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·21 de março de 2025

Todo dia é Dia Internacional de Combate ao Racismo

Imagem do artigo:Todo dia é Dia Internacional de Combate ao Racismo

O dia 21 de março, como Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial, é uma data importante e simbólica, que foi escolhida em 1966 pela ONU, em homenagem às vítimas do Massacre de Sharpeville, ocorrido em 1960 na África do Sul.

Durante uma manifestação pacífica em que 20 mil negros protestavam contra uma lei que limitava os lugares por onde eles podiam circular, as tropas militares atiraram contra a multidão e mataram 69 pessoas. Foram baleadas pelas costas…


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Essa data também poderia ser 16 de Junho, quando ocorreu um massacre de crianças, que protestavam em Soweto contra o ensino obrigatório em Africaner em 1976.

Poderíamos também estabelecer o dia 12 de junho como data simbólica, lembrando a foto publicada pelo Jornal de Boston The Liberator em 1863. “Pictures of a slave” percorreu o mundo inteiro ao retratar um ex-escravo, Gordon, com suas costas chicoteadas, que fugiu de uma plantação durante a guerra civil americana e foi acolhido pelo exército da União.

Para muitos historiadores, essa foto não somente mudou os rumos da guerra, como amplificou a campanha abolicionista.

Foram tantos momentos, tantas datas, tantos episódios de luta e resistência, que desencadearam em movimentos internacionais de indignação, repúdio, e ações diversas.

O governo do Apartheid ruiu há mais de 30 anos, a escravidão americana foi abolida em 1865 e no Brasil em 1888.

Muito avanços foram feitos, mas estamos muito longe de uma sociedade justa, equitativa e diversa. Eis a razão de persistirmos em uma batalha contínua, relembrando a luta dos negros e promovendo a diversidade e a representatividade.

Essa batalha é individual e coletiva. Cada pessoa pode, deve repensar o racismo estrutural e a forma como pode se despir dos seus preconceitos próprios, e se posicionar/atuar contra toda forma de discriminação racial.

Alguns tem mais voz obviamente. Jornalistas, pensadores/as, influenciadores…

Cineastas, escritores, músicos também tiveram e tem, em suas grandes obras difundidas, o horror do racismo exposto.

Mas, além destas criações individuais, que podem repercutir nacional e mundialmente, a coletividade precisa se posicionar sempre e buscar caminhos que levam a uma sociedade mais inclusiva.

E chegamos aos recentes (e reiterados) casos de racismo no âmbito futebolístico, e a forma como a sociedade está lidando com estes episódios.

O Futebol permanece um lugar muito hermético às mudanças sociais, e o Brasil não é exceção. Mas, em se tratando de racismo, a luta contra a discriminação racialhttps://fla.mundobola.com/ate-quando-vini-jr-e-alvo-de-racismo-antes-de-partida-na-champions/ é unânime e obteve avanços coletivos nos últimos anos. Esses avanços não parecem ter a mesma evolução em outros países da América Latina, vide atitudes e falas criminosas e desastrosas de torcedores e dirigentes, desde o desabafo do jovem jogador Luighi do Palmeiras, após atos racistas no jogo contra o Cerro Porteño, no Paraguai.

A revolta e o choro do Luighi repercutiram profundamente, promovendo uma onda de protesto e repúdio no Brasil todo, muito além do Palmeiras e do âmbito do Futebol.

Mas não foi o suficiente: a Conmebol, totalmente desconectada dos anseios nacionais, puniu o Cerro Porteño com uma multa irrisória. Esta multa irritou ainda mais os brasileiros, não apenas pelo valor, 50.000 dólares, mas por ser menor que uma multa por atraso na chegada da equipe no campo ou por soltar foguetes. Como se atos racistas não fossem graves. Ser pontual é mais importante.

Dias depois, o Presidente da Comnebol, em uma declaração desastrosa, falou que a Libertadores sem clubes brasileiros seria como “Tarzan sem a Chita". Era uma resposta à Leila Pereira, Presidente do Palmeiras, que propôs a saída dos clubes brasileiros da Conmebol, caso não tivesse medidas mais efetivas combatendo as injúrias raciais reiteradas contra brasileiros. Ele se retratou depois, explicando que apenas usou uma expressão popular, sem querer menosprezar ninguém.

Finalmente, membros da Liga de Futebol publicaram um Manifesto de repúdio ao racismo, a CBF pediu medidas mais efetivas e a Conmebol marcou uma reunião com as federações para debater o tema no dia 27 de março.

Ou seja, após repercussão e pressão, parece que estamos avançando um pouco.

E o Flamengo nisso tudo? O maior Clube das Américas ? De maior torcida? Maior faturamento? Como se posicionou?

O Flamengo foi o único integrante da Série A a não assinar o Manifesto antirracista da Liga, explicando “que as relações institucionais com a Conmebol devem ser conduzidas pela CBF".

Tal posicionamento ocasionou uma onda de protestos dos seus próprios torcedores…

Por mais que as relações com a Conmebol e a Libra sejam complexas, não há justificativa para não assinar um texto em conjunto de repúdio ao racismo. E é uma falha grave pela qual seremos cobrados no futuro. Pois a luta em prol de uma sociedade mais inclusiva é muito maior do que qualquer desentendimento com membros da Libra, ou protocolos institucionais com a CBF e a Conmebol.

Uma pergunta segue martelando: será que se tivéssemos um Conselho Diretor mais inclusivo, em vez de um grupo formado apenas por homens brancos, não teríamos um outro posicionamento? Eis o problema de não ter uma torcida devidamente representada nas mais altas esferas do CRF. E que provoca uma cisão entre o maior patrimônio do Clube, sua torcida, e aqueles que tomam decisões por ela…

...

The ultimate tragedy is not the oppression and cruelty by the bad people but the silence over that by the good people.

A maior tragédia não são as palavras de ódio e as ações violentas das pessoas más, mas também o assombroso silêncio das pessoas boas.

Martin Luther King

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