Gazeta Esportiva.com
·10 de fevereiro de 2023
In partnership with
Yahoo sportsGazeta Esportiva.com
·10 de fevereiro de 2023
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, se mostrou contrário a uma futura participação de atletas russos nos Jogos Olímpicos de 2024, em Paris, ao tentar convencer os ministros dos Esportes de vários países, nesta sexta-feira.
“Enquanto a Rússia matar e aterrorizar, os representantes deste estado terrorista não têm lugar nos esportes e nas competições olímpicas”, disse Zelensky, em uma reunião por videoconferência com ministros dos Esportes de vários países e organizada pelo governo britânico.
“A simples presença de representantes do Estado terrorista é uma manifestação de violência e impunidade”, continuou e acrescentou: “e isso não pode ser encoberto por uma suposta neutralidade ou uma bandeira branca”.
A Ucrânia se opõe à eventual presença de atletas russos e bielorrussos nos Jogos Olímpicos de Paris-2024, como planeja o Comitê Olímpico Internacional (COI), e ameaça boicotar a competição.
O presidente do COI, Thomas Bach, denunciou em um e-mail datado de 31 de janeiro e divulgado na quinta-feira, essa posição ucraniana, que vai, em sua opinião, “contra os fundamentos do movimento olímpico”.
Os jogos olímpicos de 2024 acontecerão em Paris (Foto: FRANCK FIFE/AFP)
Segundo Bach, essas ameaças de Kiev são percebidas como “extremamente lamentáveis” pela “grande maioria” dos Comitês Olímpicos Nacionais (NOCs) e das federações internacionais.
“E, como a história mostra, os boicotes anteriores não atingiram seus objetivos políticos e serviram apenas para punir os atletas, nos países mencionados”, continua Thomas Bach, que foi privado da defesa de seu título olímpico na esgrima por equipe devido ao boicote alemão aos Jogos Olímpicos de 1980, em Moscou.
O dirigente recorda ainda que qualquer boicote desportivo “é uma violação da Carta Olímpica”, sem evocar explicitamente sanções de forma explícita.
A hostilidade ucraniana à presença de atletas russos é apoiada pelos tradicionais aliados de Kiev, como a Grã-Bretanha e a Polônia. Os Estados Unidos, por outro lado, se pronunciaram a favor do compromisso da bandeira neutra.
Mas até agora apenas um punhado de países considera um boicote, como a Polônia e a Estônia. A Letônia também alertou que “não participaria dos Jogos junto com o país agressor”, decisão que seria inédita desde os boicotes cruzados aos Jogos Olímpicos de 1980, em Moscou, e, depois, aos de 1984, em Los Angeles, durante a Guerra Fria.
Zelensky garantiu, nesta sexta-feira, que Moscou utilizaria a participação dos atletas para efeitos de “propaganda de guerra”.
“Se os esportes olímpicos fossem matar e atingir com mísseis, então você sabe qual equipe ficaria em primeiro lugar”, ironizou.
Desde o início da invasão russa da Ucrânia, há quase um ano, atletas russos e bielorrussos foram banidos da maioria dos eventos mundiais, embora alguns esportes, como tênis e ciclismo, permitam sua participação sob uma bandeira neutra.
O COI propôs, no final de janeiro, um roteiro para organizar o retorno desses atletas com bandeira neutra, desde que “não tenham apoiado ativamente a guerra na Ucrânia”. A decisão de admiti-los, esporte por esporte, dependerá das federações internacionais, sem um calendário estabelecido até o momento.
O presidente francês, Emmanuel Macron, cujo país sedia as Olimpíadas de 2024, disse que quer falar pessoalmente “no verão”. Entretanto, durante a Copa do Mundo de 2022, no Catar, o chefe de Estado francês havia garantido que “não se deve politizar” o esporte.
Emmanuel Macron, durante a Copa o Mundo de 2022 (Foto: Paul ELLIS/AFP)