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·10 de junho de 2020

Seleção feminina sem Marta? Brasil vive dilema da categoria

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Faz quase 13 anos desde que a craque Marta se apresentou para o mundo na Copa do Mundo de 2007. Foi ali o início da trajetória da gigante que se tornou a maior jogadora da história do futebol feminino, eleita seis vezes melhor do mundo.

Marta já mostrou a estrela que seria, dando esperança de o Brasil se tornar uma força, mas isso não aconteceu. Agora, aos 34 elas está se aproximando de sua despedida, assim como Formiga, aos 42, e Cristiane, aos 35.


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Nas oitavas de final da Copa do Mundo de 2019, ao sair de campo com a derrota da seleção brasileira, a atacante, muito emocionada com o peso da ocasião, aproveitou para deixar um recado: "Não vai ter uma Formiga para sempre, não vai ter uma Marta para sempre, não vai ter uma Cristiane. O futebol feminino depende de vocês para sobreviver. Pensem nisso, valorizem mais. Chorem no começo para sorrir no fim".

O trio está perto do final de carreira e, provavelmente, isso vai acontecer sem que elas possam se chamar de campeãs mundiais. E parte da culpa é da CBF, pela falta de investimento.

Mas a questão não é mais o que poderia ter acontecido. É sobre o que vai acontecer a seguir.

Como será a próxima geração do futebol feminino do Brasil?

Ao final da Copa do Mundo de 2019, o Brasil fez uma declaração. Pia Sundhage, ex-técnica da seleção americana e da sua seleção natal, a Suécia, dona de um currículo incrível e cheio de títulos, foi nomeada como a nova treinadora.

"O Brasil é um país de futebol fantástico, cheio de jogadoras talentosas que  estou ansiosa para conhecer e trabalhar", disse ela.

"A seleção está em uma fase emocionante neste momento - você precisa, pelo menos até certo ponto, de uma mudança de geração".

Sundhage tem muita experiência trabalhando com os grandes nomes e com vencedoras. Mas ela também tem um histórico fantástico com jovens jogadoras.

Ela foi responsável pelo sub-17 da Suécia antes de assumir o cargo no Brasil e é responsável por dar estreias internacionais para alguns dos maiores nomes do esporte.

Alex Morgan, Tobin Heath e Becky Sauerbrunn estão todas entre as muitas que foram colocados pela primeira vez em uma lista de times da USWNT por Sundhage. A capitã do Chelsea, Magdalena Eriksson, é uma das várias que também recebeu a sua primeira chance com a Suécia através de Pia.

Foto: Getty

"Eu amo a Pia. Eu amei meu tempo com ela", disse Heath ao USA Today em 2015, enquanto Morgan se lembra da treinadora de 60 anos como alguém que "acreditou nela desde o primeiro dia".

Pia tem seus críticos, é claro. Ela é conhecida por ser extremamente teimosa com as titulares se sua equipe, mas vai dar uma chance para as jovens jogadoras se merecerem.

Desde que assumiu o cargo no Brasil, cujo elenco tinha a segunda maior média de idade na Copa do Mundo, Sundhage já convocou 18 jogadoras com 25 anos ou menos.

Nomes como Ludmila e Geyse, que já marcaram gols na Espanha pelo Atlético de Madri e pela Madrid CFF, respectivamente, Sundhage tem o talento à sua disposição para se destacar e brilhar quando tiver a chance.

Agora, há ainda mais jogadoras que vêm das categorias de base também.

Nas equipes sub-17 e sub-20, o Brasil têm lutado em torneios da Copa do Mundo, mas têm reinado no continente por muitos anos. A CBF também contratou recentemente novas treinadoras para as duas equipes, o que Sundhage elogiou abertamente.

Embora o investimento possa não ter entrado na equipe quando deveria,  todos aqueles anos atrás, o valor do futebol feminino no Brasil está subindo.

É claro que ainda há problemas. Afinal, faz apenas três anos que várias jogadoras se aposentaram temporariamente da equipe, depois que Emily Lima, sua primeira treinadora mulher, foi demitida. Mas as coisas estão caminhando na direção certa.

É tarde demais para garantir que Marta se aposente com uma medalha de campeã do mundo, mas pelo menos vai garantir que sua paixão, com suas palavras e com a bola, não seja em vão.