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·09 de maio de 2025
Vice-campeão da Liberta com o Santos desbrava o futebol árabe

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O futebol saudita se tornou nos últimos anos o palco dos recordes de Cristiano Ronaldo, a terra dos salários milionários e um novo lugar para recomeçar. Pelo menos para Jobson. O volante, finalista da Libertadores com o Santos e destaque do Paulistão em 2019, superou uma grave lesão e encontrou no novo "eldorado" uma retomada na carreira.
Jobson passou pelas categorias de base de São Paulo e Coritiba, antes de estrear no profissional do Palmeiras. Apesar de fazer parte do elenco campeão da Copa do Brasil em 2015, o meia recebeu poucas oportunidades no time profissional e rodou por empréstimos no interior paulista até sair em definitivo para o Náutico.
No Timbu, acabou cedido ao Red Bull Brasil, após o fim do calendário nacional, para a disputa da Copa Paulista. Para Jobson, o primeiro grande recomeço da sua carreira veio sob o comando de Antônio Carlos Zago.
"Na verdade, eu fui emprestado só para não ficar parado, era para continuar atuando até dezembro, porque o Náutico não teria mais calendário", destacou Jobson.
"Eu disputei uma Copa Paulista com o Zago e ele me falou: 'você tem um potencial que talvez nem saiba que tenha'. Então, me fez o convite para permanecer lá no próximo ano e o Red Bull me comprar do Náutico. Ele disse que apostava muito em mim e acreditava que se eu continuasse lá poderia me destacar e começar realmente a minha carreira", relembrou.
"Eu ouvi dele e isso foi algo muito importante para mim. Acredito que quando eu tive essa confiança, junto com todas as conversas que tivemos no dia a dia, foi fundamental para que eu conseguisse fazer um ótimo Campeonato Paulista, e dali começar a acreditar um pouco mais do que eu era capaz de fazer", completou.
Sob o comando de Zago, Jobson precisou de apenas 11 jogos em Bragança Paulista para despertar o interesse de clubes da Série A após o estadual. No radar de São Paulo, Athletico Paranaense, Cruzeiro e Atlético Mineiro, o destaque do Bragantino optou por aceitar a proposta do Santos, a pedido de Jorge Sampaoli.
Entretanto, o sonho de atuar com o técnico argentino se tornou um pesadelo na carreira do meia. Sem cair nas graças do treinador, Jobson foi escanteado por Sampaoli e demorou seis meses para receber a primeira chance.
"Eu escolhi o Santos justamente por ter sido um pedido dele, mas quando cheguei lá foi totalmente diferente do que imaginei. Achei que daria sequência ao meu bom momento no Paulistão, mas acabei indo para a geladeira. Foi um momento difícil da minha carreira, porque passei a me questionar se eu realmente servia para o Santos", confirmou Jobson.
"Foram longos seis meses, eu tentava chamar a atenção dele de todas as formas e não tinha respostas dos motivos. Ele apenas dizia em coletivas, que eu não tinha entendido a forma dele jogar. Nesse tempo, eu procurei estudar, mudar algumas coisas na minha forma de jogar e descobri que Ganso também havia passado por esta situação com ele no Sevilla", completou
Embora a decepção no primeiro semestre na Vila Belmiro, Jobson revela não ter mágoa do treinador argentino, apenas relembrar com tristeza o início apagado com a camisa do Peixe.
Assim como Zago no Bragantino, o meia encontrou outro treinador que lhe resgatou a confiança e o recolocou em boa fase. Após a saída de Sampaoli, Jobson recomeçou do zero a sua trajetória no Santos sob o comando de Cuca.
O jogador já havia voltado a ser utilizado com frequência, ainda no time treinado pelo português Jesualdo Ferreira, mas recuperou de vez a confiança nas mãos de Cuca.
"O Cuca chegou e formou uma família ali, até o pessoal que trabalhava como funcionário se sentia parte do grupo. Ele fazia bingos, resolvia problemas internos, sempre dava um jeito. Uma tia da cozinha que precisava de alguma coisa, ele mesmo ia lá e proporcionava para ela. Então, ele conseguiu formar uma família em que todo mundo se preocupava com todo mundo e eu acredito que o principal foi isso para potencializar aquele elenco", destacou Jobson.
"Eu acho que essa questão do treinador, hoje, não é só taticamente, tem um pouco da questão de gerir pessoas, gerir o grupo psicologicamente, tanto que hoje em dia a questão mental no futebol está muito mais forte. Eu acredito que o treinador tem que saber lidar com pessoas", completou.
Sob o comando de Cuca, Jobson deslanchou com a camisa santista, assumiu a titularidade no segundo semestre da temporada e somou 26 jogos. Pilar no meio-campo ao lado de Diego Pituca e Alison, o jogador atuou por toda a campanha do vice-campeonato da Libertadores, mas precisou conviver com um novo obstáculo da carreira.
Às vésperas da final contra o Palmeiras, no Maracanã, Jobson sofreu uma lesão de ligamento do joelho em um treinamento, perdeu o restante da temporada e praticamente se despediu do Santos.
"Foi um período que eu passei por um questionamento muito grande, parecia que eu me autossabotava, porque sempre acontecia algo quando eu estava perto de viver o melhor momento da minha carreira", revelou o jogador.
Jobson ficou por um ano longe dos gramados, novamente no melhor momento da carreira, e encerrou a sua passagem pela Vila Belmiro. Em busca de um novo recomeço, o volante retornou ao Náutico, mas ficou por pouco tempo até, de fato, retomar uma sequência na carreira no Arábia Saudita.
Jobson disputou 17 partidas emprestado pelo Santos ao Náutico, após receber uma proposta do futebol saudita. A procura de novos ares e de uma nova experiência na carreira, o volante aceitou a aventura mesmo desconhecendo o destino.
"Quando recebi a oferta, apenas soube que era um valor interessante financeiramente e que era um mercado que estava crescendo para os brasileiros. Como eu vinha de um longo período lesionado e sabia que os clubes no Brasil teriam alguma resistência em me contratar por conta da lesão, resolvi aceitar o desafio e recomeçar a minha carreira em um lugar diferente", ressaltou Jobson.
Contratado pelo Al Arabi, da segunda divisão saudita, o brasileiro se adaptou rapidamente ao novo destino e reencontrou a confiança para voltar a jogar. Nesta temporada, Jobson trocou o Al-Arabi pelo Al-Jabalain e vive o melhor momento da carreira.
Além das atuações sólidas defensivamente, Jobson também mostrou sua veia artilheira na Arábia e, nos últimos dois anos, superou as suas participações em gols no Brasil. Em 2024/25, o volante soma cinco gols e duas assistências em 27 jogos.
"Eu e minha família tivemos uma adaptação muito rápida e isso me ajudou muito. Se você vem para cá com a cabeça tranquila e disposto a trabalhar, encontra um ambiente muito favorável. Aqui nós jogamos uma vez por semana, não é como a loucura do Brasil, e isso permite que eu fique muito mais tempo junto da minha família e considero isso muito importante", avaliou.
A duas rodadas do final da temporada, Jobson ainda busca levar o Al Jabalain ao acesso. O clube está separado por um ponto da zona de classificação e vive a expectativa de voltar à elite do futebol saudita.
Na terceira temporada disputando a divisão, o brasileiro avalia positivamente a evolução técnica, desde que chegou, e acredita que o aumento dos investimentos fará a segundona árabe ainda mais atraente para os brasileiros.
"Quando eu cheguei, eu senti a diferença de nível técnico, até mesmo para divisões inferiores do Brasil. Mas, nos últimos anos, os investimentos cresceram consideravelmente. Na temporada passada, o Al-Qadisiyah que está na primeira divisão, tinha o André Carrillo, do Corinthians, e o Luciano Vietto, que passou pelo Al Hilal. Neste ano, Romarinho e o Carlos reforçaram o Neom", destacou.
"Os investimentos na primeira divisão e o limite de estrangeiros acabam trazendo bons jogadores para a segunda divisão. É um processo natural e quem ganha com isso é a competição e os jogadores que estão nela, com uma disputa cada vez maior", explicou.
Focado na reta final da temporada, Jobson não fecha a porta para nenhum destino, mas prevê a continuidade no futebol árabe. Com desejo para renovação por parte do Al Jabalain, o brasileiro pretende primeiro buscar o objetivo na temporada para depois pensar no próximo passo.
"Esta é uma temporada muito importante na minha carreira e quero me manter focado ao máximo até o final. Somente depois, vou pensar no futuro. Tenho muito interesse em disputar a primeira divisão da Arábia Saudita e sei que algumas propostas podem surgir", finalizou Jobson.