FNV Sports
·05 de junho de 2020
In partnership with
Yahoo sportsFNV Sports
·05 de junho de 2020
Um “magrinho e baixinho” que quando soprava o apito conseguia se impor e arbitrar com autoridade. Assim era o ex-árbitro Rodrigo Braghetto, que concedeu uma entrevista exclusiva ao Futebol na Veia na última quinta-feira (4). Nesta conversa, foi feita uma retrospectiva de sua longa carreira, desde o início no amador, até os grandes clássicos do futebol paulista e brasileiro.
O paulistano Braghetto se interessou pela arbitragem já na juventude e pouco depois entrou para a Federação Paulista de Futebol, mais especificamente no ano de 1996. Inicialmente, ele apitou jogos de uma liga de futebol amador em Guarulhos, onde até hoje é lembrado. De acordo com ele, esta era uma liga muito forte.
“Tinham três divisões principais, tinha um time desses que dizia que era fundador da Federação Paulista de Futebol. O próprio Flamengo de Guarulhos eu cheguei a apitar, era um time amador, depois se filiou e quase chegou na primeira divisão do paulista.”
Segundo Braghetto, o futebol varzeano melhorou muito. Mas antigamente era típico do futebol “raiz”, algumas situações difíceis para os árbitros em campo, e em alguns momentos, o ex-árbitro viu sua autoridade foi colocada à prova. Um desses exemplos aconteceu no campo do Beira-Rio em Guarulhos, quando ele bandeirou uma partida.
“Logo no começo do jogo, o juiz deu um pênalti e os caras deram uma fechada nele, ele expulsou um cara. Aí deram mais um fecha nele e ele expulsou mais dois ou três caras, pegou a bola e acabou o jogo. Quando a gente estava já no vestiário, um cara chutou a porta e caiu pra dentro do vestiário com uma arma procurando pelo árbitro. “
Em 1999, ele foi para o quadro da CBF, se tornando um dos árbitros mais jovens a apitar os campeonatos paulista e brasileiro. E logo no início de carreira ele teve o que, segundo ele, foram duas de suas melhores atuações. O primeiro deles foi a sua estreia na primeira divisão paulista, no jogo entre Mogi Mirim e União São João de Araras no ano 2000. Esta partida foi especial não só pela estreia, mas também por ter terminado em um elástico 7 x 4 para o União.
“Eu tinha que fazer um bom jogo, senão só fazia um jogo na minha carreira. Então eu corri muito, teve um gol em um contra ataque que eu corri mais que os jogadores, quase que eu faço o gol.”
Posteriormente no mesmo ano, aconteceu a outra partida que marcou positivamente, pois foi sua primeira arbitragem transmitida pela Globo. O jogo foi entre Portuguesa e Corinthians também no Paulistão. Ele lembra bem de como recebeu a notícia da escala.
“Quando a Viviane ligou, que era a diretora do departamento de arbitragem, eu tava dirigindo na estrada, fazendo coisa errada, aí ela perguntou ‘ você tá sentado’, e eu falei pode falar tá tranquilo. Quando ela deu a notícia eu comecei a tremer e quase bati o carro.”
Entretanto, não é só de boas arbitragens que se fez a carreira do ex-árbitro, Rodrigo também lembrou de uma péssima atuação em um Choque Rei entre Palmeiras e São Paulo no Brasileirão de 2009.
“Fiz um primeiro tempo horrível, mas por sorte não teve nenhum lance polêmico. Aí no segundo tempo, o Diego Souza, que era atacante do Palmeiras, mata a bola virando pra chutar e cai, eu achei que o Diego Souza tinha escorregado e não dei o pênalti. O jogo foi 0 x o e eu acabei influenciando o resultado.”
No fim das contas o lance foi tão marcante que no domingo seguinte em um almoço de família até a mãe dele, palmeirense, cornetou perguntando “filho, como é que você não deu aquele pênalti pra nós?
Mesmo com esses altos e baixos, comum para todo juiz, Braghetto faz um saldo positivo do seu período com o apito. Período esse que trouxe muitas amizades no meio da bola, seja entre árbitros ou entre boleiros. E acima de tudo lhe traz muito orgulho, pois ele é de uma época que ele mesmo chama de arbitragem raiz.
“Aqui é arbitragem raiz, não é arbitragem Nutella.”
Foto Destaque: Divulgação/ Futura Press