Show de Rossi contra a Polônia colocou uma Itália em ascensão na decisão do Mundial, em 1982 | OneFootball

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Calciopédia

·08 de julho de 2022

Show de Rossi contra a Polônia colocou uma Itália em ascensão na decisão do Mundial, em 1982

Imagem do artigo:Show de Rossi contra a Polônia colocou uma Itália em ascensão na decisão do Mundial, em 1982

Um começo turbulento se transformou numa reta final arrasadora. A Itália pode ter decepcionado os seus torcedores com a campanha lamentável na fase de grupos da Copa do Mundo de 1982, mas certamente compensou na sequência da competição. Após empatar com Polônia, Peru e Camarões, a chave da equipe treinada por Enzo Bearzot virou. Argentina e Brasil, dois favoritos incontestáveis, foram mandados embora e o sonho do tricampeonato mundial se desenhava para além da imaginação. Mais que possível, era provável.

Afinal de contas, contra a Argentina no primeiro duelo da segunda fase de grupos, Diego Armando Maradona e companhia foram anulados em uma aula tática da seleção italiana. Enquanto o forte sistema defensivo travava a criatividade sul americana, Marco Tardelli e Antonio Cabrini resolveram lá na frente. Não foi um espetáculo, mas comparada às primeiras exibições, aquela foi a melhor feita até então naquela Copa.


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Sem Boniek, a Polônia confiava em Lato; a Itália, sem Gentile, se fiou no jovem Bergomi (imago/WEREK)

Depois de desbancar os campeões, foi a vez de mandar os favoritos para casa. O Brasil era repleto de craques, alguns que inclusive fariam parte da história do futebol italiano – como Zico, Júnior, Sócrates e Paulo Roberto Falcão. Mesmo assim, se a Itália ressurgiu durante o Mundial, o mesmo pode ser dito de Paolo Rossi, que superou todos esses nomes. Figura contestada desde sua convocação, já que passara dois anos parado por conta de envolvimento no escândalo Totonero, o atacante fez a grande partida de sua carreira e saiu sendo o grande vencedor da Batalha do Sarriá.

Os gols da tripletta eram os seus primeiros na Copa da Espanha. No fim da edição, terminou com a artilharia do torneio. Sua reta final foi impecável. Balançou as redes nos três jogos de maior importância e, merecidamente, marcou seu nome como craque da seleção italiana de 1982. A segunda vítima, após a derrota imposta aos brasileiros, foi a Polônia, com quem já havia se encontrado antes.

O caminho dos rivais foi menos difícil que o da Itália, mas longe de ser fácil. Na segunda fase de grupos, os poloneses desbancaram a Bélgica, vencendo por 3 a 0, e a União Soviética, empatando sem gols. Chegando na semifinal com a meta inviolada nos últimos dois jogos, a Polônia teria de lidar com a ausência de Zbigniew Boniek. A estrela polaca estava suspensa e fez uma falta tremenda para o ataque de sua seleção. Grzegorz Lato e Wlodzimierz Smolarek comandaram o setor.

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Ao longo da Copa de 1982, Oriali tirou a titularidade de Marini, seu colega de Inter (imago/WEREK)

Do lado da Squadra Azzurra, foi mantida quase toda a equipe que derrotou o Brasil, com exceção de Claudio Gentile, suspenso. Giuseppe Bergomi, então um garoto de 18 anos, entrou no seu lugar. Mais à frente, Gabriele Oriali assumiu de vez a condição de titular, no posto de Gianpiero Marini, enquanto Rossi era quem oferecia esperanças no setor ofensivo. Nos 10 primeiros minutos de jogo, poucas ações de Polônia e Itália na semifinal. Bem postados na defesa, ninguém dava brechas ao seu adversário.

Os poloneses tentavam atacar pelos lados, sem sucesso, e a Squadra Azzurra, conforme o tempo ia passando, começava a se sentir mais confortável para ditar o ritmo de jogo. Aos 13 minutos, Tardelli arriscou de longe e Józef Mlynarczyk encaixou firme. Pouco depois foi a vez de Francesco Graziani, que não acertou a meta, e finalizou para fora ao buscar o ângulo. Era mais um daqueles dias em que a bola só ia entrar se saísse do pé de um iluminado.

Na metade da etapa inicial, Giancarlo Antognoni ganhou boa oportunidade de cobrar uma falta ao lado da grande área. O camisa 9 cruzou e, antecipando a todos, Rossi chegou finalizando de primeira, de direita, estufando as redes para inaugurar o placar. Vantagem merecida. Para a infelicidade dos italianos, o criador da jogada do gol precisou ser substituído poucos minutos depois de levar a pior em uma dividida com um defensor da Polônia.

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Antognoni fez bom jogo contra a Polônia, mas teve de ser substituído por causa de uma lesão (imago/WEREK)

Marini, substituto de Antognoni, entrou bem. Na primeira chance que teve de frente para o gol, finalizou com perigo. Na sequência, a 10 minutos do intervalo, veio o susto. Em falta consideravelmente longe, Janusz Kupcewicz não se intimidou com a distância e encheu o pé. A pancada, que foi pelo lado da barreira, por pouco não morreu dentro da meta de Dino Zoff, que só observou a bola explodir contra sua trave.

A velocidade do jogo caiu muito depois do intervalo. Além do cansaço acumulado ao longo da competição, fazia calor, algo próximo de 34°C. O cenário era ruim principalmente para a Polônia, que precisava buscar o resultado, enquanto os comandados de Bearzot adotaram uma postura mais conservadora. Cadenciavam quando necessário, e aceleravam em contra-ataques em busca do golpe fatal – e ele veio.

Perto dos 70 minutos, Graziani precisou sair após trombada forte com Wladyslaw Zmuda. Não parecia haver uma lesão grave, apenas exaustão do atacante italiano. Em seu lugar entrou Alessandro Altobelli, figura importante para o segundo gol da Nazionale. Em roubada de bola no meio-campo, Cabrini foi rápido e encontrou Altobelli. Acelerando, o meio-campista colocou na esquerda, por onde Bruno Conti passava como um foguete. Rossi, esperto na jogada, abriu na segunda trave e recebeu um cruzamento magistral. A pelota chegou na medida e o atacante da Juventus só precisou se abaixar um pouco para empurrá-la, de testa, para o fundo das redes.

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O dono da Copa: Rossi brilhou mais uma vez e entrou para o panteão de craques italianos (imago)

A fatura estava praticamente liquidada. Sem energia para reagir, os poloneses tentavam pressionar, ao passo que a torcida italiana gritava “olé!”. Os adversários estavam na roda. O último lance de perigo surgiu noutra falta de Kupcewicz, que terminou em defesa em dois tempos de Zoff. Apito final, e lá estava a Itália na final do Mundial depois de 12 anos, podendo encerrar jejum de mais de quatro décadas sem um troféu da competição.

A seleção, antes desacreditada, se provou no mais alto nível do futebol mundial. Rossi, também cercado de desconfianças, terminava sua segunda partida seguida como melhor em campo e precisava de apenas um gol para se sagrar artilheiro do torneio. Era uma história de ascensão, de uma esquadra que não parava de evoluir. Mas faltava o último ato: do outro lado da chave, a Alemanha Ocidental se deu bem e encontraria os azzurri no confronto histórico no Santiago Bernabéu. Um clássico europeu, entre duas bicampeãs, decidiria a competição, e serviria de tira-teima.

Polônia 0-2 Itália

Polônia: Mlynarczyk; Dziuba, Zmuda, Janas, Majewski; Matysik; Buncol, Kupcewicz, Ciotek (Palasz); Smolarek (Kusto), Lato. Técnico: Antoni Piechniczek. Itália: Zoff; Bergomi, Scirea, Collovati; Conti, Oriali, Tardelli, Cabrini; Antognoni (Marini); Rossi, Graziani (Altobelli). Técnico: Enzo Bearzot. Gols: Rossi (22’ e 73’) Árbitro: Juan Daniel Cardellino (Uruguai) Local e data: Camp Nou, Barcelona (Espanha), em 8 de julho de 1982

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