mais rápido em termos de pensamento e tudo o resto. Isso era algo que eu sentia que tinha mesmo de melhorar no meu estilo de jogo e acabei por conseguir fazê-lo, em conjunto com a equipa técnica. Eles são incríveis. Têm imensos vídeos do jogo e acredito que, com isso, cresci muito aqui nesta última temporada.

«Levei alguma porrada no corpo»

zz: Esta foi, também, a tua primeira experiência como sénior no futebol. Não tenho os números exatos, mas realizaste perto de 30 jogos nesta época de estreia. Como é que te sentiste depois desta longa temporada, sendo que mencionaste que não jogavas muito no Estados Unidos e tiveste alguns problemas?

OS: Ó meu Deus, eu sinto-me ótima. Obviamente, foi a primeira vez em que joguei durante uma época completa. Lá, normalmente, são apenas uns meses e, definitivamente, levei alguma porrada no corpo. Mesmo assim, estou ansiosa por fazer isto durante os próximos anos e aproveitei muito a minha experiência aqui.

zz: Este ano, o Sporting acabou por não vencer qualquer troféu na temporada, mas conseguiu o segundo lugar e vão poder disputar a Liga dos Campeões na próxima época. Sei que é um sonho teu poder jogar na prova. Como é que te sentes sabendo que vais ter a oportunidade de pisar esse palco?

OS: Estou mesmo ansiosa. Eu sinto que a nossa equipa está mais do que preparada para isto. Este ano, fomos mais infelizes do que tudo o resto, mas sinto que jogámos bem durante grande parte da época e as coisas acabam por acontecer. Controlamos o que podemos e estou mesmo ansiosa pelo que há-de vir. Temos uma grande equipa para a próxima temporada e estamos muito focadas nos nossos objetivos.   zz: Fazendo uma pequena comparação entre o Campeonato do Mundo e a Liga dos Campeões – sabendo que existem grandes diferenças. Como foi essa experiência de estar num Mundial com o Canadá, sendo tão nova? Para além disso, estreaste-te na seleção com apenas 15 anos ao lado de jogadoras muito mais velhas e com larga experiência como a Christine Sinclair. Como é que te sentiste na altura?

OS: Vou ser honesta. Senti muita pressão. Ser das jogadoras mais novas e, depois, não ser chamada durante quatro anos… No fundo, a minha chamada para a convocatória final do Campeonato do Mundo acaba a ser outro milagre a acontecer. Sinceramente, estou mesmo orgulhosa de mim mesma por tudo o que tenho vindo a fazer e por tudo o que já alcancei até agora. É claro que ainda há muito mais a fazer, especialmente com a aproximação dos Jogos Olímpicos onde espero vir a estar, mas preciso de continuar a trabalhar muito e estou muito orgulhosa de onde estou agora.

zz: Estar num Campeonato do Mundo pela primeira vez, tão nova e jogar perante uma grande número de espectadores na Austrália. Como é que te sentiste?

OS: Muito nervosa, obviamente. Não me interpretem mal, eu adoro jogar em frente a muita gente, mas saber que quase toda a gente no mundo está com os olhos postos em ti? Há muita pressão, claro, mas mal entro no relvado tudo acaba por desaparecer. Só me foco na bola, na baliza e nas adversárias. Mas, mais uma vez, adorei cada minuto dessa experiência.

«Estou mesmo ansiosa por poder experienciar tudo isto»

zz: Com a presença na Liga dos Campeões no próximo ano, terás uma experiência semelhante, mas num contexto de clube. Quais são as tuas expectativas para a competição?

OS: Tenho expectativas elevadas. Estou mesmo ansiosa e entusiasmada, principalmente por esta equipa.  Vai ser algo novo para algumas jogadoras. Temos um grande leque de atletas, mesmo as meninas mais novas, que vão poder ter esta experiência também. Estou mesmo ansiosa por poder experienciar tudo isto com esta equipa.

zz: Uma última pergunta relacionada com o Sporting. Numa equipa recheada de jogadoras portuguesas, na sua grande maioria, acabou por ser importante a presença de atletas norte-americanas como a Hannah Seabert para te sentires em casa, ao teres alguém que percebia o teu contexto?

OS: Claramente. Eu e a Hannah jogámos, ambas, nos Estados Unidos, portanto acabámos por ter uma experiência muito semelhante lá. A Andrea [Norheim] e a Jacynta [Gala] também falam inglês, por isso acaba por ser bom ter algumas pessoas que percebo e com quem posso falar mais frequentemente. Mesmo assim, estou a ter aulas de português por cá, por isso já consigo aprender mais com as outras jogadoras e tentar ter uma conversa.

zz: Antes de estarmos a gravar, falámos um pouco sobre isso e eu perguntei-te que palavras já sabias dizer em português. Se quiseres, podes repetir.

OS: [risos] Eu acho que consigo dizer um ou duas palavras. Sei dizer ‘olá’, ‘obrigada’ e pedir um café.

zz: Quais são as expectativas para o próximo ano?

OS: Apenas quero tentar construir em cima daquilo que fizemos este ano. Obviamente, quero que conquistemos troféus na próxima temporada e acho que temos toda a capacidade para o fazer, desde que estejamos focadas durante todo o ano.

zz: Para terminar a nossa conversa, temos um Quadro para oferecer com os teus números na Liga. 18 jogos, 13 golos e nove assistências, tendo sido considerada a melhor jogadora da Liga BPI pelos treinadores e capitãs. Mas eu queria perguntar especificamente sobre a fotografia da tua celebração. O que é que ela quer dizer e o que significa para ti?

OS: Este festejo é algo que tenho vindo a fazer com o meu pai desde que comecei a jogar. Essencialmente, é chamado de dead-eye [n.d.r: na tradução para inglês dos Estados Unidos, dead-eye está relacionado com pontaria certeira]. Portanto, de cada vez que a bola entra na baliza, é esse o alvo, é esse o objetivo. Daí o dead-eye que fazemos sempre um para o outro. Quer ele esteja na bancada, quer ele esteja em casa e eu faço-o para a camara que estiver a gravar. Faço-o desde pequena com ele.

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