Trivela
·09 de março de 2022
Três duelos do passado da Champions que serão reeditados nas oitavas da Liga Europa

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·09 de março de 2022
A Liga Europa vive uma de suas melhores temporadas dos últimos anos, algo beneficiado pela mudança de formato no torneio, mas também proporcionado pelo peso das equipes que prevaleceram na primeira fase dos mata-matas. E o sorteio das oitavas de final garantiu vários jogaços, alguns deles com muita história nas copas europeias. Abaixo, destacamos os três com antecedentes: Estrela Vermelha x Rangers, Barcelona x Galatasaray e Porto x Lyon. Vale lembrar que as oitavas começam já nesta quarta, com Betis x Eintracht Frankfurt e o próprio Porto x Lyon.
O primeiro duelo aconteceu nas oitavas da Copa dos Campeões de 1964/65, quando o Rangers venceu a ida em Glasgow por 3 a 1 e o Estrela Vermelha deu o troco com os 4 a 2 em Belgrado. Sem a regra dos gols fora, os Teddy Bears avançaram com novos 3 a 1 no desempate em Londres. O embate mais notável, ainda assim, ocorreu nas oitavas da Copa dos Campeões de 1990/91, exatamente aquela que consagrou o Estrela Vermelha como campeão continental, em final vencida contra o Olympique de Marseille.
Dirigidos por Ljupko Petkovic, os iugoslavos escalavam seu timaço com Darko Pancev, Miodrag Belodedici, Robert Prosinecki, Vladimir Jugovic e outros grandes nomes – apesar das ausências de Dejan Savicevic e Sinisa Mihajlovic. Já os escoceses começavam a construir seu eneacampeonato nacional reunindo nomes como Ally McCoist, Mark Hateley, Chris Woods, Trevor Steven e Mo Johnston, além de Graeme Souness como treinador. O que poderia ser um duelo equilibrado, no entanto, acabou resolvido logo na ida pelos alvirrubros – algo já pressentido por Walter Smith, então assistente técnico dos Gers, que depois se firmaria como lenda à frente do time. Segundo consta, depois de observar os adversários, seu relatório foi curto e grosso: “Estamos fodidos”.
O Estrela Vermelha emplacou logo de cara um 3 a 0 em Belgrado, com uma atmosfera incendiária no Marakana. Os iugoslavos abriram o placar logo aos oito minutos, com um gol contra de John Brown, e criariam uma porção de chances no restante da primeira etapa. Os outros tentos vieram só no segundo tempo. Prosinecki anotou um belo gol de falta, em tiro que tocou a trave antes de entrar. Por fim, Pancev fez grande jogada individual e completou após tabela. Já em Ibrox, o empate por 1 a 1 foi insuficiente ao Rangers. Os visitantes até abriram o placar com Pancev, até que McCoist desse números finais.
A vingança do Rangers ocorreu em 2007/08, pelas preliminares da Copa da Uefa. Eram tempos bem distintos aos dois clubes. Treinados pelo mesmo Walter Smith, os Teddy Bears conseguiram despachar os sérvios antes da fase de grupos. Aquela seria a última grande campanha continental dos escoceses, com a equipe que terminaria vice-campeã, derrotada na final contra o Zenit.
Na virada do século, Barcelona e Galatasaray se enfrentaram repetidas vezes pela Champions. Os primeiros duelos aconteceram em 1993/94, quando os blaugranas foram tetracampeões espanhóis, mas perderam amargamente a final continental. Pela fase de grupos do torneio, que botava direto nas semifinais, o Gala pressionou no 0 a 0 de Istambul, mas acabou perdendo por 3 a 0 no Camp Nou, com a classificação do Barça. Uma temporada depois, em 1994/95, o equilíbrio seria mais expresso. De novo, os embates ocorreram pela fase de grupos, que, numa edição ampliada, dava vaga nas quartas de final.
O Barcelona começava a viver o declínio sob as ordens de Johan Cruyff. Ainda assim tinha vários nomes do seu Dream Team, incluindo Romário, Hristo Stoichkov, Pep Guardiola e Ronald Koeman. Do outro lado, o Galatasaray treinado pelo alemão Reinhard Saftig já trazia figuras célebres da seleção local como Hakan Sükür e Tugay Kerimoglu, além do suíço Kubilay Türkyilmaz como peça importante na ligação. Seria a vez do troco.
No primeiro jogo, dentro do Camp Nou, o Barça precisou virar para vencer por 2 a 1. Türkyilmaz abriu a contagem, mas Ronald Koeman empatou numa bela cobrança de falta e Guillermo Amor virou num chute de fora que desviou na marcação. Na volta, diante do clima fantástico no Estádio Ali Sami Yen, o Gala fez o mesmo e virou por 2 a 1. Romário deixou os blaugranas em vantagem, punindo um vacilo da zaga. O empate veio no meio da segunda etapa, num pênalti convertido por Sükür. Já o gol decisivo teria um vacilo imenso do goleiro Carles Busquets (pai de Sergio), que entrou com bola e tudo na tentativa de segurar o cruzamento de Arif Erdem aos 43.
Apesar do revés, o Barcelona avançou às quartas de final, com o Galatasaray eliminado ao lado do Manchester United, em chave que ainda trazia o Göteborg. Os dois times voltaram a se pegar na segunda fase de grupos de 2001/02, num momento de transição dos espanhóis e de representatividade continental dos turcos, campeões da Copa da Uefa duas temporadas antes. Ainda assim, o Barça manteve a freguesia com o empate por 2 a 2 no Camp Nou e a vitória por 1 a 0 em Istambul. Já em 2002/03, na fase de grupos, vitórias catalãs por 2 a 0 fora e 3 a 1 em casa.
Porto e Lyon possuem um primeiro duelo pouco lembrado em 1964/65, em tempos bastante distintos aos clubes, que se enfrentaram na primeira fase da Recopa Europeia. As duas vitórias no confronto apontam a relevância maior dos portistas naquele momento, sob as ordens do brasileiro Otto Glória. Ainda assim, o que realmente ficaria marcado na história seria o embate válido pelas quartas de final da Champions 2003/04. Os Gones viviam seu ápice no Campeonato Francês, em meio ao heptacampeonato. Sucumbiram para o Dragão, que se fortaleceria com aquele triunfo para buscar seu segundo título continental.
O Porto vivia sua lua de mel com José Mourinho no comando. Era uma equipe de muito talento, com nomes importantes da seleção portuguesa como Vítor Baía, Jorge Costa, Ricardo Carvalho, Costinha, Maniche e Deco, além de destaques estrangeiros como Carlos Alberto e Benny McCarthy. Já o Lyon, na época comandado por Paul Le Guen, tinha um elenco tão bom quanto. Juninho Pernambucano, Élber e Edmílson formavam a ala brasileira, acompanhada por Grégory Coupet, Florent Malouda, Michael Essien, Mahamadou Diarra e Sidney Govou. Pelos feitos recentes, até existia uma pontinha de favoritismo aos franceses, por mais que os lusitanos viessem também de um troféu recente na Copa da Uefa.
O Porto deu um passo enorme na partida de ida, quando venceu por 2 a 0 no Estádio do Dragão. Deco seria o protagonista da noite. O meia abriu a contagem aos 44 minutos, aparecendo na área para escorar o cruzamento de Benny McCarthy. Já na segunda etapa, o armador deu a assistência para o segundo tento, em cobrança de falta que terminou na cabeça de Ricardo Carvalho. A volta em Gerland teria mais emoções, com o empate por 2 a 2 que selou a passagem dos portistas às semifinais.
O Porto fez o primeiro aos seis minutos, num contragolpe em que Deco serviu Maniche. Pelo menos o Lyon igualou rapidamente, aos 14, em jogadaça de Malouda para a conclusão na raça de Péguy Luyindula. A pressão dos franceses era grande, mas a virada não saía, com as muitas chances perdidas, e os portugueses retomaram a vantagem na segunda etapa, em cruzamento de Deco para uma pancada de Maniche de primeira na área. A expulsão de Edmílson dificultou ainda mais a situação, enquanto o empate aos 45, numa cabeçada de Élber, viria tarde demais. Os lusitanos superaram o Deportivo de La Coruña na semifinal, antes do triunfo sobre o Monaco na decisão em Gelsenkirchen.