Trivela
·11 de dezembro de 2020
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Roberto Baggio faz parte da grande galeria de ídolos da história do futebol italiano, mas segue como um grande fã de Paolo Rossi. Em uma emocionante carta ao campeão do mundo, que faleceu na quarta-feira (9), Baggio falou da idolatria que nutria por Rossi quando era criança e sobre como quis, e não conseguiu, repetir o sucesso de seu antecessor em um Mundial.
Baggio publicou a carta a Rossi na edição desta sexta-feira (11) da Gazzetta dello Sport. Nela, relembrou os tempos de infância, quando pegava uma bicicleta com seu pai para ir até Vicenza ver o ídolo, no final da década de 1970.
“As doce memórias de quando eu tinha dez anos vêm à tona, preservadas por décadas em um dos vários álbuns da minha memória. Hoje, graças a Pablito, eu passo por esse álbum. Lembro do meu amado pai Fiorindo, que faleceu há apenas alguns meses, e de viajar quase 12 quilômetros, os dois de bicicleta, para chegar a Vicenza, saindo de Caldogno. Íamos ao Estádio Menti para ver o grande Paolo Rossi. Então, durante o jogo, eu me agarrava à grade para vê-lo jogar e marcar.”
Baggio sonhava um dia também jogar no mesmo Estádio Menti, repetindo as glórias pelo clube e, mais tarde, pela seleção italiana. A admiração por seu ídolo o impulsionou em sua carreira profissional, que começou pelo mesmo Vicenza, em 1982, ano em que Rossi venceu a Copa do Mundo pela Azzurra, passando pelo Brasil na caminhada.
“Eu pensava que um dia estaria jogando naquele estádio também, vestindo aquela bela camisa com o grande R no peito. Imitando Paolo Rossi, eu pude perceber o que ele tinha conseguido alcançar: vencer uma Copa do Mundo. (…) O que Paolo Rossi fez contra a Alemanha, ganhar a Bola de Ouro, ou a maneira como ele fez: vencer com o sofrimento de joelhos em dificuldade. Vencer em um mundo que precisa cada vez mais do sorriso de Paolo Rossi.”
Baggio afirmou que durante anos seu grande desafio foi repetir o feito de Rossi, de “tornar realidade o sonho de milhões de italianos”. O jogador bateu na trave em 1994, perdendo a final para o Brasil, e em 1990 terminou em terceiro lugar no Mundial disputado em casa.
“Eu queria ser como você. Você tornou realidade o sonho de milhões de italianos, algo que eu não consegui alcançar. Entender o mistério da vida hoje e dar uma razão às coisas que acontecem conosco não é fácil, como o vazio que Paolo deixa no coração de sua esposa e seus três filhos, a quem mando minhas condolências.”
“Adeus, Paolo, me pergunto se você calçará suas chuteiras quando estiver no céu. Espero que sim, espero que seu sorriso chegue lá também. Lembraremos dele aqui por um longo tempo. Faça uma viagem segura, Paolo, no céu eterno da luz silenciosa”, concluiu.