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·05 de novembro de 2024
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“Chicotadas” na Liga Portuguesa: Sete Mudanças de Treinador em Apenas 10 Jornadas Destacam Exceção Europeia
A Liga Portuguesa vive um início de temporada marcado por uma série invulgar de trocas de treinadores. Com o despedimento de Luís Freire do comando do Rio Ave, eleva-se para sete o número de “chicotadas psicológicas” registadas nas primeiras 10 jornadas, uma realidade que contrasta fortemente com os principais campeonatos europeus. Nas seis ligas mais relevantes da UEFA – Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha, França e Países Baixos – registaram-se apenas cinco despedimentos no mesmo período.
A Liga portuguesa tem revelado uma instabilidade crescente nos bancos técnicos, sendo já o campeonato com mais mudanças de treinador na Europa. Após a saída de Luís Freire, está ainda garantida uma oitava alteração: a transferência de Rúben Amorim, treinador do Sporting CP, para o Manchester United, que se concretizará após a 11.ª jornada. Neste caso, a saída não se deve a uma decisão da direção, mas ao convite do clube inglês, que Amorim decidiu aceitar.
Este padrão de mudanças precoce nos bancos técnicos tem sido singular. Mesmo antes da primeira jornada, Tozé Marreco deixou o Gil Vicente; no final da ronda inaugural, o SC Braga decidiu demitir Daniel Sousa. O ciclo continuou com o Benfica, que afastou Roger Schmidt após a quarta jornada, e Farense e Estrela da Amadora, que despediram José Mota e Filipe Martins na sexta jornada. Mais recentemente, Gonzalo García foi afastado do Arouca, completando a lista de sete trocas até ao momento. Entre todos, apenas Tozé Marreco já regressou à ação, assumindo o comando técnico do Farense.
Nos campeonatos europeus de maior destaque, o cenário tem sido mais estável. Na Premier League inglesa, La Liga espanhola, Serie A italiana, Bundesliga alemã, Ligue 1 francesa e Eredivisie neerlandesa, os clubes optaram por uma abordagem mais conservadora em relação aos técnicos, com apenas cinco saídas até agora: Erik ten Hag do Manchester United, De Rossi da Roma, Luis Carrión do Las Palmas, Peter Zeidler do Bochum e Michel Zakarian do Montpellier. Entre os Países Baixos, a estabilidade é ainda maior, já que nenhum clube da Eredivisie alterou o seu treinador até ao momento.
O elevado número de trocas na Liga Portuguesa levanta questões sobre a pressão colocada nos treinadores e sobre a cultura de mudança rápida que tem caracterizado o futebol nacional. Em comparação com outras ligas europeias, o campeonato português revela-se excecionalmente rápido a reagir perante resultados menos positivos, criando uma dinâmica de constante adaptação para os plantéis e dificultando a implementação de projetos a longo prazo.
Esta tendência de “chicotadas” precoces mostra-se uma peculiaridade da Liga portuguesa nesta época, destacando uma abordagem distinta e mais impaciente face aos resultados, numa altura em que o campeonato ainda está longe do seu desfecho.