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·24 de janeiro de 2022

SAF: saiba o que é e como funciona o novo modelo de gestão de futebol

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O recente anúncio das compras de Cruzeiro e Botafogo “esquentou” as discussões entre torcedores não apenas desses times, mas de todo o Brasil, sobre a forma como os clubes do país devem ser administrados. Ao que tudo indica, essas transações abriram as portas para um novo momento do futebol brasileiro: a era das Sociedades Anônimas do Futebol (SAF), também chamadas de “clubes-empresa”.

A mudança no modelo de gestão não aconteceu do nada. Em agosto de 2021, o presidente Jair Bolsonaro sancionou a Lei nº 14.193/2021, que estabelece as normas para o funcionamento das SAF no Brasil.


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Mas, afinal, o que é um clube-empresa? Quais são suas vantagens e desvantagens diante do modelo tradicional de administração? Entenda mais sobre o tema a seguir.

O que é uma SAF?

Há um bom tempo, a maioria dos clubes no Brasil é categorizada como associações sem fins lucrativos. As decisões do dia a dia, como compra e venda de jogadores, contrato com patrocinadores, demissão e contratação de técnicos, são tomadas por dirigentes. Estes, por sua vez, são escolhidos por meio de eleições com votos dos associados, algo que varia de time para time (número de pessoas que podem votar, tempo de mandato, eleições diretas ou indiretas, etc.). Na teoria, os donos da instituição são seus torcedores.

Um clube se torna uma SAF quando ele deixa de ser uma associação para virar uma empresa, permitindo que os investidores tenham garantias legais de seus aportes. Isso significa que eles podem comprar ações do clube ou até mesmo a maior parte dele. Foi o que aconteceu com o ex-jogador Ronaldo Fenômeno e Cruzeiro, e o empresário norte-americano John Textor com o Botafogo.

Além da regulamentação promovida pela nova lei da SAF, a principal razão por trás desse movimento é o desgaste do modelo tradicional de associação, visto como ultrapassado por afundar os clubes em dívidas intermináveis – casos bem exemplificados por Cruzeiro e Botafogo, por exemplo – das quais é muito difícil sair sem o auxílio de um mecenas.

Por outro lado, a SAF é vista como um modelo mais moderno, ligado à profissionalização do esporte, caixa financeiro saudável e valorização do clube enquanto produto. Tudo que possa significar economia de recursos, como dar preferência ao deslocamento das equipes ou membros da diretoria entre as partidas ou compromissos fora de campo por locação de carros, ao invés da compra dos mesmos, é tratado com mais atenção.

Um argumento que fortalece o lado dos clubes-empresa são os exemplos de times que aderiram e estão colhendo bons frutos disso, como o Paris Saint-Germain, na França, e boa parte dos times da Premier League.

A SAF tem desvantagens?

Apesar dos bons exemplos na Europa, nem tudo são flores. Os críticos do modelo SAF apontam que o grande objetivo dos clubes-empresa é o lucro, o que nem sempre vai ao encontro com alguns valores importantes do esporte. A demissão do goleiro Fábio, ídolo do Cruzeiro que já ocupava a posição há 17 anos e tinha mais de mil jogos com a camisa da Raposa, ilustra bem isso. Financeiramente, foi uma decisão bem pensada, mas que desagradou a torcida.

Não é possível prever se a SAF dará certo no Brasil. Só resta aos torcedores de Cruzeiro, Botafogo e tantos outros que estão nesse caminho torcer para que os novos donos dos clubes encontrem o equilíbrio entre o ajuste econômico e a paixão característica do futebol.

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