
Gazeta Esportiva.com
·02 de agosto de 2025
VaideBet: Augusto Melo recebe oficial de Justiça e tem 10 dias para apresentar defesa

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·02 de agosto de 2025
Augusto Melo, réu no caso VaideBet, recebeu um oficial de Justiça nesta sexta-feira, em São Paulo. O presidente afastado do Corinthians, na ocasião, tomou posse do Mandado de Citação e agora tem 10 dias para apresentar, por escrito, uma resposta à acusação.
Após procurar por Augusto Melo nos últimos oito dias, desde o despacho judicial, o representante da autoridade pública esteve com o dirigente no escritório do Dr. Ricardo Jorge, advogado que integra a defesa e também fora diretor na gestão do presidente afastado, conforme apurou com exclusividade a Gazeta Esportiva.
Com o documento em mãos, o Augusto Melo precisa apresentar sua resposta em 10 dias corridos a partir de segunda-feira, 4 de agosto. Ou seja, o prazo se estende até o próximo dia 13 do mesmo mês.
Na resposta, Augusto deverá “alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e indicar testemunhas até o limite legal, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário, nos termos dos artigos 396 e 396-A do Código de Processo Penal, com redação dada pela Lei 11.719/2008”.
De agora em diante, qualquer manifestação da juíza responsável pelo caso, Dra. Marcia Mayumi Okoda Oshiro, torna-se uma intimação.
Augusto Melo usando boné da VaideBet (Foto: Rodrigo Gazzanel/Corinthians)
No último dia 22 de julho, a juíza Marcia Mayumi Okoda Oshiro acatou a decisão do Ministério Público após o indiciamento de Augusto Melo e iniciou um processo penal contra o mandatário alvinegro pelos crimes de furto qualificado, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Além dele, também se tornaram réus os demais indiciados Marcelo Mariano (ex-diretor administrativo do Corinthians), Sérgio Moura (ex-superintendente de marketing) e Alex Fernando André, conhecido como Alex Cassundé (dono de empresa intermediária). Denunciados pelo Ministério Público por lavagem de dinheiro, os empresários Victor Henrique Shimada e Ulisses de Souza Jorge, indicados como operadores financeiros de empresas envolvidas no esquema, também serão julgados.
Na denúncia, os promotores do Ministério Público exigiram que os denunciados – agora réus – paguem 40 milhões ao Corinthians como indenização. O órgão entendeu que a suposta trama criminosa entre dirigentes do Timão e o empresário Alex Cassundé rendeu tal valor de prejuízo ao clube.
A quantia é referente a: R$ 1,4 milhão pago pelo Corinthians à Rede Social Media Design LTDA, pela intermediação do contrato com a VaideBet, além de R$ 38.892.857,14 pagos pelo clube pelo rompimento do vínculo com a Pixbet, ex-patrocinadora.
(Foto: Divulgação / @augustomelooficial)
O Corinthians, por meio do superintendente jurídico Leonardo Pantaleão, solicitou habilitação como assistente de acusação no processo penal, o que permite ao clube a participar ativamente da ação, apresentando provas, sugerindo investigações ou questionando os denunciados durante as audiências.
O contrato assinado entre Corinthians e VaideBet virou alvo de investigação policial após a suspeita de irregularidades no processo de intermediação do acordo. Foram descobertos repasses de receitas oriundas de pagamentos do clube para a Rede Social Media Design LTDA, empresa de Cassundé.
Posteriormente, parte destes valores foram transferidos para uma empresa ‘laranja’ e chegaram a uma conta vinculada ao crime organizado, conforme comprovou o relatório assinado pelo delegado Tiago Fernando Correia, do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), responsável pelo caso.
Segundo o MP, “está muito claro os caminhos tortuosos e ilegais que o dinheiro percorreu a partir do momento em que saiu dos cofres corintianos”. O órgão também diz que o montante “passou por empresas manifestamente fantasmas e, tudo indica, recebedoras ’em trânsito’ de valores escusos provenientes de estruturas criminosas e de empresas, notadamente, utilizada para as mais diversas formas de lavagem de capitais”.
(Foto: Reprodução/TV Gazeta)
A partir de agora, o processo criminal seguirá os trâmites estabelecidos pelo Código Penal, e os acusados (Augusto Melo, Sérgio Moura, Alex Cassundé, Marcelo Mariano, Victor Henrique Shimada e Ulisses de Souza Jorge) terão direito à defesa. Haverá, portanto, audiências, novos depoimentos e produção de provas.
Ao final da análise judicial do processo, fica a cargo do juiz responsável decidir pela condenação ou absolvição dos acusados indiciados por seus respectivos crimes no caso VaideBet.
Rubão, ex-diretor de futebol, e Augusto Melo (Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians)
Em meio ao processo judicial, Augusto Melo terá seu futuro definido no Corinthians no próximo dia 9 de agosto. Nesta data, haverá a Assembleia Geral dos sócios, que irão ratificar ou não o impeachment do presidente. A votação será das 9h às 17h (de Brasília), no Parque São Jorge.
Em entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira, o presidente do Conselho Deliberativo do clube, Romeu Tuma Júnior, explicou as consequências de um possível retorno de Augusto Melo à presidência do Timão. Além disso, como revelou a reportagem da Gazeta Esportiva, uma eventual volta pode representar um potencial risco jurídico, visto que os contratos do holandês Memphis Depay e dos patrocinadores do Timão possuem cláusulas anticorrupção, que podem ser ativadas unilateralmente e gerar gastos elevados ao clube.
“Sabe o que vai acontecer (se Augusto voltar)? O Corinthians vai parar. Ele tem seis processos de impeachment para responder. Ou a gente vira a página no dia 9 ou esquece”, afirmou Tuma.
“Se for referendada a decisão [impeachment], acabou. Cabe ao presidente do CD marcar uma eleição indireta. O Conselho vai decidir quem será o presidente até o fim do mandato. Agora, se o sócio não referendar, aí vamos ter sérios problemas. Posso afastá-lo liminarmente por conta das contas desaprovadas, além dos vários outros pedidos de impeachment”, concluiu.
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