Última Divisão
·30 de janeiro de 2024
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Por Umberto Dissenha
O domingo, 23 de novembro de 2003, prometia.
Seu Vasco, um amigo moçambicano, veio me buscar com sua van para irmos assistir a Moçambique x Guiné-Conacri, pela primeira fase dass eliminatórias africanas para a Copa do Mundo de 2006. O grande Estádio da Machava lotado. No jogo de ida, Guiné havia ganhado por 1 a 0, fazendo com que os Mambas precisassem de uma vitória por dois gols de diferença.Os dois melhores jogadores de Moçambique chamavam-se Dário e Tico-Tico. Dário era um meia-atacante, que jogava pela Académica de Coimbra (Portugal), e Tico-Tico um atacante que joga pelo Jomo Cosmos (África do Sul).
Com a bola rolando, Moçambique começa pressionando, mas sem objetividade. Consegue, em torno dos 15 minutos, um chute raspando à trave esquerda do guarda-redes de Guiné. Minutos depois, no primeiro lance de perigo de Guiné, o goleiro moçambicano Antoninho solta a bola nos pés de um atacante Souleymane Youla, que abre o placar com um chute na gaveta.
O jogo continua, Moçambique pressiona, mas como o goleiro da casa continua o mesmo, quem leva mais perigo acaba sendo Guiné, que faz mais dois gols ainda no primeiro tempo – ambos com Sambegou Bangoura.
Imagem: Umberto Dissenha/Acervo pessoal
A segunda etapa se inicia com a troca do goleiro de Moçambique. No entanto, primeiro lance de perigo de Guiné, sai o quarto gol no arqueiro gorducho João Kapango, que agora estava em campo. De novo com Sambegou Bangoura.
Logo em seguida, ainda enquanto o time de Guiné comemorava, uma bagunça começa atrás da meta. A torcida de Moçambique vai à loucura com aquilo e eu não entendia nada. Bem, o fato é que depois disso, o craque moçambicano Dário fez três gols e encheu a todos de esperança, que não foi confirmada com o final do jogo: Moçambique 3 x 4 Guiné, e a eliminação moçambicana.
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Na segunda-feira posterior, assisti a um programa de esportes que apresentava uma reportagem sobre o jogo. Finalmente fiquei sabendo o que havia acontecido após o quarto gol: o goleiro da Guiné fez uma macumba no campo, enterrando uma agulha de cerca de 20 cm no gol que ele próprio defendia. Um gandula descobriu, desenterrou a agulha e fez um estardalhaço no próprio campo junto a jornalistas e outros que ali estavam e acabou chegando na torcida, que fez toda aquela cena.
No programa esportivo, alguns torcedores foram entrevistados. Alguns queriam que a federação moçambicana de futebol intervisse na Fifa sobre o resultado do jogo, alegando uma mandinga indevida.
Imagem: Umberto Dissenha/Acervo pessoal
Vale lembrar: depois de a agulha ser retirada, Moçambique fez três gols. Coincidência?
Umberto Dissenha é programador. Entre agosto de 2003 e agosto de 2005, teve o prazer de morar em Maputo, capital de Moçambique.