Caso VaideBet: empresário processa Corinthians e MP oferece denúncia contra Augusto Melo e mais cinco | OneFootball

O Ministério Público de São Paulo ofereceu denúncia contra o presidente afastado do Corinthians, Augusto Melo, os ex-dirigentes Marcelo Mariano e Sérgio Moura, e o empresário Alex Cassundé pelos crimes de associação criminosa, lavagem de dinheiro e furto. Os empresários Victor Henrique de Shimada e Ulisses de Souza Jorge também foram denunciados por lavagem de dinheiro.

Os promotores solicitaram bloqueio de bens dos denunciados e pedem indenização de R$ 40 milhões ao clube, referente a R$ 1,4 milhão pagos à empresa Rede Social Media Design por comissão na intermediação do contrato com a VaideBet e mais R$ 38.892.857,14 pelo rompimento do contrato com a ex-patrocinadora Pixbet.

Foto: Reprodução

A acusação investiga irregularidades no contrato de patrocínio de R$ 370 milhões com a VaideBet, firmado em janeiro de 2024. Segundo o MP: “Está muito claro os caminhos tortuosos e ilegais que o dinheiro percorreu a partir do momento em que saiu dos cofres corintianos”. A denúncia aponta que mais de R$ 1 milhão “passou por empresas manifestamente fantasmas e, tudo indica, recebedoras ‘em trânsito’ de valores escusos provenientes de estruturas criminosas”.

O esquema teria envolvido repasses da Rede Social Media Design (de Cassundé) para a Neoway Soluções, empresa considerada de fachada. Valores chegaram à UJ Football, agência de Ulisses Jorge, que embolsou R$ 1.074.150,00. A Polícia Civil vinculou esses recursos a despesas da campanha eleitoral de Augusto Melo e aponta ligações da UJ Football com o PCC. Victor Shimada teria usado sua empresa, Victory Trading, para dificultar o rastreamento.

O ex-diretor jurídico Yun Ki Lee não foi denunciado, pois o MP mantém dúvidas se ele agiu “dolosamente ou com descuidado”. Agora, um juiz decidirá se aceita a denúncia, o que tornaria os acusados réus em processo criminal. A VaideBet rescindiu o contrato em junho de 2023 usando a cláusula anticorrupção presente no contrato com o clube, alegando danos à reputação.

Processo de empresário

Ainda nesta quinta-feira, 10 de julho, o empresário Sandro dos Santos Ribeiro entrou com um processo contra o Corinthians na Justiça cobrando R$ 8,4 milhões referentes a um terço da comissão de 7% sobre o montante total do vínculo – R$ 360 milhões até dezembro de 2026 – do contrato de patrocínio entre Corinthians e VaideBet.

Em inquérito, a Polícia Civil reconheceu Sandro dos Santos Ribeiro, juntamente com Washington de Araújo Silva e Antônio Pereira dos Santos, conhecido como Toninho Duettos, como os verdadeiros intermediários do acordo com a casa de apostas.

Apesar disso, o contrato entre as partes estabelecia como intermediário Alex Cassundé, dona da Rede Social Media & Design, que participou da campanha eleitoral de Augusto Melo na reta final de 2023. No entanto, a empresa, de acordo com a investigação, foi utilizada como um meio para desviar a comissão do contrato para empresas ligadas ao crime organizado, sendo uma delas a Neoway Soluções Integradas.

Em junho de 2024, o contrato entre Corinthians e VaideBet foi rescindido de maneira unilateral após irregularidades nos pagamentos da comissão – a empresa de Cassundé repassou duas parcelas de R$ 1,4 milhão à Neoway, em nome de Edna Oliveira dos Santos, usada como laranja – morada de Peruíbe, no litoral Norte. O pagamento ocorreu sob ordem de Marcelo Mariano, Ex-diretor administrativo do Alvinegro, à revelia de Rozallah Santoro, diretor financeiro à época.

Vale lembrar que Sandro dos Santos Ribeiro e Toninho Duettos estiveram presentes na posse do presidente afastado, Augusto Melo, no dia 2 de janeiro de 2024, reforçando as incoerências que colocavam Cassundé como intermediário do contrato e que, ao final das investigações da polícia, fizeram as autoridades indiciarem Augusto Melo e outros ex-dirigentes do clube, além do empresário.

Defesa de Augusto Melo

O presidente afastado Augusto Melo foi procurado para se manifestar sobre os desdobramentos do caso VaideBet. Em resposta, a Central do Timão recebeu uma nota oficial assinada pelo advogado do mandatário, Ricardo Jorge, que comenta a decisão do Ministério Público. Confira na íntegra:

“Com relação à denúncia oferecida pelo Ministério Público contra o presidente Augusto Melo, a defesa reitera que já havia antecipado essa possibilidade, considerando o histórico do procedimento investigativo que perdura há mais de um ano. É evidente que uma investigação tão prolongada, mantida ativa por tanto tempo, apontava para o oferecimento de denúncia como desfecho natural, ainda que previsível.

No entanto, assim como ocorreu no relatório investigativo, a denúncia apresentada carece de clareza e objetividade. Não há uma descrição cronológica coesa dos fatos que permita compreender, de forma técnica e precisa, qual seria a conduta delituosa imputada ao presidente.

A peça acusatória, portanto, não surpreende nem inova em relação ao que já se esperava. Trata-se de uma narrativa genérica e pouco fundamentada, o que compromete o pleno exercício da ampla defesa e do contraditório.

A defesa já está enfrentando o conteúdo da denúncia com o devido rigor jurídico e confia que a verdade será restabelecida no curso do processo, com o devido respeito aos direitos e garantias constitucionais do presidente Augusto Melo.”

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