Salvatore Bocchetti: de promessa na Itália a desbravador do futebol russo | OneFootball

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Calciopédia

·22 de janeiro de 2023

Salvatore Bocchetti: de promessa na Itália a desbravador do futebol russo

Imagem do artigo:Salvatore Bocchetti: de promessa na Itália a desbravador do futebol russo

Quando surgiu no futebol, Salvatore Bocchetti era considerado como um dos defensores mais promissores de sua geração, devido a sua técnica e a sua versatilidade. No entanto, o napolitano não confirmou as qualidades mostradas no Genoa e, além de pouco ter vestido a camisa da seleção italiana, ainda passou grande parte da carreira na Rússia, um mercado do segundo escalão da Europa.

Nascido em Secondigliano, bairro da região norte de Nápoles, Salvatore teve contato com o futebol desde menino. Inclusive, na própria família, pois o primo Antonio Bocchetti foi jogador – e chegou a defender Napoli, Parma e Pescara na Serie A. Nas categorias de base, após representar Piscinola e Internapoli, em sua própria cidade, rumou ao Ascoli em 2001, aos 14 anos.


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Bocchetti concluiu sua formação no Ascoli e, em 2005, foi emprestado ao Lanciano, para ganhar experiência na Serie C1. Em 21 partidas ao longo de 2005-06, atuando como lateral-esquerdo e zagueiro, o napolitano ajudou os rossoneri a ficarem no meio da tabela. No retorno ao clube das Marcas, fez sua estreia na primeira divisão, mas não teve muito espaço pelos bianconeri: assim, em janeiro de 2007, depois de apenas dois jogos, foi cedido ao Frosinone, da segundona.

Em um ano e meio como titular do Frosinone, Bocchetti ajudou os canários a ficarem em posições intermediárias na Serie B e ganhou convocações para as equipes sub-20 e sub-21 da Itália – inclusive, disputando e vencendo o Torneio de Toulon. Atento ao mercado local e buscando jogadores talentosos para depois revendê-los com boa margem de lucro, o Genoa de Enrico Preziosi o adquiriu por 2,2 milhões de euros, no verão europeu de 2008.

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O começo no Genoa foi empolgante, porém Bocchetti não se manteve no topo por muito tempo (Getty)

Antes mesmo de estrear pelo Genoa, o defensor viajou para a China, uma vez que foi convocado por Pierluigi Casiraghi para representar a Itália nos Jogos Olímpicos de Pequim. Bocchetti foi titular nas quatro partidas feitas pela equipe azzurra e, após a eliminação nas quartas de final, para a Bélgica, voltou para a Bota e se juntou ao clube da Ligúria.

Conhecido por apresentar versatilidade, força, ritmo e antecipação, bem como por sua qualidade técnica, Bocchetti rapidamente se tornou titular no lado esquerdo da defesa de Gian Piero Gasperini: no 3-4-3 do treinador, geralmente era responsável por fazer a saída de bola, trabalhando com Domenico Criscito, Thiago Motta e Omar Milanetto. Em seu primeiro ano de clube, quase beliscou uma vaga na Liga dos Campeões: por dois míseros pontos, o Genoa viu a Fiorentina levar a melhor e se contentou com a classificação para a Europa League.

Além de se firmar como titular e peça de confiança de Gasperini, o zagueiro foi convocado para representar a equipe sub-21 da Itália no Europeu da categoria, em 2009, e acabou sendo eleito para o time ideal do torneio – no qual os azzurrini caíram nas semifinais. Ainda ganhou espaço na seleção principal, comandada por Marcello Lippi: figurou numa lista do técnico pela primeira vez em março daquele ano, mas só estreou mesmo em outubro.

Na Ligúria, Salvatore continuou atuando em bom nível, apesar de ter colecionado duas expulsões na Serie A 2009-10. Pela regularidade na campanha do nono lugar do Genoa naquele certame, foi levado por Lippi para a Copa do Mundo de 2010, na condição de reserva de Giorgio Chiellini. Porém, não entrou em campo na malfadada trajetória azzurra na África do Sul.

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Em busca de contrato gordo, o italiano aceitou defender o Rubin Kazan e sumiu do radar da seleção (EuroFootball/Getty)

Bocchetti começou 2010-11 no Genoa e fez toda a preparação pelos grifoni. No entanto, antes da estreia em jogos oficiais, a diretoria do time rossoblù recebeu uma proposta de 9,5 milhões de euros do Rubin Kazan e decidiu negociá-lo, encerrando a sua passagem pela Ligúria com a marca de 69 aparições. Na época, o futebol russo oferecia bons salários – especialmente para estrangeiros – e Totò, perto de completar 24 anos, não hesitou ao topar um contrato de três temporadas e meia com passaporte carimbado para o Tartaristão. A escolha por maior conforto financeiro lhe custou, ainda jovem, a continuidade na seleção. Nunca mais foi convocado.

O defensor chegou ao Rubin na melhor época da história do clube – que havia sido campeão russo pela primeira vez em 2008 e repetido a dose em 2009. Por conta disso, Bocchetti ganhou a oportunidade de estrear na Champions League, num empate por 1 a 1 com o Barcelona.

Nos dois anos e meio em que vestiu a camisa rubi, Totò conquistou dois títulos: o da Copa da Rússia e o da Supercopa local. No segundo deles, teve participação direta, já que marcou o primeiro gol no 2 a 0 sobre o Zenit, então treinado pelo também italiano Luciano Spalletti. Bocchetti, que também ajudou o Rubin Kazan a ser terceiro e sexto colocado na Premier League, trocou de clube em janeiro de 2013. Por 4,5 milhões de euros, acertou com o Spartak Moscou.

O zagueiro italiano tinha a expectativa de contribuir para que o gigante adormecido da capital russa despertasse – o Spartak não conquistava o principal título do país desde 2001. Porém, além de não ter conseguido fazer o time mudar de patamar, ainda sofreu uma lesão nos ligamentos do joelho esquerdo, em agosto de 2013.

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Bocchetti teve duas passagens pelo Spartak Moscou e ajudou o time a encerrar um longo jejum (Epsilon/Getty)

Salvatore ficou afastou dos gramados por um bom período e não obteve muito espaço por conta da contusão. Apesar disso, em janeiro de 2015, retornou à Itália por empréstimo, para ajudar um Milan em frangalhos. Naquele momento, o time estava no meio da tabela da Serie A e se via às voltas com lesões do zagueiro Alex e dos laterais Mattia De Sciglio e Luca Antonelli. Bocchetti cobriu buracos quando solicitado e atuou em nove partidas, sendo seis como titular. Contudo, após a equipe treinada por Filippo Inzaghi concluir o campeonato numa modesta décima posição, não teve direito de compra exercido e voltou para Moscou.

A segunda passagem do zagueiro pelo time alvirrubro foi bem mais positiva. Bocchetti foi titular em toda a temporada 2015-16, sob o comando de Dmitri Alenichev, e ainda pode celebrar na campanha seguinte, com a chegada do compatriota Massimo Carrera. Por conta das lesões, Totò perdeu a posição no onze inicial regular da equipe, mas pode ajudar o Spartak Moscou a encerrar a incômoda fila de 16 anos sem o principal título russo. Aquele elenco também contava com três brasileiros, todos com experiência na Serie A: Maurício (Lazio), Fernando (Sampdoria) e Luiz Adriano (Milan).

Nos anos seguintes, o Spartak não voltou a ter muitos momentos de glória – a não ser a conquista da Supercopa da Rússia, em 2017. Bocchetti foi peça de rotação do plantel dos moscovitas até rescindir o seu contrato com o clube, em julho de 2019. No mesmo mês, acertou seu retorno definitivo para a Itália e fechou um vínculo bienal com o Verona. Todavia, problemas físicos voltaram a assombrar a sua carreira e ele passou o restante da temporada mais tempo no departamento médico do que atuando.

Depois de atuar somente cinco vezes pelo Verona, o zagueiro foi emprestado ao Pescara, clube que tinha o seu primo Antonio como colaborador técnico. No entanto, a família Bocchetti não encontrou felicidades em 2020-21, visto que os golfinhos foram rebaixados para a Serie C. Em seguida, Salvatore anunciou sua aposentadoria do futebol, aos 35 anos.

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Bocchetti jogou pouco pelo Milan e não teve permanência estendida (Getty)

Logo após pendurar as chuteiras, Bocchetti recebeu a proposta de treinar o time sub-18 do Verona. O ex-zagueiro aceitou a oferta e, meses depois, já era auxiliar de Igor Tudor na equipe principal. Com a saída do croata, voltou ao setor juvenil, desta vez, no comando do sub-19, mas por pouco tempo: em 2022-23, Gabriele Cioffi se afundou com os gialloblù na zona de rebaixamento e a diretoria promoveu o técnico da base.

No entanto, sua experiência não foi muito tranquila. Além de ter acumulado seis derrotas em seis rodadas, Salvatore não tinha licença válida para comandar times da Serie A – estava habilitado somente para ser auxiliar nas duas principais divisões ou para trabalhar em equipes da C para baixo, além de juvenis. A liga concedeu uma permissão de um mês para o profissional seguir no cargo e, ao fim do prazo, o Hellas contratou Marco Zaffaroni para assumir o posto de treinador principal, mantendo Bocchetti como assistente do novo técnico. Vinculado ao Verona até 2027, o ex-zagueiro já planeja o futuro no Vêneto.

Salvatore Bocchetti Nascimento: 30 de novembro de 1986, em Nápoles, Itália Posição: zagueiro Clubes: Lanciano (2005-06), Ascoli (2006-07), Frosinone (2007-08), Genoa (2008-10), Rubin Kazan (2010-13), Spartak Moscou (2013-15 e 2015-19), Milan (2015), Verona (2019-20) e Pescara (2020-21) Títulos: Torneio de Toulon (2008), Copa da Rússia (2012), Supercopa da Rússia (2012 e 2017) e Premier League Russa (2017) Clubes como treinador: Verona (2022) Seleção italiana: 5 jogos

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