Voluntarioso, Juan Camilo Zúñiga atingiu o seu ápice com a camisa do Napoli | OneFootball

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Calciopédia

·17 de agosto de 2022

Voluntarioso, Juan Camilo Zúñiga atingiu o seu ápice com a camisa do Napoli

Imagem do artigo:Voluntarioso, Juan Camilo Zúñiga atingiu o seu ápice com a camisa do Napoli

Na transição entre as décadas de 2000 e 2010, o Napoli montou alguns ótimos times, nos quais se destacaram nomes como Marek Hamsík, Ezequiel Lavezzi e, depois, Edinson Cavani. Para as estrelas brilharem, os partenopei mantiveram um grupo de jogadores extremamente utilitários, como o colombiano Juan Camilo Zúñiga, que vestiu a camisa azzurra por sete anos.

Zúñiga cresceu na pequena cidade de Chigorodó, localizada no departamento de Antioquia, na Colômbia. Ainda garoto, ingressou nas categorias de base no Atlético Nacional e, aos 18 anos, fez a transição para o time de cima. Sua trajetória pelo “verde paisa”, aliás, seria um sucesso.


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O lateral-direito, que também atuava pelo flanco oposto, defendeu o time de Medellín por sete anos, sendo cinco deles como titular absoluto. No total, Zúñiga fez 140 partidas e nove gols pelo Atlético Nacional, e faturou três títulos colombianos com a camisa verdolaga – dois do Apertura e um do Finalización.

Com suas atuações, Camilo foi lembrado para a seleção sub-20 da Colômbia, com a qual ganhou o Sul-Americano da categoria – a talentosa geração, que contava ainda com Cristián Zapata, Fredy Guarín, Radamel Falcao García, Wason Rentería e Hugo Rodallega, ainda pararia nas oitavas de final da Copa do Mundo juvenil. Zúñiga também passou a defender a equipe principal dos cafeteros: o lateral estreou sob o comando de Reinaldo Rueda e, já na gestão de Jorge Luis Pinto, disputou a Copa América de 2007.

Aos 22 anos e com boa experiência internacional, Zúñiga despertou o interesse do futebol italiano. Assim, no verão europeu de 2008, desembarcou no Siena de Marco Giampaolo, que desembolsou a quantia de 2,3 milhões de euros para levá-lo à Toscana. Camilo chegou para assumir o lado direito da defesa dos bianconeri, que seria a sexta melhor do Campeonato Italiano – ainda que fosse formada por um estreante e jogadores de pouca grife, como os zagueiros Daniele Portanova, Gonçalo Brandão e Luca Rossettini, além do lateral-esquerdo Cristiano Del Grosso.

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No Siena, como um lateral-direito muito eficiente, Zúniga se valorizou e viu novas portas se abrirem (New Press/Getty)

Zúñiga teve uma rápida adaptação ao futebol italiano. O colombiano teve sua primeira chance como titular em derrota para o Empoli, na quarta fase da Coppa Italia, e, pouco mais de um mês depois, se consolidou no onze inicial do Siena. Depois de começar jogando contra o Milan, pela nona rodada da Serie A, Camilo não saiu mais do time, já que passou a se destacar pela força física, pela regularidade no apoio e pelos dribles em velocidade. No total, somou 29 aparições e ajudou os seneses a terem uma campanha tranquila, com folga de sete pontos para a zona de rebaixamento.

A qualidade mostrada por Zúñiga fez com que ele permanecesse apenas um ano no Siena: no verão de 2009, o Napoli acertou a sua contratação por 8,5 milhões de euros. O colombiano chegou ao sul da Itália na mesma janela em que aportaram outros bons nomes, como Fabio Quagliarella, Luca Cigarini, Hugo Campagnaro e Morgan De Sanctis, que se juntavam a peças como Hamsík, Lavezzi e Christian Maggio – sob o comando do técnico Roberto Donadoni. O time azzurro, que voltara à elite em 2007, tinha o ambicioso objetivo de se consolidar como frequente postulante a vagas em competições europeias.

Camilo estreou com uma assistência na derrota por 2 a 1 para o Palermo. O tropeço foi uma amostra do início negativo de temporada que afligiria os napolitanos e custaria o cargo a Donadoni: em outubro, Walter Mazzarri chegou para substituir o ex-meia e, de início, deu poucas oportunidades a Zúñiga. O colombiano demorou algumas partidas para ganhar a confiança do treinador e passar a figurar como titular absoluto, o que só ocorreu próximo ao final da Serie A 2009-10 – e na ala esquerda, no lugar de Jesús Dátolo, já que Maggio era o dono do flanco direito.

Com uma campanha de recuperação, o Napoli terminou na sexta posição da liga e conseguiu obter a classificação para a Europa League. Zúñiga, por sua vez, fechou o ano como titular (somou 24 aparições) e se redescobriu como jogador. Durante a maior parte de sua trajetória pelos partenopei, atuaria como ala ou lateral pela esquerda.

Para a temporada 2010-11, o Napoli foi buscar Cavani no Palermo, o que representaria uma mudança de patamar no projeto encabeçado pelo presidente Aurelio De Laurentiis e na própria carreira de Zúñiga. Tendo a confiança de Mazzarri, e jogando mais adiantado do que no início da sua passagem pela Itália, o colombiano se adaptou bem ao 3-4-2-1 do treinador e teve o seu ano mais produtivo pela equipe napolitana: foram 37 partidas, com dois gols marcados e cinco assistências. Com uma ótima campanha, o time azzurro terminou a Serie A na terceira posição e garantiu classificação para a Champions League.

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Foi no Napoli que Camilo passou a ser utilizado como lateral-esquerdo (Getty)

Um dos gols que Zúñiga anotou teve sabor especial. Na penúltima rodada da Serie A, o Napoli recebeu a Inter, que já tinha confirmado o vice-campeonato, e precisava pontuar para garantir sua vaga na Liga dos Campeões seguinte. Já na prorrogação do primeiro tempo, o time campano perdia por 1 a 0, mas, após lateral cobrado pela direita e um bate-rebate dentro da área, Camilo aproveitou a bobeira da zaga e com a sua típica raça, empurrou a bola para o gol na segunda dividida. Assim, empatou a partida e decretou o resultado que selou a vaga azzurra no torneio europeu. Os napolitanos estavam longe da competição desde 1991, quando ainda contavam com Diego Maradona e Careca em seu elenco.

Consolidado na equipe, Zúñiga ganhou ainda mais espaço na temporada 2011-12, na qual disputou 43 partidas e levantou o título da Coppa Italia, com vitória sobre a Juventus. O crescimento do colombiano era notório e se confirmou na campanha seguinte. O Napoli foi vice-campeão italiano e Camilo foi um dos grandes nomes do time, com seis assistências fornecidas em 32 aparições pela Serie A – totalizou 40, somando todas as competições.

Zúñiga era um dos melhores laterais esquerdos do futebol italiano e, naturalmente, atraiu o interesse da equipe que dominava o cenário nacional naquele momento: a Juventus, arquirrival do Napoli e, então, bicampeã consecutiva da Serie A. A boataria cresceu e os clubes chegaram a estabelecer tratativas, mas o colombiano ofereceu uma negativa pública e peculiar. Durante um amistoso contra o Galatasaray, disputado no estádio San Paolo, a torcida azzurra começou a entoar o cântico “chi no salta juventino è” – “quem não pula, é juventino”, em tradução livre – e o jogador começou a saltitar em pleno gramado. Foi o seu “fico”.

“Sinto-me um ‘napolitano colombiano’ graças às muitas boas lembranças que me ligam à cidade [de Nápoles]. Como posso esquecer meus amigos e fãs? Estão sempre no meu coração. Não marquei muitos gols pelos azzurri, mas todos são lindos: o contra a Inter, que nos permitiu voltar à Liga dos Campeões depois de muitos anos, é certamente o mais importante”, afirmou o atleta em entrevista ao site Napoli Magazine, especializado no clube partenopeo.

Quis o destino que os saltos fossem um dos seus últimos momentos impactantes pelo Napoli. Já sob o comando do espanhol Rafa Benítez, na temporada 2013-14, foi recuado para atuar como lateral-esquerdo no esquema 4-2-3-1 e forneceu três assistências em seis jogos – em vitórias sobre Bologna, Borussia Dortmund e Milan, sendo que foi até capitão nesta partida. Contudo, seu joelho direito doía muito, por causa de uma calcificação. Zúñiga teve de ser submetido a uma cirurgia para corrigir o problema e voltou aos campos apenas em maio. Do banco de reservas, ainda pode comemorar o seu segundo título de Coppa Italia, graças ao triunfo dos partenopei sobre a Fiorentina.

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Muito útil para o funcionamento do esquema de Mazzarri, Zúñiga levantou três taças pelo Napoli (Getty)

Recuperado da operação a que foi submetido, Zúñiga foi convocado para defender a Colômbia na Copa do Mundo de 2014. Titular absoluto da equipe – na lateral direita, visto que Pablo Armero era o dono do flanco oposto –, Camilo participou de quatro jogos da boa campanha dos cafeteros. Isso até esbarrar no Brasil, dono da casa, nas quartas de final do torneio. E foi nesta partida que o jogador viveu a maior polêmica de sua carreira.

Em uma disputa de bola com Neymar, o colombiano acertou uma joelhada nas costas do brasileiro, que foi ao solo com muitas dores na região. O lance rendeu uma fratura na terceira vértebra lombar do atacante, que perdeu o restante da competição. A seleção cafetera, por sua vez, foi derrotada por 2 a 0 no duelo, que ocorreu em Fortaleza, e terminou eliminada do Mundial.

Para Zúñiga, a situação não se encerrou ali: o lateral foi alvo de ataques racistas nas redes sociais, e até a sua filha de dois anos foi alvo de xingamentos de torcedores revoltados com o acontecido. Camilo foi “absolvido” por Thiago Silva, que jogara no Milan, o conhecia do futebol italiano e afirmou que o adversário jamais lesionaria um colega de profissão de propósito. O lateral também mandou uma mensagem de desculpas a Neymar. Adiantou pouco para a odienta claque digital.

Após a Copa do Mundo, lesões e mais dores começaram a assombrar o jogador colombiano. Além de passar muito tempo afastados dos gramados, Zúñiga teve que lidar com a morte do pai, em 2016, um assalto à casa de sua madrasta e até com acusações de manter um caso extraconjugal, do qual já teria até um filho.

Convivendo com polêmicas e dores crônicas, Camilo foi observando a sua passagem pelo Napoli se encerrar. Em janeiro de 2016, foi emprestado ao Bologna, em busca de minutagem, mas foi utilizado apenas nove vezes por Donadoni e pouco contribuiu para a campanha dos rossoblù, que terminaram a Serie A em 14º lugar.

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Combalido pelas lesões, Zúñiga teve uma curta passagem pelo Bologna (Getty)

Em 2016-17, Zúñiga teve a chance de atuar na Premier League: por empréstimo, passou ao Watford e voltou a trabalhar com Mazzarri, por quem nutria grande respeito. “Mazzarri, apesar da minha resistência, me ensinou muito e terei que agradecê-lo para sempre. Acima de tudo, ele me colocou na lateral esquerda e me tornou um dos melhores do campeonato [Italiano]. Não é nada fácil, pois com a Colômbia eu jogava na direita, mas ele estava certo e, no fim das contas, eu fui bem nas duas posições”, afirmou ao Napoli Magazine.

No Watford, as más condições físicas limitaram as atuações do colombiano, que fez 22 partidas. A mais marcante delas foi, sem dúvidas, contra o Manchester United: Zúñiga entrou em campo aos 83 minutos, mas anotou um gol e sofreu um pênalti na vitória por 3 a 1 sobre os Red Devils. Ao fim da temporada, com os Hornets salvos do descenso, Camilo voltou ao Napoli. No entanto, jamais voltou a jogar pelo clube: afastado por Maurizio Sarri, encerrou a sua passagem pelos azzurri em janeiro de 2018, com 162 aparições.

Um dos maiores colombianos que atuaram no futebol italiano, Zúñiga tentou recuperar a sua carreira onde tudo começou. A segunda passagem pelo Atlético Nacional, no entanto, não seria tão gratificante. Em mais um momento polêmico, desta vez na final da Liga Águila, contra o Tolima, foi expulso pouco depois de entrar em campo, já nos derradeiros minutos. Camilo teve que assistir, do vestiário, o empate do rival, e a derrota de seu time nas penalidades. Um duro golpe final para o jogador, que não conseguir manter a forma física e, depois de apenas cinco partidas, optou pelo encerramento precoce da carreira, aos 32 anos.

Após encerrar sua carreira profissional, Zúñiga passou a manter uma escolinha de futebol e um instituto na Colômbia. “Agora posso me dedicar à minha família: temos uma fundação para dar chance a muitas crianças, além de uma escolinha, porque gosto de encontrar talentos. Acredito que aqueles que tiveram mais chances devem fazer algo pelos menos favorecidos”, afirmou. Um grande exemplo.

Juan Camilo Zúñiga Mosquera Nascimento: 14 de dezembro de 1985, em Chigorodó, Colômbia Posição: lateral-direito e lateral-esquerdo Clubes: Atlético Nacional (2003-08 e 2018), Siena (2008-09), Napoli (2009-16 e 2017-18), Bologna (2016) e Watford (2016-17) Títulos: Sul-Americano Sub-20 (2005), Campeonato Colombiano (Apertura, 2005; Apertura e Finalización, 2007), Coppa Italia (2012 e 2014), Supercopa Italiana (2014) e Copa da Colômbia (2018) Seleção colombiana: 62 jogos e 1 gol

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