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Ian Chicharo Gastim·18 de maio de 2020

Top-10 jogos BR: 'partida raiz', segundo o Futebol pelo Mundo

Imagem do artigo:Top-10 jogos BR: 'partida raiz', segundo o Futebol pelo Mundo

O Onefootball perguntou para o Futebol pelo Mundo quais seriam os 10 jogos mais inesquecíveis do futebol brasileiro.

O canal preparou um top-10 e a gente vai te mostrar como foram essas partidas nos estádios, direto da arquibancada.


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A seguir você pode conferir o vídeo e o relato do jogo de nº cinco do ranking, uma partida de “futebol raiz” entre Ceilândia x Paranoá, no Candangão de 2020. Vamos lá?


Era minha primeira vez em Brasília, eu havia comprado a passagem de Curitiba para a capital federal um mês antes da viagem, planejando a data da final da Supercopa entre Flamengo x Athletico e o grande clássico do Distrito Federal entre Brasiliense x Gama que seria jogado um dia antes, no sábado.

Cheguei sexta feira na cidade, e para minha surpresa havia recebido a notícia de que o clássico seria disputado com portões fechados por falta de segurança, o que me obrigaria a assistir a uma outra partida, muito aleatória e sem planejamento, mas que no final renderia a posição 5 no top 10 jogos nacionais da minha vida: era o jogo Ceilândia x Paranoá.

Naquele sábado tive que acordar às 7 da manhã para passar no mercado comer algo e pegar o ônibus na Asa Sul de Brasília, que segundo o Google Maps estava a 2 horas de distância do estádio Abadião, localizado na cidade vizinha: Ceilândia.

Depois de muita demora do ônibus esperado, tive que improvisar e pegar um ônibus que eu não sabia para onde iria, que acabou me deixando a 5 km do estádio, o que me obrigou a pegar um Uber e chegar na frente do Abadião em cima do horário.

Faltavam 20 minutos para o início da partida que estava marcada para as 11 horas da manhã, e ainda não havia nenhuma movimentação de torcedores nos arredores, apenas os alunos da auto escola que faziam suas aulas de direção no estacionamento do estádio.

Já na bilheteria, comprei o ingresso por 20 reais e entrei, não tendo nenhum tipo de revista, o que me deixou bem surpreso. O jogo já estava começando e ali vi que aquela seria uma experiência diferente de todas as outras que já tive em jogos de futebol.

Contei o público total no estádio, incluindo policiais e jornalistas, totalizando 66 pessoas naquela quente manhã de sábado. De longe o jogo com menos público da minha vida, mas ao mesmo tempo, um dos jogos em que mais me senti parte de uma torcida e fui contagiado com a paixão dos torcedores.

A torcida organizada “Camisa 13” me reconheceu e me inseriu na sua arquibancada, junto com mais uns 7 integrantes que estavam naquele jogo, e mesmo com a equipe do Ceilândia tendo tomado 11 gols nas últimas duas partidas, sendo uma goleada de 6×0 para o Gama e outra de 5×0 para o Brasiliense, eles estavam apoiando o seu time de coração num sol insuportável das 11 da manhã.

Um belo repertório de músicas embalados pelo ritmo do instrumento que um integrante batucava, e que contagiava também um menino de uns 10 anos de idade que tocava uma corneta e que comemoraria o primeiro gol do time da casa como se fosse um título. Minutos mais tarde do gol que abriu o placar, pênalti marcado para o Ceilândia, que marcaria o segundo gol, levando a torcida a loucura e que passou a cantar a música: “Ceilândia eu te amo, eu sou gato preto até morrer”, canção “O meu sangue ferve por você” de Sidney Magal que teve sua letra adaptada.

Já no segundo tempo o terceiro gol do “gato preto” iria presentear aqueles 66 guerreiros que estavam no estádio com uma goleada. No final da partida já me sentindo muito feliz com aquela experiência diferente, recebi uma faixa de presente da torcida “Camisa 13” e tirei uma foto com todos os integrantes que me receberem como se eu fosse um membro da família de cada um deles.

Um campeonato que as mídias tradicionais não mostram, o verdadeiro futebol raiz, que mesmo estando no centro do poder político do Brasil, é esquecido por muita gente, e que se tivesse um pouco mais de atenção, renderia matérias espetaculares nas maiores emissoras do país, que infelizmente vão para Brasília apenas para cobrir política. Um campeonato cheio de histórias e que rendeu não somente um baita vídeo para o canal Futebol pelo Mundo, mas também uma experiência inesquecível para a minha vida.


Foto de destaque: Reprodução/Youtube