Ronald Koeman: “Defender bem também é uma qualidade. O Barcelona vive muito no passado” | OneFootball

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·30 de março de 2023

Ronald Koeman: “Defender bem também é uma qualidade. O Barcelona vive muito no passado”

Imagem do artigo:Ronald Koeman: “Defender bem também é uma qualidade. O Barcelona vive muito no passado”

Entrevistar Ronald Koeman sobre os meses que passou à frente do Barcelona é garantia de boas frases. Porque muita coisa aconteceu e porque ele não tem receio de dizer o que pensa sobre as dificuldades que encarou, como a pandemia de Covid-19, problemas financeiros, troca de presidente e a saída de Lionel Messi. Conversando com o site Relevo, tocou na obsessão por um único estilo de futebol e afirmou, após um palavrão expletivo, que o clube catalão ainda vive muito apegado ao passado.

Koeman traçou um paralelo com outros dois times que comandou. O Ajax e a seleção holandesa também têm dificuldade cultural para jogar sem a bola e ficar confortável em uma postura defensiva, quando a ocasião exige. Citou como exemplo a vitória por 1 a 0 do Barcelona contra o Real Madrid no Santiago Bernabéu pelo jogo de ida das semifinais da Copa da Espanha. Resultado enorme que gerou questionamentos da imprensa ao técnico Xavi porque o Barça teve muito pouco posse de bola.


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“No Barcelona é muito complicado porque querem que você jogue bem, com pontas, que domine. Eu vi partidas recentes e, quando eles têm que defender, o fazem muito bem. Concedem poucos gols e isso faz parte do futebol porque, quando a outra equipe domina, você tem que defender. Parece que para o pessoal do Barcelona isso não é normal, que tem sempre que jogar bonito. Defender bem também é qualidade de um time. Eu fui criticado por usar três defensores e um sistema assim pode ser mais ofensivo do que com quatro ou cinco. Não é o sistema em si, mas, no Barça, você tem que colocar três meio-campistas e um pivote (primeiro volante). Se joga com dois e um camisa 10… o Barcelona vive muito no passado e há diferentes maneiras, depende dos jogadores. No fim das contas, o importante é ganhar o campeonato”, disse.

“O Barcelona é que nem o Ajax. Você tem que atacar, muitos gols. Às vezes ganha sem jogar bem ou sem ter a posse da bola, como aconteceu contra o Real Madrid. Tem que melhorar futebolisticamente, mas, quando não tem a bola, é uma qualidade importante defender bem”, afirmou, acrescentando que os holandeses também têm dificuldades para aceitar a necessidade de se defender. “Porque temos uma mentalidade de que temos apenas a bola. Os italianos e franceses não têm nenhum problema e continuam tranquilos. O holandês vai mais inseguro. Jogam sempre ao ataque e precisam aprender a defender mais”, completou.

Koeman estava na seleção holandesa quando foi chamado pelo Barcelona. Era o único clube que o faria rescindir contrato. Nunca o recusaria, mesmo que estivesse ciente das dificuldades que enfrentaria, mas não imaginava que seriam tantas. “A Covid influenciou, um ano sem público, e isso é muito forte. Também não esperava que Griezmann e Messi fossem embora. Muitas coisas aconteceram, nunca pensei que todas essas circunstâncias fossem acontecer. É a vida, temos que aceitar. Pena que tenha durado apenas um ano e quatro meses. Durante minha passagem, tive muitas coisas contra. Apesar disso, se tivesse a oportunidade de voltar, voltaria. Eu tenho um amor muito grande pelo Barcelona”, disse.

Koeman não acha que foi especialmente injustiçado no Barcelona, mas tem problemas com Joan Laporta, que substituiu Josep Bartomeu como presidente. “Demitir treinador faz parte do futebol. As pessoas do futebol, de dentro do clube, da parte técnica, disseram que fiz muito pelo clube. Até os jovens me agradeceram por tê-los feito estrear. No geral, há muita influência de fora. Se um presidente deixa dúvidas de fora sobre o seu treinador, é um problema. Isso sim que foi injusto. Mas é passado, quero virar a página. Foi difícil, mas você também aprende. Se tivesse que fazê-lo novamente, há poucas coisas que faria diferente. Na primeira temporada, ganhamos a Copa do Rei, fomos líderes e não podíamos contratar, tinha que colocar gente jovem. Acredito que foi muito aceitável. No segundo ano, perdemos Messi. Fiz muitas coisas pelo bem do Barcelona. Por exemplo, no último dia, eu poderia ter dito não à proposta por Griezmann. Mas aceitei porque era bom para o clube”, explicou.

Embora estivesse no comando técnico do Barcelona, a saída de Messi foi uma surpresa até para ele. “Me disseram na pré-temporada: amanhã temos uma reunião com Messi e seu pai, assinamos e ele fica. No dia seguinte, Laporta me chamou para dizer: acho que está complicado. E à noite, ele se foi. Messi é o Barcelona, fez tanto pelo clube e não merecia sair assim”, disse.

Depois da experiência pelo Barcelona, Koeman passou cerca de dois anos desempregado, antes de aceitar retornar à seleção holandesa, com o objetivo de ganhar um título, começando pela Liga das Nações. Está classificada às semifinais e enfrentará a Croácia. Em seguida, buscar as classificações para a Eurocopa e para a Copa do Mundo. Enfim, como todo técnico de seleção grande.

“Para mim, é uma honra ser o técnico do meu pais. Fui durante dois anos, mas havia dito que o único clube que poderia me contratar era o Barcelona. Este cargo é diferente. Você tem mais tempo livre, não tem jogo a cada três dias e todo mundo está feliz, sobretudo os jogadores. O ambiente é muito bom. A Holanda é um país devotado à sua seleção e é divertido. Temos que jogar bem e de maneira atraente porque a Holanda é um país onde falamos de ter a bola em vez de esperar, queremos sempre dominar o jogo. As pessoas estavam decepcionadas pela maneira que o time jogou em alguns jogos. A Holanda tem que brilhar um pouco mais”, afirmou. “A federação não me pede que jogue no 4-3-3, posso usar o sistema que quiser, mas somos um país que gosta de desfrutar da seleção. Embora ganhar seja o mais importante, jogar bem também é”.

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