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·19 de julho de 2020
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Independentemente do resultado da partida entre Villarreal e Eibar, neste domingo (19), pela última rodada de La Liga 2019-20, ela não será digna das despedidas já marcadas. Culpa do novo coronavírus, evidentemente, que obrigou o futebol a ter como única opção possível a realização de partidas com estádios sem torcida por enquanto. Bruno Soriano, que aos 36 anos só defendeu o Villarreal em sua vida, não seguirá no clube, assim como vai acontecer com Santi Cazorla – um dos maiores exemplos de superação no futebol.
Cazorla, meia habilidosíssimo com história vitoriosa por Arsenal e seleção espanhola, protagonizou um drama desesperador que só veio à tona em 2018, quando em entrevista ao jornal espanhol Marca explicou por que não foi visto fazendo o que mais gosta por mais de 600 dias. Santi foi operado em 2016, após lesão sofrida em um Arsenal x Ludogorets, pela Europa League, mas o ferimento em seu tornozelo direito estava aberto e uma bactéria entrou na região e chegou a devorar 10 centímetros de seu tendão.
Em determinado momento deste drama, Cazorla chegou a ouvir o seguinte diagnóstico: “‘não se preocupe em jogar bola, se concentre em poder brincar com o seu filho ou dar uma leve caminhada”. O jogador segue o relato relembrando que o seu osso daquela região, segundo os médicos, estava parecendo uma massa de modelar. Foram oito cirurgias, placas de metal, o tendão reconstruído e um enxerto necessário que acabou por separar a tatuagem com o nome de sua filha: parte dela precisou ser costurada no tornozelo direito. E que força deu a Cazorla!
Ainda em 2018, o meia foi apresentado como se fosse um mágico para a torcida do Villarreal. Cazorla chegou ao clube conhecido pela simpática alcunha de “Submarino Amarelo” ainda na base e estreou entre os profissionais em 2004. O retorno foi em meio a dúvidas normais, ainda que a torcida sempre estivesse disposta a demonstrar seu carinho e passar confiança ao velho conhecido. Além de todo o drama vivido, Santi já estava com 34 anos.
Mas o que se viu desde o primeiro jogo oficial depois de todo aquele pesadelo, em 18 de agosto de 2018, até a véspera de seu último jogo no Villarreal, agora em 2020, é uma história tão impressionante que poderia ser contada em telas de cinema. Cazorla foi tão decisivo que até mesmo voltou a ser convocado para a seleção espanhola. Um desempenho no mais alto nível que você pode imaginar.
Segundo números levantados pela Goal Brasil junto à Opta Sports, desde aquele 18 de agosto de 2018 - um marco nesta ressurreição de Cazorla para o futebol - até o momento desta sua despedida, apenas um jogador acumulou mais passes para gols em La Liga do que os 18 que estão na conta de Santi: Lionel Messi e suas 33 assistências pelo Barcelona.
Se considerarmos todas as competições oficiais em disputa na Espanha, Cazorla (20 assistências) só fica atrás de Luís Suárez (21 pelo Barça), Benzema (21 pelo Real Madrid) e, claro, de Messi (42 assistências) no mesmo período.
O número de assistências acumuladas impressiona, mas o camisa 8 do Villarreal também mostrou durante a atual temporada a sua característica goleadora: balançou as redes 15 vezes, um recorde em toda a sua carreira no futebol. Tentos decisivos que ajudaram o Submarino Amarelo a brigar na parte de cima da tabela e até a sonhar com vaga na Champions League.
Com futuro ainda indefinido, Cazorla não terá um estádio cheio para lhe homenagear em sua despedida do Villarreal. Mas se o cenário não é ideal, não restam dúvidas sobre o número de aplausos que receberá – independentemente de resultado ou atuação contra o Eibar. Torcedores de todos os times, não apenas da Espanha, mas de todo o mundo, estarão aplaudindo, ainda que longe do estádio, o craque e a história de superação escrita por Santi Cazorla.