Técnico novo, vida nova: Entre tantas dúvidas e desafios… Poucas certezas | OneFootball

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·19 de janeiro de 2022

Técnico novo, vida nova: Entre tantas dúvidas e desafios… Poucas certezas

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Foto: Flickr Atlético / Pedro Souza Por: Max Pereira, colaborador independente, de Belo Horizonte

A temporada se iniciou oficialmente para o Atlético. Com novidades dentro e fora do campo, a Cidade do Galo ganhou vida. Entre chegadas e saídas, pelo menos até agora a base foi mantida. E, como sempre, algumas ausências se fizeram notar. Enquanto o jovem zagueiro Micael, que testou positivo para a Covid era encaminhado para o isolamento de praxe, o garoto Rubens, promessa de ouro da base, embora tenha testado negativo, também foi afastado preventivamente por tido contato com o companheiro e sua incorporação ao grupo de profissionais ficou para depois.


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Mas, o que chamou mesmo a atenção foi a ausência do venezuelano Savarino. A justificativa oficial é que dificuldades burocráticas para sair de seu país e chegar ao Brasil em razão da pandemia e das arestas políticas de sempre entre as duas nações, o impediram de embarcar e de se apresentar na data aprazada pelo clube.

Por se tratar de um jogador envolvido em noticiários polêmicos, alvo de propostas indecorosas de interessados em seu futebol, aparentemente considerado descartável pelo clube e defenestrado por parte da Massa, incompreensivelmente intolerante e agressiva com o jogador, um dos artilheiros e líderes de assistência do time supercampeão de 2021, não obstante ter tido diversos problemas que o impediram, por mais de uma vez, de estar em campo, a dúvida sobre a real razão de sua ausência pairou sobre as mentes e os corações atleticanos.

As novidades, entretanto, deram um colorido especial à Cidade do Galo. O risonho e simpático treinador argentino, naturalizado mexicano e de ascendência libanesa, parece ter deixado uma impressão inicial extremamente positiva. “El turco é a cara do Galo”, disseram muitos. Godin, Fábio Gomes e Ademir, cada qual à sua maneira, buscavam se enturmar com os novos companheiros. O brilho dos olhos de Castilho e de Vitor Mendes não escondia a alegria, a ansiedade e a expectativa por voltarem à velha Casa.

Uma pergunta devia estar passando por suas cabeças: será que repetiriam o feito de Marcos Rocha, Nathan Silva e de Bernard que, depois de emprestados, se firmaram no time titular alvinegro e desenharam a carreira dos sonhos? Curiosamente, enquanto Vítor Mendes comemorava em suas redes sociais a sua volta ao clube de origem e explicitava o seu sonho de brilhar com a camisa do Atlético, um perfil noticiava que o Glorioso já trabalhava para emprestá-lo novamente e que, inclusive, já estaria analisando propostas de clubes interessados, vez que, além da contratação de Godin, a tão propalada e ao que parece bastante desejada saída de Nathan Silva ainda nesta janela foi frustrada. Coisas do Atlético.

Provavelmente com as mesmas dúvidas e expectativas e se fazendo as mesmas perguntas, o goleiro Gabriel Delfim e os atacantes Felipe Felício e Luiz Felipe, que disputaram a Copinha neste início de ano, uma campanha de triste memória, também se apresentaram ao novo treinador. Inicialmente deverão fazer parte do seleto grupo que tem Neto, Savinho, Calebe, Micael e Echaporã. Enquanto tudo acontecia, os veteranos recebiam a todos com a sua costumeira simpatia e disponibilidade.

Reza a lenda que “El Turquito” gosta de trabalhar com a base e que essa foi uma das razões que levaram o Galo a contratá-lo. Quem viver verá. Afinal, com um elenco de 35 jogadores à sua disposição nesse início de trabalho, o novo treinador tem certamente um grande desafio pela frente. De um lado, terá que administrar as vaidades e os egos de um grupo estelar, de outro trabalhar os sonhos e as expectativas da ala jovem do elenco.

A seu favor, Antonio Mohamed tem em suas mãos um grupo altamente profissional e que gosta de estar e de jogar junto. E, contra si, para poder rodar, escalar e mudar o time, de acordo com a necessidade e o plano de jogo que deverá adotar conforme o momento e o perfil de cada adversário, as dificuldades inerentes a qualquer novo treinador para ganhar a confiança do grupo.

Não é novidade para ninguém que, não obstante ter realizado um trabalho elogiável e vencedor, Cuca teve problemas e experimentou ruídos pontuais com alguns jogadores, o que é perfeitamente normal e previsível em qualquer grupo e com qualquer comandante. Da mesma forma que a habilidade dos gestores do futebol atleticano no trato com o vestiário foi testada e desafiada em 2021, ela também o será nessa temporada.

Entre muitas dúvidas e algumas poucas certezas, outro fato preocupa o mundo atleticano. Dentro de poucos dias o Galo terá pela frente a primeira grande decisão da temporada: a inexplicável aos olhos do mundo Supercopa do Brasil, entre um time que ganhou as duas principais competições de 2021 e outro que foi apenas vice-campeão de uma delas. “Afinal, que final é essa?”, perguntam aqui e ali, dentro e fora do Brasil, muitos e muitos aficionados pelo esporte bretão. A polêmica sobre o local da decisão, originariamente prevista para a sede do campeão brasileiro, explicita o caráter mercantilista da partida. Uma decisão caça-níqueis. Coisas do futebol brasileiro.

Nesse sentido, o próprio Atlético já sinalizou publicamente que vê com bons olhos a marcação desse jogo para o estádio Mané Garrincha em Brasília. A CBF bem que tentou levar a tal “final” para Miami, nos Estados Unidos, mas o bom senso dos dirigentes alvinegros e rubro negros, raro em algumas outras ocasiões é verdade, evitou que os dois times em início de temporada fossem obrigados a fazer uma viagem tão longa e em meio a uma pandemia, com todas as dificuldades e barreiras sanitárias e de logística.

Cercado de poucas expectativas, o campeonato mineiro de 2022 para o torcedor atleticano deveria ser utilizado inicialmente como laboratório para dar rodagem e minutagem para o segmento jovem do elenco, incluídos aí aqueles que estão voltando de empréstimo, além de Fábio Gomes e de Ademir que estão em fase de adaptação e precisam se aclimatar.

Entretanto, como foi o último clube mineiro a iniciar os trabalhos nessa temporada, vez que, em razão da decisão da Copa do Brasil, os jogadores atleticanos foram os últimos a entrar em férias em 2021, o Atlético, considerando o condicionamento físico de cada um de seus jogadores, se obriga, independentemente de qualquer outra variável, a escalar nos primeiros jogos aqueles atletas que estiverem em suas melhores condições. E esse fato tanto pode ser um facilitador para o novo treinador, como pode ser um dificultador. Vai depender de sua habilidade na gestão de grupo e na tarefa de ganhar a confiança do elenco. E aqui, Rodrigo Caetano e Victor Baggi têm uma tarefa mais do que importante.

Qual vai ser o time da estreia no campeonato mineiro? Qual vai ser a escalação para a decisão dessa estranha Supercopa do Brasil? Tchê Tchê vai ficar apenas até o final de seu empréstimo em Maio ou vai ficar pelo menos até o final da temporada? Quem vai sair na janela do meio do ano? Além de Otávio mais alguém vai chegar ao Atlético? Os garotos, nessa temporada, conseguirão sair de vez do limbo e brilhar com o manto sagrado? Ou como muitos e muitos outros descerão aos infernos e se somarão ao fatídico grupo de nômades do futebol? O Atlético neste ano vai ganhar a Libertadores e, de sobra, o mundial de clubes? O Galo vai conquistar o tri do Brasileiro e da Copa do Brasil? “El Turco” vai brilhar ou se converter em um novo Dudamel? O Santo que “roubou” o sonho de Mohamed de ser campeão da Libertadores em 2013, agora irá abençoá-lo? O Atlético vai vender o restante do Shopping? Finalmente, o Glorioso vai ter um novo, moderno e eficiente estatuto? O Galo vai criar a sua SAF? A Arena MRV vai ser inaugurada ainda este ano ou em 2023? E como ficarão as dívidas do clube?

Entre tantas dúvidas e questões ainda não respondidas, uma certeza: a Massa vai continuar torcendo, xingando, sonhando, ora sofrendo, ora comemorando, ora sendo justa, ora, como sempre, praticando a pior das injustiças. E como o Atlético conseguirá obter as melhores respostas a todas estas questões? Outra certeza: se, e somente se, o seu torcedor jogar junto. Jogar junto, porém, é fazer mais do que fez em 2021. É vigiar, criticar, cobrar, filtrar, sopesar e checar exaustivamente todas as informações, praticar o exercício divino da dúvida e provocar sempre.

É fundamental, portanto, que, diante de todas estas expectativas e desafios, o torcedor atleticano pratique como nunca o verbo esperançar, participando proativa e criticamente da vida do clube. Esperançar é fazer por onde, é construir, é ação na busca do que se sonha. Muito diferente de simplesmente esperar que aquilo que se deseja caia de graça do seu colo. E o atleticano já aprendeu que a sua missão e a do clube é sempre LUTAR, LUTAR, LUTAR, para VENCER, VENCER E VENCER, como Vicente Mota imortalizou no hino mais bonito do mundo.

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