Trivela
·14 de junho de 2022
Trivela
·14 de junho de 2022
A Inglaterra piorou ainda mais a sua péssima campanha até aqui na Liga das Nações com uma apresentação digna de uma vergonha histórica. Os 4 a 0 sofridos diante da Hungria no Estádio Molineaux é algo tão pesado que não acontecia com os Three Lions desde 1928, quando perdeu da Escócia por 5 a 1. O resultado deixa a equipe ameaçada de rebaixamento, a Hungria com chances de classificação e, principalmente, deixa uma ferida aberta na torcida inglesa pensando na Copa do Mundo.
O time que Gareth Southgate levou a campo era algo parecido com o que devemos ver na Copa do Mundo. Tiveram alguns testes, como a presença do zagueiro Marc Guéhi, o meio-campista Conor Gallagher e o atacante Jarrod Bowen, mas os demais são jogadores que buscam estar entre os titulares para a Copa em novembro.
Com um time que não conseguia ser criativo, os ingleses tomaram o primeiro gol aos 15 minutos. Depois de um cruzamento para a área, Adam Lang tocou no alto para Roland Sallai finalizar firme e bater o goleiro Aaron Ramsdale: 1 a 0.
Nem o gol acordou os ingleses, que seguiram sem conseguir encadear jogadas de ataque. Foi por pouco que a Hungria não ampliou o placar para 2 a 0 em novo cruzamento, mas que desta vez o lateral Reece James conseguiu tirar. O melhor lance dos ingleses foi um cruzamento de Bukayo Saka que Willi Orbán cabeceou para trás e obrigou o seu goleiro, Dénes Dibusz, a uma boa defesa.
Sallai comemora seu gol pela Hungria (Catherine Ivill/Getty Images)
No intervalo, com o time perdendo por 1 a 0, já se ouviam vaias de torcedores insatisfeitos com o que viam em campo. Uma Inglaterra sem esboçar qualquer força perdia e não parecia ser capaz nem de ameaçar o rival.
Quando Martin Ádám fez uma grande jogada, tomando a bola de Kalvin POhillips, que fez péssima partida, e passou para Roland Sallai receber e marcar 2 a 0, aos 24 minutos do segundo tempo, a situação já era trágica para os ingleses. Menos até pelo placar e muito mais pelo desempenho e o clima criado. A torcida começou a ir embora e protestar contra o técnico Southgate.
A Inglaterra quase conseguiu entrar no jogo novamente em um cruzamento de Mason Mount para a área aos 31 minutos que Harry Kane desviou e a boal tocou no travessão. Só que a situação piorou para os ingleses. Ádam Nagy cruzou da direita, Loic Nego tocou de cabeça, John Stones bloqueou e a bola sobrou para Martin Ádam ajeitar para Zsolt Nagy soltar um foguete de pé esquerdo e ampliar o placar para 3 a 0, aos 34 minutos. Um belo gol, aliás.
Tudo piorou aos 37 minutos, quando John Stones recebeu o segundo cartão amarelo e foi expulso de campo. Southgate, parecendo temer o pior, trocou o atacante Saka por Harry Maguire. A torcida ficou ainda mais enfurecida e cantou algo muito tradicional no futebol de clubes: “You’re getting sacked in the mourning” (“você será demitido de manhã”), além de “you don’t know what you’re doing” (“você não sabe o que está fazendo”).
Como nada é tão ruim que não possa piorar, aos 43 minutos foi-se o boi com as cordas, como dizem. Ádám Nagy fez o passe pelo meio, em uma defesa aberta, e Dániel Gazdag recebeu em velocidade, ganhou da marcação de Kyle Walker e tocou por cima do goleiro inglês: 4 a 0, fora o baile.
Jogadores da Hungria comemoram vitória sobre a Inglaterra (ADRIAN DENNIS/AFP via Getty Images)
Nada do que se viu em campo poderá ser aproveitado por Southgate. É verdade que a data Fifa foi cansativa, que quatro jogos são demais e muitos jogadores já estavam com a cabeça nas férias. Só que nada disso pode ser usado como desculpa para tomar 4 a 0 em casa como tomou, uma derrota vexatória. Um tipo de atuação que não pode se repetir em jogo nenhum, ainda mais pensando na Copa do Mundo.
A Hungria sai da Inglaterra como líder do grupo, com sete pontos, um a mais que a Alemanha. A Itália é terceira com cinco pontos e a Inglaterra é última com dois. O último colocado é rebaixado para a liga B. Com dois jogos restantes, a Inglaterra precisará fazer muito para evitar esse vexame. E terá pela frente Itália e Alemanha. Enquanto isso, a Hungria sonha com a classificação histórica à fase final. Terá, porém, os mesmos dois adversários, Alemanha e Itália.