
Gazeta Esportiva.com
·27 June 2025
Corinthians voltará a ter camisa listrada como segundo uniforme em 2026

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·27 June 2025
O Corinthians contará com uma novidade em sua linha de uniformes na próxima temporada. O segundo uniforme do time, produzido pela Nike, que acertou a renovação do contrato de fornecimento de material esportivo, trará de volta o tradicional modelo listrado.
A camisa predominantemente preta com listras brancas faz parte da história do clube alvinegro. O modelo estreou há 110 anos atrás, em uma vitória do Timão sobre o Caçapavense, por 2 a 1, em 1915.
A criação deste uniforme se deu como maneira de protesto contra a Liga Paulista e a Associação Paulista de Football, que à época impediu o Corinthians de atuar nos dois campeonatos daquele ano. Um dos principais motivos da exclusão, segundo o clube, era sua luta pela inclusão das minorias e a popularização do futebol brasileiro.
O uniforme listrado ainda esteve presente em um dos momentos mais icônicos da história do Timão. Foi com ele que a equipe bateu a Ponte Preta no Morumbi, com um gol de Basílio, ganhando o título paulista de 1977. A conquista encerrou um jejum de quase 23 anos do clube sem erguer um troféu.
(Foto: Divulgação/Corinthians)
A última vez que o Corinthians teve uma camisa listrada como segundo uniforme foi em 2023. Na última temporada, a escolha foi por um modelo todo preto, em alusão à luta antirracista. Já neste ano, a peça é predominantemente preta, com detalhes brancos nas mangas, fazendo referência aos 25 anos da conquista do Mundial de Clubes de 2000.
O retorno da camisa listrada era um dos pedidos de muitos torcedores corinthianos nos últimos anos, apesar do sucesso da versão “all black”, de 2024. Há, inclusive, um debate interno no Parque São Jorge para que o modelo se torne permanente na linha de vestuário do clube.
RENOVAÇÃO COM A NIKE
O Corinthians escolheu a Nike em detrimento da Adidas e assinou um Memorando de Intenções (MOU, na sigla em inglês) com a empresa norte-americana. O clube, portanto, ainda pode discutir e alterar algumas cláusulas do acordo.
A diretoria interina, a partir de agora, vai sentar com representantes da Nike e negociar alguns termos do contrato. A gestão de Osmar Stabile tinha pressa para resolver o assunto, já que as duas ofertas continham prazos curtos para resposta. Apesar da pressão, o clube concluiu que não poderia assinar o contrato final sem antes debater e estudar, de maneira criteriosa, cada ponto relevante. O MOU foi a alternativa para não perder a oportunidade antes que uma das empresas retirasse a proposta, ao passo que o clube também, assim, evitaria qualquer precipitação.
O contrato com a Nike renderá ao clube, no mínimo, R$ 59 milhões “em dinheiro”, por ano, R$ 6 milhões a mais em comparação com a Adidas. A empresa norte-americana superou o concorrente nos royalties, oferecendo R$ 41 milhões, ao contrário dos R$ 35 milhões ofertados pela empresa alemã. Em todos os outros quesitos, a Nike topou desembolsar a mesma quantia proposta pelo rival.
O Corinthians, ainda, receberá um montante excedente se vender mais de 750 mil peças da Nike em uma temporada.
Por outro lado, o clube acredita que dificilmente alcançará o valor máximo do contrato, estimado em R$ 1,3 bilhão. Para atingi-lo, o time alvinegro precisaria bater todas as metas esportivas e comerciais estipuladas no vínculo, como títulos do Campeonato Brasileiro, Libertadores, Copa do Brasil, entre outros.
RISCO JURÍDICO PESOU
Pesou contra a Adidas, fundamentalmente, o risco jurídico que envolveria a eventual rescisão com a Nike. O Corinthians gostaria que a companhia se responsabilizasse pelo possível ônus, mas as conversas não avançaram neste sentido.
A Nike, ainda, topou “perdoar” dívidas que o clube tinha com a empresa. Uma delas é o fato do Timão ter ultrapassado, constantemente nas últimas temporadas, o valor de R$ 4 milhões o qual, por contrato, tem direito a receber de enxoval por ano. Só em 2024, por exemplo, o Corinthians recebeu mais de R$ 12 milhões de vestuário da Nike. A companhia prometeu “esquecer” essas pendências para ampliar o contrato com a equipe alvinegra.
(Foto: Divulgação/Corinthians)
Por outro lado, a empresa norte-americana não pagará R$ 100 milhões de luvas, como propôs a Adidas. A Nike até aceitou destinar a quantia ao Timão, mas em forma de adiantamento, com valores corrigidos pelo IPCA. As luvas se tornam um trunfo da Adidas, como ponto de destaque da oferta. O clube, entretanto, concluiu que este ganho não compensaria o risco.
O contrato vigente entre Corinthians e Nike determina que qualquer conflito entre as partes tem de ser, obrigatoriamente, resolvido no Centro de Arbitragem da Câmara de Comércio Brasil-Canadá, uma instituição que está entre as mais caras do país no que diz respeito a valores de taxas processuais.
Para ingressar nesta luta, a diretoria do Corinthians teria de contratar um escritório terceirizado, especializado e que, inevitavelmente, geraria uma despesa elevada, antes mesmo do resultado final da ação, que teria alta probabilidade de derrota corintiana, com valor estimado na casa dos R$ 100 milhões, segundo especialistas, devido aos atuais termos contratuais que foram claramente descumpridos pelo clube.
A assinatura com a Nike evita toda esta situação ao Corinthians, que não se vê em momento de arriscar, principalmente após a renovação automática acionada pela companhia, de maneira unilateral, no fim do ano passado.
A Fisia, empresa que representa a Nike no Brasil desde 2020, enviou uma carta registrada ao clube no dia 16 de dezembro de 2024 e, no dia 19 do mesmo mês, enviou um e-mail à cúpula do clube com a intenção de costurar um novo acordo. Porém, ignorada pela gestão Augusto Melo, a empresa acionou, conforme rito previsto e exigido no contrato, uma cláusula de renovação automática, ampliando o vínculo até 2029.
Em nota divulgada no fim de maio, a diretoria alvinegra reforçou o compromisso vigente com a empresa norte-americana.