Tore André Flo, o Flonaldo, colocou seu nome na história do Siena | OneFootball

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Calciopédia

·27 de setembro de 2022

Tore André Flo, o Flonaldo, colocou seu nome na história do Siena

Imagem do artigo:Tore André Flo, o Flonaldo, colocou seu nome na história do Siena

O atacante norueguês Tore André Flo ficou conhecido por ser o carrasco do Brasil na Copa do Mundo de 1998. Mas, para além dessa fama, o grandalhão – que ganhou o apelido de Flonaldo – atuou em grandes clubes europeus e, como uma das primeiras contratações de peso da história de um humilde Siena, pode ajudar o pequeno time da Toscana a se manter na elite do futebol italiano.

Tore nasceu em 1973, na vila de Flo, localizada na cidade de Stryn, cercada pelos fiordes típicos da Noruega. Sua família, além de nomear o logradouro, ainda enveredou de forma bastante enfática no futebol: sete membros chegaram a atuar pela Tippeligaen, a principal competição do país. Além disso, o grandalhão também teve parentes na seleção: Jostein, seu irmão mais velho, Havard, seu primo, e Per-Egil, primo de segundo grau, vestiram a camisa azul e vermelha.


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Com toda essa influência, sobretudo de seus irmãos Jostein, Kjell Rune e Jarle, Tore iniciou sua carreira no futebol pelo Stryn, clube amador local. O salto para o profissional se deu em 1993, aos 20 anos, quando ele e Jarle se transferiram para jogar no Sogndal, onde Jostein já havia se destacado. O mais novo dos Flo se destacou na segundona norueguesa e, após levar o time de volta à elite, se transferiu para o Tromso, em 1995.

A guinada em sua carreira veio com a camisa do Tromso. Na temporada de 1995, Flo se mostrou um atacante efetivo e se tornou o artilheiro da equipe com 18 gols. Apesar de ter 1,93 m de altura, o estilo de Tore André agradava, pois ele não era lento e tinha muita técnica, além da força física. Era difícil conter suas investidas no campo ofensivo. As boas atuações lhe renderam a estreia pela seleção norueguesa naquele mesmo ano.

Após um ano em Tromso, Flo se mudou para Bergen para jogar no tradicional Brann. E foi em seu novo clube que ele consolidou de vez seu nome, se tornando um dos melhores atacantes do país. Em uma temporada e meia pelo time alvirrubro, Tore André disputou 50 partidas e marcou 34 gols.

Com números expressivos, o norueguês chamou a atenção do Chelsea. Após algumas conversas, o atacante assinou um pré-contrato com os londrinos durante o ano de 1997. Obviamente essa notícia não agradou os torcedores do Brann, que começaram a pegar no seu pé. Mas antes de sair para sua carreira internacional, Flo guardou um hat-trick em seu último jogo.

No verão de 1997, Tore André chegou a Londres pelo valor de 300 mil libras esterlinas, e com a esperança de se tornar o homem-gol dos Blues. Em sua temporada de estreia, venceu dois títulos: a Copa da Liga Inglesa e a Recopa Uefa. Na campanha europeia, Flo anotou dois importantes gols fora de casa contra o Betis, nas quartas de final, e ajudou também o Chelsea a eliminar o Vicenza antes de bater o Stuttgart na decisão. O escandinavo terminou o ano com 15 tentos, iluminados pelo hat-trick em uma vitória por 6 a 1 sobre o rival londrino Tottenham, na Premier League.

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Já experiente, Flo reforçou o Siena e se tornou um dos principais nomes do time italiano (EMPICS/Getty)

Logo depois do título continental, Flo teve o seu momento de maior destaque mundial – o que lhe fez ganhar o prêmio de futebolista norueguês do ano. E, para tal, ele entrou no imaginário do futebol brasileiro ao se tornar o carrasco da Seleção. Na Copa do Mundo, Tore André marcou um gol na vitória por 2 a 1 sobre o Brasil. O atacante, aliás, já havia anotado dois tentos num amistoso em que a Noruega venceu o escrete canarinho por 4 a 2. Depois disso tudo, o grandalhão ganhou o apelido de “Flonaldo” em alusão a Ronaldo Fenômeno.

No Mundial, a Noruega caiu na fase de oitavas de final, derrubada pela Itália. Curiosamente, Flo estava cercado por italianos no Chelsea: além de Gianluca Vialli, que atuava como técnico e jogador, os Blues contavam com Gianfranco Zola, Roberto Di Matteo, Samuele Dalla Bona, Luca Percassi e, no verão de 1998, contrataram Pierluigi Casiraghi. A chegada do novo atacante limitou as oportunidades de Tore, que marcou 13 gols ao longo da campanha. O time londrino acabou em terceiro lugar e garantiu a ida para a Liga dos Campeões pela primeira vez na história.

Na temporada 1999-2000, Flo se tornou o artilheiro do Chelsea, com 19 gols, e ajudou o time a conquistar mais um título – a FA Cup. Além disso, a equipe fez uma boa campanha na Liga dos Campeões, e caiu nas quartas de final para o Barcelona. Tore marcou nos dois jogos da série, mas não conseguiu ajudar a evitar a eliminação dos Blues.

Na sequência, o centroavante disputou a Euro 2000, sua última competição majoritária pela Noruega – eliminada na fase de grupos. Em 2004, Flonaldo anunciou sua aposentadoria da seleção, com a marca de 23 gols realizados em 76 jogos. Quarto maior artilheiro da equipe nacional, ao lado de Ole Gunnar Solskjaer, será ultrapassado em breve por Erling Haaland.

De volta ao Chelsea, Flo se deparou com as mudanças dos novos tempos. O time londrino contratou Jimmy Floyd Hasselbaink e Eidur Gudjohnsen, o que acabou limitando mais uma vez o norueguês, que foi parar no banco de reservas. Tore ficou de fora dos planos do técnico e trocou de casa após quatro anos e cinco títulos – faturou ainda a Supercopa Uefa e a Charity Shield. Em novembro de 2000, rumou ao norte do Reino Unido para jogar no Glasgow Rangers.

Flo chegou à Escócia com status de craque. O acordo envolvendo o Chelsea e os Gers foi de 12 milhões de libras, o que tornou Tore André o jogador norueguês mais caro da história, a contratação mais expressiva dos Rangers e a maior transferência de qualquer clube escocês até aquela época. E Flonaldo logo justificou os valores pagos: estreou no clássico mais antigo do mundo, o Old Firm, e deixou seu gol na vitória por 5 a 1 sobre o Celtic. Além disso, anotou 18 vezes em 30 jogos na sua primeira temporada na terra do tartã.

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Ao longo de dois anos, Flonaldo ajudou o Siena a se manter na elite (Getty)

Já sua segunda e última temporada foi ainda melhor: Flo marcou 22 gols em 42 jogos, incluindo o primeiro da conquista da Copa da Liga Escocesa, em 2002. Além desse título, o grandalhão ainda conquistou a Copa da Escócia também naquele ano. Com isso, voltou para a Inglaterra na qualidade de reforço do Sunderland para a campanha de 2002-03. Por 6,75 milhões de libras, tornou-se a segunda compra mais cara dos Black Cats. O norueguês chegava para substituir o ídolo Niall Quinn, que havia se aposentado.

No fim das contas, a passagem do centroavante pelo sul da Inglaterra foi bastante atribulada e infrutífera. Flo jogou frequentemente fora de posição, teve problemas físicos e amargou o banco de reservas, de modo que só anotou seis gols no ano. O Sunderland foi rebaixado, as dívidas aumentaram e, consequentemente, o clube foi obrigado a fazer uma faxina no departamento de futebol. Tore foi um dos jogadores escolhidos para deixarem a agremiação e teve o contrato rescindido.

Buscando dar a volta por cima, Flo então tentou a sorte na Itália e, em agosto de 2003, juntou-se gratuitamente ao Siena, que havia sido promovido à Serie A pela primeira vez em sua história. Aos 30 anos, o norueguês adicionava experiência a um elenco modesto, que tinha o ex-palmeirense Rodrigo Taddei como maior destaque. Os bianconeri também fizeram outras contratações importantes, como as de Enrico Chiesa, Nicola Ventola, Bruno Cirillo e Leandro Cufré, além da aposta no brasileiro Fernando Menegazzo, adquirido junto ao Juventude.

No primeiro ano na Toscana, Flonaldo ganhou uma função diferente da esperada. Chamou a atenção o fato de o técnico Giuseppe Papadopulo ter identificado no norueguês a capacidade de jogar como um segundo atacante, atrás de Chiesa ou Ventola, ao invés de colocá-lo em seu “habitat natural”, na referência.

Nessa função, o escandinavo contribuiu muito para o time, sendo um pivô bastante participativo. Tore ainda anotou oito gols, como os marcados nas vitórias sobre Empoli, Perugia e Udinese, e em derrotas para os gigantes Milan e Juventus. Atleta mais utilizado na temporada e vice-artilheiro do Siena, foi fundamental para que a equipe terminasse na 13ª posição e conseguisse uma histórica permanência na Serie A.

A segunda temporada de Flo na Itália começou com um susto: o atacante se envolveu num acidente automobilístico, mas saiu ileso. Além disso, Papadopulo deixou o comando do Siena e deu lugar a Luigi Simoni. O técnico até gostava do estilo do escandinavo, mas decidiu não considerá-lo titular porque Taddei havia entrado em atrito com a diretoria e sido barrado, deixando o time sem uma peça gabaritada para efetuar cruzamentos.

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Na Itália, o norueguês mostrou versatilidade e não atuou apenas como um autêntico centroavante (New Press/Getty)

Flo foi ganhando poucos minutos até se resolver com Simoni e Taddei ser reintegrado. O norueguês chegou a jogar ainda mais distante do gol, como ponta, e passou o primeiro turno quase inteiro em branco – em sua reta final, balançou as redes no empate por 2 a 2 com a Inter e anotou uma doppietta na vitória sobre o Chievo. Na Coppa Italia, Tore chegou a marcar dois tentos numa incrível vitória do Siena sobre a Roma, no Olímpico, mas os giallorossi enfiaram uma sacolada na volta (5 a 1) e avançaram às quartas de final.

Na segunda parte da Serie A, o Siena foi treinado por Luigi De Canio e o grandalhão até ganhou mais espaço. Jogando novamente como referência, Flonaldo foi o responsável pela vitória no clássico contra a Fiorentina. Um triunfo lendário, aliás: como o primeiro dérbi entre guelfi e ghibellini disputado na elite terminou empatado em 0 a 0, foi do nórdico o tento que permitiu aos bianconeri saírem na frente no histórico do confronto no campeonato.

Por causa de uma lesão, Flo perdeu um mês e meio na reta final da campanha, mas pode ver o Siena se salvar novamente, graças a um 14º lugar. Ao fim de seu segundo ano na Itália, o norueguês decidiu não renovar o seu contrato com o clube e, com 69 partidas e 15 gols marcados, encerrou sua passagem pela Toscana. O atacante tinha conversas avançadas com o Queens Park Rangers, da Inglaterra, mas voltou para a Noruega por questões familiares: assinou por uma temporada com o Valerenga, da capital Oslo.

Dali em diante, o atacante não teve mais grandes momentos no futebol e alternou entre experiências na própria Noruega, clubes ingleses das divisões inferiores e momentos de pausa – em alguns, inclusive, chegou a se declarar aposentado. Na Inglaterra, Flo caiu nas graças dos torcedores do Leeds, muito em por conta de ter sido patrocinado pela banda Kaiser Chiefs, formada por apoiadores do time.

Na Grã-Bretanha, Flo também defendeu o Milton Keyes Dons, onde foi treinado por Di Matteo, ex-companheiro de Chelsea. Pela equipe de Buckinghamshire, ficou marcado por perder um pênalti contra o Scunthorpe United: a cobrança desperdiçada eliminou os alvirrubros do playoff de acesso para a segunda divisão inglesa. Tore se aposentou de vez em 2012, após uma nova passagem pelo Sogndal, time em que havia iniciado a carreira.

Flo, porém, não deixou de atuar no futebol. O ex-atacante abriu uma escolinha na Noruega e trabalhou nos bastidores do Chelsea, ajudando a monitorar o desempenho de jogadores emprestados ao time, na busca de angariar novos talentos para os londrinos. Em 2022, Tore voltou ao Sogndal para iniciar sua carreira como técnico.

Tore André Flo Nascimento: 15 de junho de 1973, em Stryn, Noruega Posição: atacante Clubes: Sogndal (1993-94 e 2011-12), Tromso (1995), Brann (1996-97), Chelsea (1997-2000), Glasgow Rangers (2000-02), Sunderland (2002-03), Siena (2003-05), Valerenga (2005-06), Leeds (2007-08) e Milton Keynes Dons (2008-09) Títulos: Copa da Liga Inglesa (1998), Recopa Uefa (1998), Supercopa Uefa (1998), FA Cup (2000), Charity Shield (2000), Copa da Liga Escocesa (2002) e Copa da Escócia (2002) Clubes como técnico: Sogndal (2022-hoje) Seleção norueguesa: 76 jogos e 23 gols

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