Calciopédia
·25 de junho de 2024
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Sem sofrimento não é Itália. Nesta segunda, 24 de junho, os azzurri entraram em campo pela última rodada da fase da grupos da Eurocopa, em Leipzig, precisando apenas de um empate com a Croácia para garantirem sua vaga nas oitavas de final da competição. Até mesmo uma derrota poderia ser suficiente, embora isso significasse fazer contas e, provavelmente, enfrentar um adversário mais complicado na próxima fase do torneio. Bem, não foi necessário. No derradeiro lance, Zaccagni fez um golaço e carimbou a passagem da Nazionale para Berlim.
A Croácia, que precisava desesperadamente da vitória para ficar com a segunda posição do Grupo B da Euro, teve alterações propostas por Zlatko Dalic. O técnico optou pelo terceiro nove diferente na competição (Kramaric, sendo que usou Budimir e Petkovic nos jogos anteriores) e reforçou a criação pelos lados com Pasalic e Sucic, além de proteger a defesa com Gvardiol e Stanisic nas laterais.
Do outro lado, Luciano Spalletti também se precaveu e voltou ao 3-5-2 que deu certo nos amistosos preparatórios, abrindo mão do 4-2-3-1 como base – ainda que vários dos movimentos da equipe sejam os mesmos nos dois sistemas. Ganharam vaga no onze inicial Darmian, que atuou como zagueiro pela direita, liberando Di Lorenzo, e os atacantes Raspadori e Retegui. Titulares contra Albânia e Espanha, Frattesi, Chiesa e Scamacca começaram no banco. Pela primeira vez desde o duelo com Camarões, em 1998, a Itália entrava em campo num jogo de Euro ou Copa do Mundo sem atletas da Juventus.
A Itália perdeu algumas chances de abrir o placar no primeiro tempo e, pela terceira vez, saiu atrás na Euro (AFP/Getty)
Logo aos 5 minutos, a Croácia teve a primeira oportunidade do jogo. Sucic arriscou de fora da área e Donnarumma espalmou para escanteio. Os xadrezes começaram com mais posse da bola e trocavam passes com muita paciência, tentando achar algum espaço, enquanto os azzurri se portavam bem defensivamente e aguardavam um erro dos adversários. Taticamente, era o melhor início da Itália na Euro.
Aos 21 minutos, os italianos tiveram uma boa chance de marcar. Retegui recebeu cruzamento da esquerda e subiu mais alto do que Gvardiol, mas a bola resvalou na cabeçada do defensor croata e desviada, passou perto da trave de Livakovic. Já na casa dos 27, Barella cruzou na área e Bastoni, livre, também testou em direção ao gol. Entretanto, o arqueiro xadrez efetuou uma intervenção de cinema e cedeu o escanteio. Seguro, o goleiro do Fenerbahçe ainda agasalharia um chute rasteiro de Pellegrini, aos 36.
O capitão da Roma, aliás, seria sacado por Spalletti no intervalo – já tinha cartão amarelo. Frattesi entrou em seu lugar, mas cometeu um erro crasso logo nos seus primeiros minutos em campo: aos 52, ficou com o braço aberto dentro da área e permitiu que o chute de Kramaric, que ia em direção ao gol, explodisse em sua mão. O árbitro Danny Makkelie revisou o lance no monitor e, evidentemente, assinalou o pênalti. Modric foi para a cobrança, mas Donnarumma ratificou os motivos pelos quais pode ser considerado o melhor goleiro desta Euro e saltou no canto certo, defendendo o chute do craque croata.
Donnarumma se esforçou demais e pegou até pênalti, mas a defesa italiana bobeou e Modric se redimiu (AFP/Getty)
Só que a defesa italiana não tem ajudado muito o seu arqueiro. Um minuto depois, a bola foi cruzada na área, Kramaric desviou e Donnarumma mais uma vez fez ótima intervenção. No rebote, porém, não teve como evitar o gol de Modric, desmarcado – pela terceira vez em três jogos nesta Euro, sofreu o primeiro tento do confronto em que estava envolvida. Fundamentais na construção ofensiva e com alguns bons momentos em suas funções primárias, Bastoni e Calafiori, canhotos que jamais haviam jogado juntos antes da Euro, têm entrado em confusão em lances decisivos. Falta entrosamento.
O cenário não era o melhor para o time de Spalletti, considerando que a Croácia é um dos adversários mais complicados de serem enfrentados no futebol mundial, sobretudo quando têm vantagem no placar. Assim que a Itália sofreu o gol, o técnico colocou Chiesa no lugar de Dimarco, promovendo um 3-5-2 mais ofensivo – que, entretanto, não mudou muito a cara da partida. Mais adiante, o treinador acionou Scamacca, Zaccagni e Fagioli, que ocuparam os postos de Raspadori, Darmian e Jorginho.
Foi só depois que passou a uma espécie de 3-3-4, com Chiesa, Zaccagni, Retegui e Scamacca no ataque, que a Itália realmente passou a fustigar a Croácia. Aos 86 minutos, os azzurri efetuaram uma linda troca de passes e, no cruzamento rasteiro do ponta da Juventus, o atacante da Atalanta quase conseguiu alcançar a bola e empurrá-la para dentro. Não parecia ser a noite da Nazionale.
Ao estilo Del Piero: Zaccagni colocou no ângulo, frustrou a Croácia e colocou a Itália nas oitavas (Getty)
Devido às paralisações do segundo tempo, Makkelie indicou oito minutos de acréscimos. A Croácia catimbava, tentando fazer o tempo passar, e a Itália buscava ficar de cabeça erguida, mesmo diante da falta de inspiração. Até que, no último lance, os bons espíritos da campanha do tetracampeonato mundial, em 2006, voltaram a inspirar os azzurri na Alemanha.
Leipzig virou Dortmund e a torcida croata, em grande maioria nas arquibancadas, evocava o ambiente hostil da semifinal da Copa de 2006, contra a Alemanha, dona da casa. Então, Calafiori se transformou em Cannavaro. O zagueiro do Bologna arrancou do meio-campo e tabelou com Frattesi, que assumiu o papel de Totti. Ricky, então, se transmutou em Gilardino e encontrou Zaccagni, livre de marcação, com um belo passe. Zac, por fim, incorporou Del Piero, seu ídolo de infância: ajeitou o corpo e deu um lindo tapa na pelota, enviando-a até a bochecha da rede. Assim como 18 anos antes, a Itália garantia sua classificação e rumava a Berlim.
Com o empate no apagar das luzes, a Itália se livrou das contas e da tensão de esperar por outros resultados. Também evitou Portugal, que seria seu adversário nas oitavas de final na maior parte das combinações ainda possíveis de confrontos, caso se classificasse como uma das quatro melhores terceiras colocadas da fase de grupos da Euro.
Com a vice-liderança de sua chave, a Itália enfrentará a Suíça, dona do segundo posto do Grupo A, graças ao empate sofrido no final do duelo com a Alemanha. Em Berlim, palco do tetra, os azzurri poderão promover uma revanche sobre os helvéticos, que levaram a melhor nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022, deixando os italianos de fora do torneio. O jogaço será às 13 horas, pelo horário de Brasília, no sábado (29 de junho).