#TBT: Relembre a participação da Seleção Brasileira na Copa do Mundo feminina de 1991 | OneFootball

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Fut das Minas

·01 de junho de 2023

#TBT: Relembre a participação da Seleção Brasileira na Copa do Mundo feminina de 1991

Imagem do artigo:#TBT: Relembre a participação da Seleção Brasileira na Copa do Mundo feminina de 1991

Em clima de Mundial, a menos de 50 dias para o início da nona edição da Copa do Mundo feminina, o Fut das Minas vem relembrar a trajetória da Seleção Brasileira até aqui.

Foi só em 1991, 61 anos depois da primeira Copa do Mundo masculina acontecer, que mulheres que praticavam futebol ao redor do mundo tiveram a oportunidade de se reunirem em um só lugar para disputar a competição máxima do esporte.


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O primeiro Mundial aconteceu a pouco mais de 10 anos depois do futebol feminino ser “legalizado” no Brasil. Em 14 de abril de 1941, o então presidente Getúlio Vargas assinou um decreto que proibia a prática do futebol por mulheres no país. Assim, até 1979, quando ficou vigente a lei, o futebol feminino respirou através de mulheres que desafiaram o decreto e ousaram manter viva sua representação dentro do esporte.

No início da década de 80, então, a modalidade feminina começou a se estabelecer. Contudo, não houve muita preocupação por parte de instituições que regulamentavam o esporte. Não havia uma organização, condições adequadas ou um plano de desenvolvimento estabelecido para o futebol feminino brasileiro. Assim, com uma história recente, considerando que a Seleção Brasileira feminina disputou sua primeira partida oficial em 1986, a amarelinha chegou para a disputa do torneio inédito.

Foi a primeira Copa “oficial”

Em 1988, três anos antes do Mundial de 1991, aconteceu um torneio experimental que a FIFA realizou para entender a receptividade da competição. Foi criado com o apoio do brasileiro João Havelange, presidente da FIFA na época, uma competição internacional disputada na China com 12 seleções convidadas.

Levando em consideração o momento do futebol feminino no Brasil, as jogadoras que representaram o país tiveram de utilizar uniforme confeccionado para a seleção masculina, e as atletas praticamente não haviam treinado previamente. Mas, mesmo em meio a condições amadoras, as brasileiras, que entraram em campo trajadas de uniformes enormes, raça e paixão, tiveram a primeira conquista histórica da modalidade para o país. Na disputa do terceiro lugar, elas venceram as chinesas, donas da casa, nos pênaltis.

O torneio internacional de 1988 deu certo, e em 1991, a FIFA organizou a primeira Copa do Mundo feminina oficial, que aconteceria no mesmo país-sede, também com 12 equipes.

O caminho da Seleção Brasileira na primeira Copa feminina

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CBF/Reprodução

Em 1991, então, oficialmente 12 seleções voltariam a se reunir na China. Divididas em três grupos, China, Noruega, Dinamarca, Nova Zelândia, Brasil, Estados Unidos, Suécia, Japão, Alemanha, Itália, Taipei Chinesa e Nigéria foram as seleções pioneiras do torneio.

Olhando para a seleção do Brasil, a única representante da América do Sul, ficava visível o atraso da modalidade no país comparado as seleções estrangeiras. Enquanto as estadunidenses, por exemplo, tiveram uma preparação intensa, o Seleção Brasileira pouco se reuniu para treinamentos ou teve uma preparação focada para o torneio.

Para suprir a falta de amistosos, que quando realizados eram contra equipes da América do Sul, muitas vezes, as atletas acabavam por enfrentar equipes masculinas.

Comandadas pelo técnico Fernando Pires, as jogadoras Meg, Rosa Lima, Marisa, Elane, Marcia Silva, Fanta, Marilza, Solange, Adriana, Roseli, Cenira, Miriam, Márcia Tafarel, Nalvinha, Pretinha, Doralice, Rosangela Rocha e Maria Lúcia, embarcaram para China com o grande desafio de representar o país em 1991.

Por mais que não tivesse sido feita uma preparação intensa, grande parte do elenco se conhecia e era entrosado por conta do Esporte Clube Radar. O clube do Rio de Janeiro foi um dos pioneiros no desenvolvimento do futebol feminino no Brasil e na luta pelo desenvolvimento da modalidade. Não atoa, das 18 atletas convocadas, 16 tinham passagem pelo Radar.

Os duelos

O Brasil estava no grupo B, ao lado de Japão, Estados Unidos e Suécia. Assim, no dia 17 de novembro de 1991, sob o olhar de 14 mil torcedores, a Seleção Brasileira de Futebol Feminino fez sua estreia em uma Copa do Mundo.

A Seleção Brasileira estreou com uma vitória em cima do Japão, que tinha a torcida da maioria presente, por 1×0. A zagueira Elane marcou seu nome na história ao ser a primeira mulher a marcar um gol para o Brasil em uma Copa.

Mas o que foi o primeiro gol também seria o último da equipe naquela edição.

Contra as bem preparadas estadunidenses, o Brasil perdeu por 5×0. E em seguida, enfrentando a Suécia, a derrota sem gols brasileiros foi por 2×0. Com uma vitória e duas derrotas, a Seleção se despediu da competição na fase de grupos ocupando o 9º lugar na classificação geral da competição.

A primeira final da Copa do Mundo feminina aconteceu entre os Estados Unidos e a Noruega. De forma invicta, as estadunidenses foram as primeiras a conquistar a Copa derrotando por 2 × 1 a seleção da Noruega. A final foi transmitida apenas na televisão chinesa, e contou com um público de 63 mil espectadores presentes no Tianhe Stadium em Guangzhou.

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FIFA/Reprodução

Gol aos 90 minutos? Só tinha 80…

A verdade é que nem a FIFA, entidade máxima do futebol, levou com muita seriedade a primeira edição da Copa. A instituição viu como necessária a alteração de algumas regras do esporte. Ao invés dos 90, as mulheres jogaram apenas 80 minutos por partida. Além disso, cada vitória na fase de grupos somava apenas dois pontos, ao invés dos três adicionados na maioria das competições.

Legado

As atletas que representaram a Seleção Brasileira em 1991 abriram as portas para o desenvolvimento do futebol feminino no Brasil. A competição não teve premiação em dinheiro, contou com apenas um patrocinador e não teve a final transmitida fora do país-sede, mas mostrou que, mesmo com a baixa visibilidade, a modalidade conquistaria seu espaço.

Hoje, às vésperas do que promete ser a Copa do Mundo feminina com a maior premiação e o maior alcance da história e que, é reflexivo olhar para trás e observar o desenvolvimento da modalidade e o lugar da Seleção Brasileira nessa trajetória.

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