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·04 de fevereiro de 2022

Serie B 2021-22: equilíbrio no topo da tabela e fiasco do Parma marcaram o primeiro turno

Imagem do artigo:Serie B 2021-22: equilíbrio no topo da tabela e fiasco do Parma marcaram o primeiro turno

Entramos em fevereiro e a Serie B está mais quente do que nunca. O torneio, tradicionalmente muito equilibrado, iniciou o segundo turno ainda sem um líder soberano, com três equipes separadas por dois pontos: Lecce, Pisa e Brescia. Foram estes times, inclusive, os únicos que chegaram a liderar o certame de forma isolada em algum momento da temporada.

Na briga pela repescagem, são vários os contendores. Já na parte inferior da tabela, estão as decepções, que esperam virar a chave no returno, e também os desesperados – alguns já sem esperança de reação.


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Em decorrência de surtos de covid-19 em vários elencos em dezembro e janeiro, o campeonato teve as suas últimas três rodadas bastante modificadas, o que levou a quase um mês de atraso no retorno das partidas. Agora, finalmente, todas as equipes têm 20 jogos realizados.

A briga pela liderança

Atual líder da Serie B e um dos principais candidatos pelo acesso à elite, até pela condição financeira e pelo elenco bem avaliado, o Lecce assumiu a ponta da tabela somente no final de semana, quando recuperou um jogo atrasado contra o Vicenza. Depois de perder força no final da última temporada, quando também era um dos favoritos e terminou o ano de forma frustrada, o time de Marco Baroni faz uma campanha consistente.

O Lecce é o dono do melhor ataque da competição e tem dois de seus vice-artilheiros  – o experiente Massimo Coda e o brasileiro Gabriel Strefezza, com nove gols. O jogador revelado pelo Corinthians já havia se destacado na Serie A com a Spal e, atualmente, vive grande fase na ponta direita. Montado em um 4-3-3 bem equilibrado, o time apuliano tem também um meio-campo forte, com o dinamarquês Morten Hjulmand, o esloveno Zan Majer e o napolitano Mario Gargiulo, contratado após boas temporadas no Cittadella.

Os salentinos só assumiram a ponta da tabela porque o Pisa, uma das grandes surpresas da temporada, tropeçou nas últimas duas rodadas. Os nerazzurri toscanos estão afastados da Serie A há três décadas, e para encerrar esse jejum, o bilionário britânico Alexander Knaster formou um grupo de jovens jogadores bem avaliados no mercado.

A exceção é o experiente goleiro brasileiro Nícolas, o menos vazado do campeonato, acompanhado pelo islandês Hjörtur Hermannsson e o francês Maxime Leverbe, que formam uma forte dupla de zaga. A defesa do Pisa também conta com o lateral-esquerdo Pietro Beruatto e o volante Idrissa Touré, oriundos da Juventus sub-23. O ataque tem o promissor Lorenzo Lucca, que teve um início arrasador e está na mira de clubes da Serie A.

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Comparado a Toni, Lucca é o destaque da boa campanha do Pisa (LaPresse)

Apesar disso, o jovem centroavante, comparado a Luca Toni, não vai às redes desde outubro. Como solução para a falta de gols, a diretoria trouxe o romeno George Puscas, revelado pela Inter e emprestado pelo Reading. Também foram contratados no mercado de inverno os experientes Ahmad Benali e Ernesto Torregrossa, que devem dar uma mão ao ataque de Luca D’Angelo, que está no clube desde 2018 e quarta temporada.

Também na briga pelo título da Serie B, o Brescia, outro frustrado na reta final da última temporada, chegou a dividir a liderança com o Pisa por algumas rodadas. Comandado por Filippo Inzaghi, o time lombardo tem um elenco experiente, cuja maior referência é Rodrigo Palacio. El Trenza lidera um ataque com outros jogadores oriundos da elite, como Riad Bajic, Stefano Moreo, Mehdi Léris e Mattéo Tramoni.

No mercado de janeiro, além de repatriar o lateral-direito Stefano Sabelli, o Brescia também adquiriu o veterano Valon Behrami e apostou em outros jogadores que tiveram destaque recente no Cittadella, como o zagueiro Davide Adorni e o volante Federico Proia. O time conta ainda com talentos que fizeram parte do elenco que disputou a Serie A há duas temporadas, como o goleiro Jesse Joronen, o zagueiro Andrea Cistana e o lateral-esquerdo Marko Pajac.

O pelotão da repescagem

Não muito distante dos líderes, o Benevento tem a expectativa de crescimento quando tiver o seu artilheiro de volta. Gianluca Lapadula, também líder de gols na Serie B, com 10, esteve ausente nas últimas duas rodadas, quando os campanos tropeçaram. O peruano é um dos tantos remanescentes do time rebaixado da elite em maio, a exemplo de Gaetano Letizia, Kamil Glik, Federico Barba, Andrés Tello, Artur Ionita e Roberto Insigne.

Hoje, o Benevento é comandado por Fabio Caserta, ex-volante com longa passagem na Serie A durante os anos 2000, por clubes como Catania, Palermo, Lecce, Atalanta e Cesena. Na temporada anterior, o técnico subiu com o Perugia para a segundona e, em 2021-22, busca o acesso direto à primeira divisão, sem passar pela dramática fase de playoffs. O time campano também se reforçou no inverno: chegaram o volante Jacopo Petriccione e os atacantes Diego Farias e Francesco Forte.

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O veteraníssimo Palacio é o líder do Brescia, terceiro colocado (LaPresse)

Na Lombardia, empatados com o Benevento, outros dois fortes candidatos lutam por acessos que seriam históricos para os clubes. No caso da Cremonese, um retorno à elite depois de 26 anos; para o Monza, a promoção inédita. Estacionado no meio da tabela desde a volta à Serie B, em 2017, a equipe de Cremona teve uma arrancada em dezembro e, derrotada pelo Lecce no último jogo, enfrenta os brianzoli na próxima rodada.

Treinada pelo ex-juventino Fabio Pecchia, a Cremonese tem como grande destaque Nicolò Fagioli, meio-campista revelado pela própria Juventus e um dos jovens atletas mais badalados da temporada. Outras promessas são o goleiro Marco Carnesecchi, já consolidado como um dos melhores arqueiros do campeonato, e o zagueiro Caleb Okoli. Ambos estão emprestados pela Atalanta e foram convocados por Roberto Mancini para um estágio de treinamentos da seleção italiana em janeiro.

Já o Monza, há duas temporadas presidido por Silvio Berlusconi e chefiado por Adriano Galliani, seu baço direito, ainda não conseguiu desempenhar conforme a expectativa gerada pelos fortes investimentos dos últimos anos. Comandado por Giovanni Stroppa, o time é o melhor mandante da Serie B, porém tem um péssimo aproveitamento longe de sua casa. Com o segundo elenco mais valioso do campeonato, tem potencial para mais e espera superar o fracasso de 2020-21.

Outra equipe com qualidade para estar em uma melhores condições é o Frosinone. Muito próximo do bloco que lidera o campeonato, o time de Fabio Grosso tem um dos melhores ataques e defesas do campeonato, além de ser o menos derrotado – ao lado do Lecce, soma apenas dois reveses. Apesar disso, os ciociari acumulam poucas vitórias: em 20 jogos, foram apenas oito, ladeadas por empates em excesso (10, outro recorde).

No setor ofensivo, além do veterano Camillo Ciano, o time conta com o francês Gabriel Charpentier, seu artilheiro com oito gols, e o ponta Alessio Zerbin, emprestado pelo Napoli. Um grande nome da equipe é o volante Matteo Ricci, destaque do Spezia na Serie A. Já a defesa é liderada pelos também jovens Federico Ravaglia, goleiro emprestado pelo Bologna, e o até então desconhecido Federico Gatti.

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Com o artilheiro Lapadula, o Benevento tenta retornar à elite (Ottopagine)

Considerado o melhor zagueiro da temporada, Gatti tem 23 anos e pela primeira vez disputa a Serie B. Natural de Rivoli, a pouco quilômetros de Turim, fez quase toda a sua carreira no Piemonte. Depois de passagens na base por Chieri, Torino e Alessandria, começou a jogar profissionalmente em 2015, no Pavarolo, clube pelo qual subiu da sexta para a quinta divisão. De lá rumou para o Verbania, onde conseguiu outro acesso, para a quarta categoria, em 2018.

Contratado pelo Pro Patria em 2020, se destacou na Serie C e conseguiu a transferência para o Frosinone no verão. Meia-atacante de origem, se transformou em zagueiro pela condição física quando ainda jogava na Eccellenza, mas sem perder a qualidade com a bola no pé. Estas características fizeram com que fosse contratado pela Juventus na janela de inverno – no entanto, o defensor segue no clube do Lácio até o final da temporada.

Quem fecha a zona de playoffs é o Ascoli, que tem um desempenho contrário ao Monza. Segundo melhor visitante, o time marquesão não vai bem dentro de seus domínios e só não tem aproveitamento pior como mandante do que as equipes que estão na zona de rebaixamento. A formação de Andrea Sottil, pai de Riccardo, atacante da Fiorentina, mudou a sua situação em relação ao último ano e conta com os gols do veterano Federico Dionisi.

Sem capacidade de investimento, o Cittadella é sinônimo de resistência pelos consecutivos desmanches e pela capacidade de se reinventar. Enquanto o treinador Roberto Venturato optou por sair do clube depois de seis temporadas, Edoardo Gorini, seu braço direito, foi promovido. Os atacantes Enrico Baldini, ex-Inter, Mirko Antonucci, ex-Roma, e Orji Okwonkwo, ex-Bologna, têm carregado o time após as muitas peças perdidas.

Embora fora da zona de classificação para a repescagem, que atingiu de forma consecutiva em todas as temporadas desde que subiu para a Serie B, em 2016, o Cittadella tem a maior sequência de invencibilidade do campeonato: não perde há 10 jogos, desde outubro. São muitos os empates também, mas o time não cansa de surpreender com a sua competitividade e o sonho, improvável, de chegar à elite pela primeira vez em sua história.

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Já adquirido pela Juventus, Gatti é o principal destaque do Frosinone (LaPresse)

O meio da tabela

Promovidos no último ano, Perugia, Como e Ternana se destacam como times com bons talentos individuais, mas desempenho irregular. Enquanto o Perugia é liderado pelo veterano regista Salvatore Burrai e conta com os gols do jovem Manuel De Luca, o Como tem uma dupla de ataque formada por Alberto Cerri e Antonino La Gumina. Já a Ternana se destaca com o trio composto por César Falletti, Anthony Partipilo e Alfredo Donnarumma.

Coincidentemente, todos os três ainda não venceram desde o retorno do campeonato, em 2022. De toda forma, por virem da Serie C, veem esta temporada como uma oportunidade de reconsolidação na segunda divisão e, até agora, cumprem esta meta. O discurso é muito diferente para as três equipes que estão logo abaixo e esguem mais próximas da briga contra o rebaixamento do que da luta pelo acesso – parte da tabela que, segundo as projeções feitas antes do início do certame, deveriam ocupar.

Estes são os casos de Parma, Reggina e Spal – respectivamente a quatro, três e dois pontos do playout, e a oito, nove e dez pontos dos playoffs. A Reggina tem vários veteranos, como Thiago Cionek, Perparim Hetemaj, Nicola Bellomo, Jérémy Ménez, Andrey Galabinov e Germán Denis, além de bons jovens emprestados de equipes da Serie A, como Alessandro Cortinovis (Atalanta) e Claud Adjapong (Sassuolo). O desempenho, no entanto, é horrível: não vence há oito jogos e tem o pior ataque do certame, com 16 gols.

Já decepcionante na última temporada, quando não conseguiu entrar na repescagem depois de três anos seguidos na elite, a Spal passou para as mãos do controverso Joe Tacopina e, na virada do ano, decidiu apostar no técnico Roberto Venturato. Depois de tirar leite de pedra por seis anos no Cittadella, o treinador tem a missão de mudar a sorte da equipe emiliana no returno depois de uma janela de inverno bastante movimentada, com a aquisição de atletas tarimbados na Serie B, como o atacante Luca Vido.

A qualidade e as condições para reagir estão presentes na Spal e também no Parma. Com um pesado investimento do norte-americano Kyle J. Krause e um elenco tão caro quanto o que caiu da Serie A no último ano, os crociati são a grande decepção da temporada. Depois de apostar no inexperiente Enzo Maresca, a diretoria decidiu confiar o comando do time ao experiente Giuseppe Iachini. Contudo, pouco mudou desde então.

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O Parma foi atrás de nomes tarimbados, como Buffon, mas não decolou até agora (LaPresse)

Na janela de mercado de verão, Krause investiu pesado em veteranos como Gianluigi Buffon, Danilo, Pasquale Schiattarella e Franco Vázquez, além de jovens como Elias Cobbaut, Enrico Del Prato, Woyo Coulibaly, Stanko Juric e Adrian Benedyczak. Em janeiro, o Parma voltou a se movimentar, na expectativa de mudar a sua situação. Entre os principais reforços, o veterano Goran Pandev e o goleador Simy, que decepcionou na Salernitana. Iachini pediu, e ganhou os alas Andrea Rispoli e Filippo Costa. É um elenco que poderia disputar a elite.

A luta contra o rebaixamento

O Alessandria, promovido da Serie C, abre a zona de playout. O time piemontês não dispôs dos mesmos recursos dos outros clubes que também subiram para a segunda divisão e a sua luta é para tentar permanecer na categoria. Comandados por Moreno Longo há um ano, os grigi não tiveram grandes reforços no verão, porém se movimentaram no inverno: acrescentaram ao elenco o goleiro Michele Cerofolini, o lateral Federico Mattiello, o volante Mirko Gori e o atacante Diego Fabbrini.

Por enquanto, os gols do veterano Simone Corazza têm mantido a equipe piemontesa em uma situação melhor do que a de seus concorrentes. Como o Cosenza, que tem três pontos a menos e seria o seu adversário no playout. O time calabrês foi salvo da queda com a exclusão do Chievo, hoje inativo profissionalmente, e, por isso, disputa a Serie B pelo quarto ano seguido. Sem grandes investimentos por parte do presidente Eugenio Guarascio, os bruzi encaram desafios cada vez maiores a cada temporada.

O outro time da Calábria que disputa a segundona vive uma situação ainda pior ainda do que a do Cosenza. O Crotone caiu da Serie A e pode atravessar o inferno dos descensos consecutivos, já que abre a zona de rebaixamento e tem quatro pontos a menos do que os bruzi. Os pitagóricos perderam os seus principais protagonistas e os substitutos não corresponderam às expectativas: o resultado é o péssimo desempenho, pontuado por apenas duas vitórias em 20 jogos. Demitido em outubro, o técnico Francesco Modesto voltou ao comando após rápida passagem de Pasquale Marino, mas nada mudou na equipe.

Por sua vez, do outro lado da Itália, no nordeste do país, Vicenza e Pordenone estão empatados nas duas últimas posições da tabela e parecem destinados ao fracasso, depois de resistirem na temporada anterior. O posicionamento dos vicentinos é uma surpresa, já que eles contam com um grupo experiente, com figuras como Sebastien De Maio, Anthony Taugourdeau, Luca Rigoni, Stefano Giacomelli, Riccardo Meggiorini e Davide Diaw. Porém, o time de Cristian Brocchi, ex-treinador do Milan, nunca encontrou um encaixe.

O Pordenone, por sua vez, vive uma situação já projetada no início da temporada – um cenário, aliás, praticamente irreversível. Depois de bater na trave pelo acesso em 2020, o time friulano perdeu força no ano seguinte e escapou por pouco da queda. Desta vez, no entanto, com mais jogadores importantes perdidos e o elenco menos valioso do campeonato, não conseguiu romper as expectativas iniciais. Conforme o esperado, os ramarri têm o pior ataque e a pior defesa da Serie B.

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