
Gazeta Esportiva.com
·9. August 2025
Veja análise de especialistas e possíveis prazos de recuperação para Carrillo e Memphis no Corinthians

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·9. August 2025
O Corinthians conquistou a tão sonhada classificação às quartas de final da Copa do Brasil em cima do rival Palmeiras, mas sofreu baixas consideráveis no duelo de volta, disputado no Allianz Parque. Memphis Depay e André Carrillo tiveram lesões constatadas e viraram novos desfalques para o Timão.
Memphis Depay sofreu uma contusão de grau 2 no músculo posterior da coxa direita, enquanto Carrillo foi diagnosticado com uma lesão ligamentar no tornozelo esquerdo e passará por cirurgia nos próximos dias.
Carrillo é o que possui o problema mais grave entre os dois lesionados. Aos oito minutos do segundo tempo, o peruano precisou ser substituído após dividida com Giay. Flávia Magalhães, médica do esporte com passagens por clubes e confederações, como Atlético-MG, América-MG, CBF e Conmebol, explicou a possível lesão do peruano.
A médica, que tem mais de 20 anos de carreira, detalhou que as lesões ligamentares no tornozelo, principalmente as laterais, são classificadas em três graus diferentes. O mais grave, grau III, apresenta uma ruptura completa do ligamento, junto a um inchaço e instabilidade de articulação. Já o grau II indica uma ruptura parcial e o grau I, o mais leve, conta em um estiramento leve, mas sem ruptura visível.
“O fato de o Carrillo precisar de cirurgia sugere uma lesão mais grave, como uma instabilidade crônica, uma ruptura complexa ou até mesmo uma lesão de sindesmose – estrutura que une a tíbia e a fíbula e que, quando apresenta alargamento patológico, precisa ser corrigida cirurgicamente”, disse.
Flávia Magalhães também avaliou um possível prazo de recuperação do peruano. A médica apontou que, em casos como o de Carillo, o atleta deve voltar a realizar atividades leves no prazo de três a quatro meses, enquanto o retorno às atividades competitivas normalmente ocorre em seis meses, dependendo da evolução do jogador.
“O processo de reabilitação após a cirurgia segue fases bem definidas. Nas duas primeiras semanas, o foco é no controle da dor e do edema. Entre a terceira e a sexta semana, há uma reintrodução gradual da carga e o início de exercícios proprioceptivos. Já entre a sexta e a décima segunda semana, o foco passa a ser o fortalecimento muscular, o controle neuromuscular e o equilíbrio”, pontuou.
“A fase final da reabilitação envolve a reintrodução aos treinos específicos, com progressão para atividades com bola e, só depois, o retorno completo à competição. Em casos de cirurgia na sindesmose, as cargas geralmente só são liberadas a partir da sexta semana, após a retirada do parafuso”, completou a profissional.
SITUAÇÃO DE MEMPHIS É MAIS TRANQUILA
Ao contrário de Carrillo, Memphis foi substituído ainda na primeira etapa do clássico contra o Palmeiras após sentir dores na coxa. O caso do atacante, porém, é relativamente mais tranquilo. Em nota, o Corinthians informou que o holandês já está sob os cuidados do departamento de fisioterapia.
Rodrigo Oliveira, fisioterapeuta esportivo e sócio da Sonafe Brasil (Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e da Atividade Física), explicou que a forma internacional de classificação de lesões musculares, usando as nomenclaturas de 2A, 2B e 2C, ajuda a identificar a localização exata do problema. Assim, seria possível prever com melhor precisão o tempo de recuperação dos atletas.
“A classificação da lesão muscular hoje, no Brasil, é grau 1, 2, 3, mas internacionalmente se utiliza muito a 2A, 2B, 2C. A 2 significa que teve uma lesão muscular, apesar de a gente não saber o tamanho, porque pode ter sido ali 5%, pode ter sido 8%, pode ter sido 20% do músculo, a gente não tem isso, os clubes não divulgam isso de forma acertada. Mas se é uma lesão A, B ou C, seria interessante a gente saber, porque a lesão A é o músculo, B é a região miotendínea e C é a região intratendinosa. Então se você sabe a localização, você consegue acertar melhor o prognóstico. Lesão A varia ali de 17 a 20 dias, lesão B normalmente de 17 a 22 dias, a C um prognóstico um pouco mais demorado, pode chegar aí a 40 dias, a depender da gravidade da lesão até mais, cerca de 70 dias. Claro, se for uma lesão mais complexa”, destacou.
“Agora ele fica com o departamento de fisioterapia, sai imediatamente para controle da dor, não tem uma inibição do músculo, manter esse músculo ativo para que ele consiga cumprir esse prognóstico. Então, acredito que ele vai se afastar algumas semanas para poder tratar, se reabilitar e voltar às atividades quando atingir os critérios de retorno ao esporte, ou seja, correr sem dor, conseguir atingir a velocidade que ele atingia, ter um bom controle lombo pélvico, conseguir gerar aí a 80, 90% da força da perna contralateral, então tudo isso é importante”, prosseguiu Rodrigo.
Memphis deve perder o primeiro jogo das quartas de final da Copa do Brasil, mas pode retornar a tempo da volta. As datas-base da CBF para a realização dos confrontos são 27 de agosto e 11 de setembro. O sorteio do adversário do Timão será realizado nesta terça-feira, às 11h30 (de Brasília).
Lesões no músculo posterior da coxa de graus 1 e 2, como de Memphis, são tratadas de forma conservadora em três etapas: fase aguda (repouso, gelo, compressão e anti-inflamatórios), fase subaguda (mobilização, exercícios leves e alongamentos) e reabilitação funcional (fortalecimento, propriocepção e retorno gradual aos treinos e jogos).
Na atual temporada, o Corinthians já perdeu diversos por lesões. Titulares do Corinthians, Yuri Alberto, Rodrigo Garro e Gustavo Henrique são alguns exemplos. O grande número de partidas disputadas no futebol brasileiro é visto como um dos principais fatores que geram lesões nos atletas – não à toa, o técnico Dorival Júnior adotou um rodízio e tem preservado alguns jogadores para controle de carga.
Não à toa, o técnico Dorival Júnior adotou um rodízio desde sua chegada e tem preservado alguns jogadores de jogos específicos para controle de carga. Desde o retorno da Copa do Mundo de Clubes, por exemplo, o Timão disputou oito jogos em um período de 20 dias.
“A falta de tempo para recuperação, jogos semanais e viagens frequentes limita o tempo de descanso e recuperação dos jogadores. O corpo não tem tempo suficiente para se recuperar completamente entre os jogos, o que aumenta o risco de lesões por fadiga acumulada. O estresse repetitivo durante os jogos e treinos pode levar à sobrecarga nas articulações e músculos, resultando em lesões por uso excessivo. Lesões musculares como as na posterior da coxa, muitas vezes, são o resultado dessa sobrecarga contínua”, explicou Rodrigo Oliveira.
“O fato de os jogadores estarem constantemente competindo pode limitar o tempo dedicado a exercícios preventivos, como alongamento, fortalecimento muscular e treinamento de flexibilidade. Quando esses aspectos não são devidamente trabalhados, a chance de lesões aumenta. O calendário do futebol brasileiro inclui diversos campeonatos (Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil, Libertadores, Copa Sudamericana, etc.), o que faz com que os jogadores enfrentem jogos de alta intensidade de forma constante”, concluiu o profissional.
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