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·02 de abril de 2019
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O 25 de dezembro marca, para os cristãos, a chegada do ‘Salvador’, o nascimento de Jesus Cristo. Não é, porém, a única oportunidade que muitos têm para desejarem “Feliz Natal”. O torcedor do Flamengo, por exemplo, comemora com o mesmo bordão o 3 de abril, data em que, no ano de 1953, nasceu Arthur Antunes Coimbra. Zico, o maior jogador de todos os tempos no Rubro-Negro, responsável maior por levar o Clube da Gávea às conquistas que muitos não sabiam explicar como ainda eram inéditas no Mais Querido antes de o Galinho de Quintino assumir a camisa 10.
Zico estreou na equipe profissional do Flamengo em 1971, com vitória sobre o Vasco. Ao longo de sua carreira se tornaria incomparável no Rubro-Negro, mas dos seus primeiros momentos até começar a escrever o seu auge, as primeiras comparações eram com seus irmãos. Pouco após dar suas primeiras amostras no time principal, o cronista Nelson Rodrigues escreveria no Jornal dos Esportes: “O irmão menor de Edu e Antunes é o grande craque daquela família famosa. Será o maior jogador do mundo”.
A comparação com os irmãos mais velhos, que tiveram boas passagens pelos clubes menores do Rio de Janeiro, não tardou a acabar. E o destino fez questão de compará-lo com aquele que parecia ser intocável até Lionel Messi, décadas depois, entrar em cena provando que ao menos consegue iniciar este tipo de debate: Pelé. Coincidência ou não, a primeira temporada de Zico como titular regular do Flamengo, já assumindo a camisa 10, foi exatamente o 1974 que marcou a saída do Rei para o New York Cosmos – onde viveria os últimos momentos como profissional.
Logo em seu ano de estreia Zico ajudou o Fla a conquistar o Campeonato Carioca e quebrou o recorde histórico estipulado pelo ponta Dida (seu ídolo nos tempos de garoto): somou 49 bolas nas redes ao longo da campanha, superando os 46 daquele que para muito era o maior craque rubro-negro até então. Com a saída de Pelé do Santos, evidente que a relação seria traçada e o presidente do Flamengo à época, Hélio Maurício, bradou ao Jornal dos Esportes: “Terminou a era Pelé e começou a era Zico”.
O Alvinegro da Vila Belmiro, inclusive, queria o Galinho de Quintino para substituir o Rei. Foi no momento em que, apesar de jovem, Zico bicou para longe a comparação antes mesmo de ela existir: “Não pretendo sair do Flamengo. Se o Santos me contratar, será para ocupar uma posição no ataque, porque Pelé é insubstituível”, afirmou na época. Curiosidade do destino, o ídolo do Fla ganharia o apelido de “Pelé Branco” e não escondeu a tietagem quando o Rei do Futebol atuou com a camisa 10 rubro-negra, ao seu lado, em amistoso contra o Atlético-MG em 1979.
Zico também foi comparado a Maradona, seja na época em que o argentino estava no Boca Juniors quanto em meados da década de 1980, quando o brasileiro vestia a camisa da Udinese e ‘El Pibe’ era o protagonista do Napoli na era de ouro do futebol italiano. O que ajudou a desequilibrar a favor de Don Diego foram os títulos principais conquistados por sua seleção (Copa América e principalmente Copa do Mundo)... algo que por mais que o Galinho tentasse, acabou não conseguindo.
É exatamente o contraste entre o sucesso por clube com lamentos pela seleção que faz Zico ser, provavelmente, o jogador mais parecido a Lionel Messi. Ou que torna Messi o mais semelhante ao Galinho. Esta semelhança está presente em diversos momentos: dificuldade de crescimento quando jovem, papel desempenhado nos gramados e o fato de terem dado a emblemas como Flamengo e Barcelona, respectivamente, os títulos e aumento de peso que a relevância de tais clubes pedia.
Dois camisas 10, dois craques e muitas semelhanças. O exercício lúdico de comparar termina por aqui, até porque cada um é único à sua maneira. Mas só Zico tem um Natal só dele. E não faltaram presentes distribuídos aos seus: sete Campeonatos Cariocas, quatro títulos brasileiros, uma Libertadores, Mundial e lembranças inesquecíveis que apenas ícones incomparáveis do futebol são capazes de construir.
Nesta quarta-feira (03), Zico vai comemorar 67 anos no mesmo dia em que o seu Flamengo recebe o Peñarol pela Libertadores e não há dúvidas: o presente que ele mais deseja é uma vitória rubro-negra no Maracanã.