Jogada10
·07 de maio de 2025
Sedação 24h, automutilação e buscas em clínica: mais do julgamento da morte de Maradona

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·07 de maio de 2025
As primeiras audiências de maio do julgamento sobre responsabilidades pela morte de Diego Armando Maradona trouxeram à tona relatos sobre o uso de sedativos e episódios de automutilação, além de suspeitas em torno da internação. Há meses em curso, as sessões no Juizado Criminal de San Isidro, em Buenos Aires, têm analisado a conduta de sete profissionais de saúde acusados de homicídio simples com dolo eventual. Os téus podem pegar penas de até 25 anos de prisão.
Chefe da UTI da Clínica Olivos, Fernando Villarejo declarou em audiência que sedou Diego por 24 horas durante sua internação em novembro de 2020. A indicação para tal procedimento partiu, segundo ele, dos médicos Leopoldo Luque e Agustina Cosachov. “Nos pediram para fazer sedar o paciente. Recusei explicitamente. Senti que não era o lugar certo e deixei isso claro”, contou.
Villarejo explicou que a sedação servia como parte de um processo de desintoxicação, usando um cateter venoso central, instalado mesmo com a resistência do paciente. Após um dia, ele optou por reduzir a dose, pois não havia um plano terapêutico definido. O médico defendia o uso de uma equipe multidisciplinar para conduzir o tratamento de maneira adequada.
Os médicos descreveram o astro como “inquieto” e “incontrolável”, com sintomas de abstinência que, segundo eles, dificultavam o manejo comportamental do ex-jogador.
O diretor da Clínica Olivos, Pablo Dimitroff, também prestou depoimento ao Tribunal. Ele afirmou que o argentino apresentava comportamentos autolesivos, não dormia de forma regular e se recusava a tomar a medicação prescrita. “Estava acordado à noite, dormia de dia, não comia adequadamente, tomava substâncias prejudiciais e não saía da cama”, descreveu.
Julgamento segue em curso – Foto: Reprodução
De acordo com Dimitroff, essas características indicavam um ambiente domiciliar inadequado para a continuidade do tratamento. O paciente passou a receber os cuidados logo após a cirurgia para drenagem de um hematoma subdural. Para o Dr. Pablo, a melhor solução teria sido a transferência do paciente para uma instituição especializada em reabilitação, a fim de lidar com dependência química.
Na sequência dos depoimentos, os juízes determinaram que a Polícia realizasse uma busca na Clínica Olivos. A decisão ocorreu após contradições nos relatos sobre a realização de exames pré-operatórios antes da cirurgia a que Maradona foi submetido em novembro de 2020.
Pablo Dimitroff havia apresentado documentos capazes de comprovar a realização desses exames. Contudo, Fernando Villarejo já havia negado qualquer existência de exame pré-cirúrgico na semana anterior. Sendo assim, a diligência realizada nessa terça-feira (06) visa esclarecer se houve negligência nos procedimentos que antecederam a operação e, então, verificar a consistência das provas apresentadas no processo.
Além de Luque e Cosachov, também respondem no processo o psicólogo Carlos Díaz, a médica Nancy Forlini, o clínico Pedro Di Spagna, o coordenador de enfermagem Mariano Perroni e o enfermeiro Ricardo Almirón. A enfermeira Gisela Madrid será julgada separadamente, em um júri popular, conforme solicitado por sua defesa.
Os juízes Maximiliano Savarino, Verónica Di Tommaso e Julieta Makintach conduzem o processo, que segue sem previsão de encerramento. Enquanto isso, novas audiências e eventuais diligências devem continuar revelando detalhes sobre os últimos dias de vida de Maradona e o contexto clínico em que ele foi submetido até sua morte em 25 de novembro de 2020.