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·02 de julho de 2025

Tentativa e erro não podem solucionar todos os desafios do Fla

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Está difícil digerir essa derrota para o Bayern. Dói. Porque, no fundo, não foi só perder para um gigante europeu. Foi perder para um adversário que, de tão letal, não perdoou nossos erros pontuais.

E o pior: foi perceber que, diferente do que imaginávamos, esse Mundial era muito mais factível do que qualquer um de nós sonhava, especialmente olhando os resultados da outra chave.


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Enquanto a Internazionale, que não é o Bayern, cruzou com o Fluminense, que também não é o Flamengo, ficamos com a pior parte do sorteio. Eles avançaram, nós ficamos. O mundo do futebol é assim, e não adianta chorar. Mas dói.

Tentativa e erro é a base de toda evolução. É agir sem ter certeza plena, corrigir o caminho, aprender rápido e melhorar. Na vida, nas empresas, nos relacionamentos, muitos cases de sucesso se movem assim.

Tentativa e erro, dentro de campo, é a essência deste Flamengo. Significa se expor mais para ter a bola, subir linhas sabendo que pode deixar espaços atrás, arriscar passes verticais quando o seguro seria girar para o lado. É buscar intensidade total para sufocar o adversário, mesmo que isso signifique correr riscos maiores.

É optar por saída de bola qualificada, com toques curtos e construção desde os zagueiros, ao invés do chutão que alivia mas não constrói. É jogar sempre para vencer, com coragem, mesmo sabendo que essa escolha deixa o time mais vulnerável. Tentativa e erro é o preço que pagamos por querer a bola, o jogo, o protagonismo. É o nosso jeito. E, quando dá certo, não há nada mais bonito no futebol.

Mas contra o Bayern, um triunfo só seria possível com erros minimizados a quase zero. E isso significaria ponderar a estratégia do trial-and-error que nos é característico.

Eu estava lá, na Filadélfia, há poucos dias, vendo nosso maior momento nesse torneio contra o Chelsea. Naquele dia, parecia que nada nos pararia. Que o Flamengo tinha elenco, tinha opções gordas no banco, contava com um Jorginho encaixando como uma luva, com um Gerson pleno mas que víamos uma vida a ele — ou pelo menos era o que parecia — e um Arrascaeta pronto para decidir começando ou entrando no decorrer do jogo. E um técnico jovem com amplo domínio de suas pecas.

Saímos daquele Lincoln Financial Field acreditando em coisas grandes na temporada: Brasileirão, Libertadores e um Mundial no fim do ano.

Mas cinco dias mudaram muita coisa. Filipe Luís, de fato, jogou em Miami como Flamengo: com alma, coragem, raça — mas também com erros que custam caro. Somos assim. Intensos. Tentativa e erro, acerto e falha, um ciclo eterno que tem construído nossa identidade recente. Mas há jornadas em que erramos mais do que acertamos, e contra um Bayern mortal isso significa derrota líquida e certa.

Agora, com Pulgar lesionado, Gerson com sua saída iminente,  Arrascaeta com dúvidas físicas e incerto em desafios monumentais e um ataque em que Pedro ainda não parece ser uma opção sólida, estamos expostos. Nossas fraquezas foram escancaradas.

Serão sete semanas de janela de transferências. Há dinheiro — não somos mais aquele Flamengo pobre de 2013 — mas errar agora é mortal. José Boto já admitiu que queimou dinheiro com Juninho. Não há mais margem para erros. Errar nessa janela será como errar na saída de bola contra o Bayern: fatal.

É hora de serenidade. De olhar, com frieza, onde estão as verdadeiras lacunas do elenco. Precisamos de um 5, porque Pulgar ficará dois meses fora. Precisamos de um 10 para substituir ou dividir responsabilidades com Arrascaeta.

Precisamos de um 9 que seja alternativa real e efetiva porque Pedro, infelizmente, não entrega ainda o que promete depois de 7 meses lesionado. E, se Michael ou Cebolinha saírem, será necessário também um ponta que drible, que rompa defesas, que cause medo nos adversários.

Mas, mais que tudo, precisamos de coragem. Coragem para negociar quem não serve mais. Coragem para dispensar medalhões que só ocupam espaço no elenco. Coragem para promover mais hierarquicamente o aproveitamento de pratas da casa como Wallace Yan - a única e real boa notícia do Mundial. Coragem para contratar sem a loucura do oba-oba, sem a tresloucada ideia de que, por sermos Flamengo, qualquer cenário nos serve. Não serve. Não podemos ser arrogantes. Futebol pune.

Por ora, é secar para que nossos rivais não avancem nos EUA. Mas isso é pequeno perto do que realmente importa: ajustar a rota do Flamengo.

Tentar e errar está em nosso DNA. Mas reconhecer que a estratégia de se recolher até acertar pontualmente há de ser válida para este ajuste.

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