Última Divisão
·13 de novembro de 2024
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O 13 de novembro de 2024 foi o dia escolhido para o lançamento de O campeão da vida – perdoar para viver, a biografia de Régis Júnior, escrita por Luiz Fernando Aquino e Fernando Rocha.
A data não foi escolhida ao acaso. Exatos 25 anos antes, em 13 de novembro de 1999, Régis Júnior foi vítima de um dos episódios mais violentos da história do futebol brasileiro, tendo que abandonar a carreira aos 21 anos.
Naquele sábado, Santo Ângelo e Caxias se enfrentavam no Estádio da Zona Sul pela terceira rodada do returno da Copa Mais Fácil, um torneio para manter em atividade no segundo semestre os clubes do interior gaúcho.
O placar marcava 1 a 1 no fim do jogo – Maurício fez para os donos da casa aos 6 minutos do segundo tempo, enquanto Carlos empatou aos 18. Até que, aos 48 minutos, o zagueiro Darzone, do Santo Ângelo, aproveitou a confusão de uma bola cruzada para a área e acertou um soco na cabeça de Régis, zagueiro do Caxias.
Enquanto o goleiro Soster, do Caxias, preparava a reposição da bola, Régis caiu desacordado e precisou ser retirado de maca do gramado. Em coma, passou 17 dias em uma UTI. Os médicos temiam pelo pior, mas ele sobreviveu. Precisou fazer fisioterapia para voltar a andar e falar. Queria voltar a jogar, mas nunca mais conseguiu.
“O que mais me magoa é pensar que ele sequer ligou para dizer ‘desculpa, cara, eu não pensei antes de fazer aquilo’”, relevou Régis em entrevista publicada pelo jornal Zero Hora em 11 de março de 2001 – os dois só iriam se falar pela primeira vez em 2003. “Eu não tenho raiva dele, tenho pena. Tenho certeza de que, se ele soubesse das consequências, não teria feito aquilo. Deve estar muito arrependido.”
Darzone se arrependeu mesmo.
“Tomei uma atitude que jamais deveria ter tomado. Se a gente pudesse voltar para trás, a gente saberia da minha parte que jamais deveria ter feito aquilo”, reconheceu, em entrevista à Rede Globo.
Darzone ficou conhecido como um jogador violento e teve dificuldades para retomar a carreira. Em 2000, passou seis meses sem jogar, trabalhando como pedreiro em Santa Maria e ajudando o sogro, eletricista.
Quando conseguiu voltar aos gramados, voltou no futebol catarinense, pelo Alto Vale. Ainda passou pouco mais de um mês no RKC, da Holanda. Depois, tentou a sorte no Porto, de Caruaru (PE), onde não recebeu salários nos três meses em que vestiu a camisa do clube. Voltou ao Rio Grande do Sul sem saber o que faria.
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Em fevereiro de 2001, Darzone recebeu o convite de um amigo para defender uma equipe amadora de Santa Maria em um amistoso em São Gabriel (RS). O time foi goleado por 6 a 0, mas a atuação do zagueiro chamou a atenção de Oscar Hermes, presidente do São Gabriel.
Somente mais tarde foi que o dirigente soube quem era o zagueiro em questão. Consultou a diretoria e a comissão técnica, e recebeu o aval para contratar Darzone. Receberia pouco menos de três salário mínimo – quase um terço do que recebia no Santo Ângelo.
“Minha esposa chorava todas as noites, e eu precisei procurar tratamento psiquiátrico. Não conseguia dormir mais”, alegava Darzone em março de 2001 à Zero Hora agradecendo à nova oportunidade no futebol e lembrando ter esposa e um filho de três anos para sustentar. “Eu gostaria muito de reencontrar o Régis, embora não saiba o que diria para ele. Todo mundo erra, mas ninguém quer me perdoar.”
Naquela temporada, o São Gabriel foi vice-campeão da segunda divisão do Campeonato Gaúcho, ganhando vaga para disputar o Gauchão de 2002.
Darzone acabou condenado a dois anos de prisão em regime aberto. Nos anos seguintes, passou por diversos clubes gaúchos, como São José, Guarany de Bagé, Inter de Santa Maria e Avenida, além de ter atuado em 2005 pelo Brasiliense. Aposentou-se em 2012 pelo Três Passos.
Régis, então em ascensão, viu a carreira acabar e nem sequer se lembra da partida. Formou-se em Educação Física pela Ulbra e foi trabalhar em uma academia de Gravataí, mas não se firmou. Casou-se e tem uma filha. Foi ajudar a esposa no trabalho como designer gráfico. Recebe pensão do INSS e aguardava a indenização à qual teria direito.
FICHA TÉCNICA Santo Ângelo 1 x 1 Caxias
Local: Estádio da Zona Sul, em Santo Ângelo (RS) Data: 13 de novembro de 1999, sábado Público: Indisponível Árbitro: Nairon Silva Gols: Maurício (STA), aos 6 min do 2º tempo; Carlos (CAX), aos 18 min do 2º tempo Cartões amarelos: Valdir, Edenílson e Darzoni (STA); Paulo César, Patríck, Eduardinho e Dirceu (CAX) Cartões vermelhos: Nenhum
SANTO ÂNGELO: Marcão; Guto, Jesum, Valdir (Nielsen) e Edenílson; Vandré (Téco), Marquinhos (Júnior), Darzoni e João Luíz; Douglas (Caçapa) e Maurício Técnico: Indisponível
CAXIAS: Soster; Carlos (Vinícius), Régis, Paulo César e Felipe; Patríck, Eduardinho (Maranhão), Israel e Claúdio; Dirceu (Castro) e Jorge (Ezequiel) Técnico: Tite
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