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·01 de junho de 2022

Retrospectiva Serie A 2021-22, parte 1: a tradição não salvou Cagliari e Genoa do descenso

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Três campeões diferentes em três temporadas e uma disputa até a última rodada. Esta é a nova cara da Serie A, que voltou a ganhar em competitividade nos anos mais recentes e, de forma contínua, vem entregando duelos em alto nível até mesmo na metade inferior da tabela.

Além da alta competitividade, a edição 2021-22 do Campeonato Italiano revelou dezenas de garotos e voltou a apresentar uma boa média de gols: foram 2,87 por jogo, contra os 3,06 do certame anterior. Se a Serie A foi a liga mais prolífica da temporada passada, dessa vez trocou de lugar com a Bundesliga (3,11/partida) e ficou com o segundo posto. Ainda assim, um ótimo resultado.


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Neste texto nós começamos a analisar do desempenho de cada um dos clubes participantes da última Serie A. Na primeira parte do nosso balanço, tratamos da turma de rebaixados, encabeçada pelos tradicionais Cagliari e Genoa, que já vinham flertando com o descenso havia algum tempo. Além disso, falaremos sobre o milagre esportivo da Salernitana, do Spezia surpreendente de Thiago Motta e das campanhas positivas de Empoli, Udinese e Sassuolo. Confira!

Publicado também na Trivela.

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Venezia

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Aramu, do Venezia Getty)

A campanha: 20ª colocação, 27 pontos. 6 vitórias, 9 empates e 23 derrotas. Rebaixado. No primeiro turno: 16ª posição, 17 pontos. Ataque e defesa: 34 gols marcados (o terceiro pior) e 69 sofridos Time-base: Mäenpää (Romero); Ebuehi (Mazzocchi), Caldara, Ceccaroni, Haps; Crnigoj (Vacca), Ampadu, Busio (Kiyine); Aramu, Henry, Okereke (Johnsen). Artilheiros: Thomas Henry (9 gols), Mattia Aramu (7) e David Okereke (7) Garçom: Mattia Aramu (5 assistências) Técnicos: Paolo Zanetti (até a 34ª rodada) e Andrea Soncin (a partir de então) Os destaques: Gianluca Busio, Mattia Aramu e Thomas Henry A decepção: Arnór Sigurdsson A revelação: Gianluca Busio Quem mais jogou: Pietro Ceccaroni (35 jogos), Domen Crnigoj (34) e Thomas Henry (33) O sumido: Arnór Sigurdsson Melhor contratação: Gianluca Busio Pior contratação: Arnór Sigurdsson

Faltou cancha. Dentro de suas características e suas possibilidades, o Venezia até fez um bom primeiro turno, mas parou de render na segunda parte do campeonato e não conseguiu encontrar soluções para voltar a pontuar em momentos-chave da Serie A. A combinação entre a inexperiência do elenco e a do próprio técnico Zanetti, em sua estreia na elite, acabou cobrando a fatura.

Em seus melhores momentos, o Venezia foi um time sólido e físico, com bastante pegada no meio-campo comandado pelos incansáveis Crnigoj, Ampadu e Busio. O trio guardava uma defesa que se portou melhor do que as suas principais concorrentes na tarefa de evitar o descenso. O ataque nunca foi dos mais intensos, mas Henry, Aramu, Johnsen e Okereke conseguiram entregar boas atuações na maior parte do campeonato. A falta de contundência da equipe, contudo, impediu os leões alados de somarem mais alguns pontinhos vitais.

Obviamente, o saldo esportivo da temporada não é positivo, porque o rebaixamento se consumou – ou seja, o Venezia não contrariou a tendência. Apesar disso, o fato de não ter feito loucuras no mercado e de ainda ter realizado a aquisição de atletas com bom potencial de revenda é um bom ponto de recomeço para os arancioneroverdi, que devem iniciar a próxima Serie B com razoáveis chances de retorno à categoria principal. O projeto da gestão do presidente Duncan Niederauer é de longo prazo e restabelecer o time vêneto como frequentador esporádico ou habitual da elite italiana já seria ir além do que a torcida se acostumou nas últimas duas décadas.

Genoa

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Criscito, do Genoa (Getty)

A campanha: 19ª colocação, 28 pontos. 4 vitórias, 16 empates e 18 derrotas. Rebaixado. No primeiro turno: 18ª posição, 11 pontos. Ataque e defesa: 27 gols marcados (o pior) e 60 sofridos Time-base: Sirigu; Hefti (Maksimovic), Ostigard (Bani, Vanheusden), Vásquez, Cambiaso (Criscito); Sturaro (Galdames), Badelj, Rovella; Portanova (Melegoni), Ekuban (Pandev); Destro (Yeboah). Artilheiros: Mattia Destro (9 gols), Domenico Criscito (6) e Mohamed Fares (2) Garçom: Andrea Cambiaso (4 assistências) Técnicos: Davide Ballardini (até a 12ª rodada), Andriy Shevchenko (entre a 13ª e a 21ª), Abdoulay Konko (22ª) e Alexander Blessin (a partir de então) Os destaques: Mattia Destro, Leo Ostigard e Andrea Cambiaso A decepção: Caleb Ekuban A revelação: Andrea Cambiaso Quem mais jogou: Salvatore Sirigu (37 jogos), Milan Badelj (34) e Caleb Ekuban (30) O sumido: Lennart Czyborra Melhor contratação: Leo Ostigard Pior contratação: Nikola Maksimovic

Depois de tanto flertar com a Serie B, o Genoa voltou à segunda divisão após 15 anos ininterruptos na elite. A queda ocorreu durante a gestão do grupo 777 Partners, mas não há como fugir: ela deve ser creditada principalmente ao presidente Enrico Preziosi e a sua tresloucada forma de conduzir o clube, com demissões de técnicos e vendas de jogadores a atacado.

O dilema societário prejudicou o andamento da campanha dos rossoblù, que tiveram o seu melhor desempenho sob as ordens de Ballardini. Era um time que tinha Destro marcando seus golzinhos (dois terços dos que anotou), muita participação dos alas e, principalmente, capacidade de reação: comandado pelo veterano, o Genoa buscou pontos em seis jogos que perdia.

A chegada de Shevchenko implodiu as já frágeis bases do trabalho e, aí, sim, vem a responsabilidade do grupo 777 Partners. Os norte-americanos quiseram imprimir marcas características ao projeto e fizeram apostas muito ousadas para a situação que o Genoa atravessava: tanto a contratação do ucraniano quanto a sua troca por Blessin, que jamais trabalhara na Itália, não foram escolhas felizes para o momento. Assim como as contratações de jovens promissores, feitas no mercado de inverno. O Vecchio Balordo pode até ter um belo futuro, mas não soube valorizar o seu presente.

Cagliari

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João Pedro, do Cagliari (Getty)

A campanha: 18ª colocação, 30 pontos. 6 vitórias, 12 empates e 20 derrotas. Rebaixado. No primeiro turno: 19ª posição, 10 pontos. Ataque e defesa: 34 gols marcados (o terceiro pior) e 68 sofridos Time-base: Cragno; Carboni (Ceppitelli), Altare (Goldaniga, Godín), Lovato (Cáceres); Bellanova (Zappa), Deiola (Nández), Marin, Grassi, Dalbert (Lykogiannis); João Pedro, Pavoletti (Keita, Pereiro). Artilheiros: João Pedro (13 gols), Leonardo Pavoletti (5), Gastón Pereiro e Alessandro Deiola (ambos com 4) Garçom: Razvan Marin (5 assistências) Técnicos: Leonardo Semplici (até a 3ª rodada), Walter Mazzarri (entre a 4ª e a 35ª) e Alessandro Agostini (a partir de então) Os destaques: João Pedro, Razvan Marin e Alessio Cragno A decepção: Diego Godín A revelação: Raoul Bellanova Quem mais jogou: João Pedro (37 jogos), Razvan Marin (36) e Alessio Cragno (35) O sumido: Sebastian Walukiewicz Melhor contratação: Raoul Bellanova Pior contratação: Martín Cáceres

Após mais de 20 anos de sandices do ex-presidente Massimo Cellino, o verão de 2014 marcou a chegada de Tommaso Giulini ao controle do Cagliari. A sua gestão prometia colocar o clube numa trajetória mais profissional e elevá-lo a um patamar de maior tranquilidade na Serie A. Só que, desde então, o time da Sardenha acumula dois rebaixamentos – o ocorrido logo na primeira temporada da nova diretoria e o segundo, agora.

Os dois descensos tiveram algo além do presidente em comum: Cragno e João Pedro, ídolos da torcida, haviam sido adquiridos exatamente em 2014, e voltaram a amargar o dissabor da queda. Os dois lutaram até o fim e foram algumas das poucas peças que se salvaram na campanha, conduzida de forma vexaminosa por Mazzarri, que semeou atritos, insistiu em soluções datadas e apostou em experiências esdrúxulas. A fatura do rebaixamento pode ser dividida entre cartola e técnico.

Goleiro e atacante dificilmente devem permanecer na Sardenha para a disputa da segunda divisão. Aliás, esse é um dos aspectos positivos da temporada rossoblù: jogadores valorizados não perderam valor de mercado e podem ser negociados para a reconstrução de um elenco adequado para a Serie B. Além de Cragno e João Pedro, Bellanova, Altare, Marin, Lykogiannis e Pereiro tiveram atuações consistentes e interessam a outros clubes. O mesmo vale para Nández, que sofreu com lesões no returno.

Salernitana

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Bonazzoli e Verdi, da Salernitana (Getty)

A campanha: 17ª colocação, 31 pontos. 7 vitórias, 10 empates e 21 derrotas. No primeiro turno: 20ª posição, 8 pontos. Ataque e defesa: 33 gols marcados (o segundo pior) e 78 sofridos (a pior) Time-base: Belec (Sepe); Gyömbér, Fazio (Strandberg, Radovanovic), Ranieri (Gagliolo); Mazzocchi (Kechrida), L. Coulibaly, Kastanos (Di Tacchio), Éderson (M. Coulibaly, Bohinen), Zortea (Obi); Bonazzoli (Verdi, Ribéry), Djuric. Artilheiros: Federico Bonazzoli (10 gols), Simone Verdi (5) e Milan Djuric (5) Garçom: Milan Djuric (4 assistências) Técnicos: Fabrizio Castori (até a 8ª rodada), Stefano Colantuono (entre a 9ª e a 25ª) e Davide Nicola (a partir de então) Os destaques: Federico Bonazzoli, Simone Verdi e Éderson A decepção: Simy A revelação: Nadir Zortea Quem mais jogou: Milan Djuric (33 jogos), Federico Bonazzoli (32), Lassana Coulibaly e Norbert Gyömbér (ambos com 31) O sumido: Leonardo Capezzi Melhor contratação: Éderson Pior contratação: Stefan Strandberg

Precisa de um milagre? Chame Davide Nicola. O técnico, que já havia conseguido um feito incrível ao salvar o Crotone do rebaixamento, em 2017, aportou em Salerno após incluir as permanências de Genoa e Torino no seu currículo, e voltou a fazer um trabalho digno de nota. Sem dúvidas, o mais impactante de sua carreira até agora, visto que, no momento de sua contratação, a Salernitana era tida como rebaixada por quase 100% daqueles que acompanham o futebol italiano. Em três participações na elite, foi a primeira vez que a equipe grená teve a capacidade de evitar o descenso.

Na metade inicial da temporada, a Salernitana teve de se virar em meio ao caos societário: como o ex-presidente Claudio Lotito, também proprietário da Lazio, não podia ser dirigente de dois clubes na mesma divisão, a agremiação passou a ser gerenciada interinamente por um truste, que a colocou à venda. Este contexto impediu que o elenco formado no verão pudesse ser realmente competitivo e a equipe padeceu no primeiro turno. A situação começou a mudar quando Danilo Iervolino salvou o time da exclusão do campeonato, ao adquiri-lo, no fim de dezembro.

A nova gestão foi ao mercado e fez contratações que elevaram o patamar da Salernitana: Éderson, Verdi e Mazzocchi assumiram a titularidade e passaram a contribuir já na gestão de Colantuono, potencializando Bonazzoli e Djuric, por exemplo. Contudo, o passo definitivo se deu com a chegada de Nicola, que levou a equipe ao 14º melhor rendimento do returno graças a uma forte sequência, com 14 pontos somados em 18 disputados em meados de abril e maio. A sorte também esteve do lado dos campanos, visto que dois desses jogos ocorreriam no momento mais crítico atravessado pelos granata, mas foram adiados por conta de um surto de covid-19 no plantel e terminaram recuperados quando o time estava mais confiante.

Spezia

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Thiago Motta, do Spezia (Getty)

A campanha: 16ª colocação, 36 pontos. 10 vitórias, 6 empates e 22 derrotas. No primeiro turno: 17ª posição, 16 pontos. Ataque e defesa: 41 gols marcados e 71 sofridos (a segunda pior) Time-base: Provedel; Amian, Erlic (Hristov), Nikolaou, Reca (Ferrer); Maggiore, Kiwior, Bastoni (Kovalenko); Verde (Agudelo, Antiste), Manaj (Nzola), Gyasi. Artilheiros: Daniele Verde (8 gols), Emmanuel Gyasi (6) e Rey Manaj (5) Garçom: Daniele Verde (6 assistências) Técnico: Thiago Motta Os destaques: Daniele Verde, Emmanuel Gyasi e Ivan Provedel A decepção: M’Bala Nzola A revelação: Jakub Kiwior Quem mais jogou: Emmanuel Gyasi (36 jogos), Dimitrios Nikolaou (36) e Giulio Maggiore (35) O sumido: Léo Sena Melhor contratação: Jakub Kiwior Pior contratação: Mehdi Bourabia

Assim como Nicola na Salernitana, Thiago Motta também obteve um feito daqueles à frente do Spezia. Com elenco tão modesto quanto o da adversária grená, o time bianconero estava cotado para trafegar na parte mais baixa da tabela, mas o técnico ítalo-brasileiro encontrou soluções que fizeram a equipe, ainda que enfraquecida, manter a competitividade dos tempos de Vincenzo Italiano.

Sob as ordens de Motta, o Spezia manteve a força pelos flancos, com Verde, Gyasi, Reca, Bastoni e Agudelo, e superou a carência de um centroavante prolífico – Nzola não apresentou nível similar ao de 2020-21 e Manaj não entregou tantos gols. O técnico ainda conseguiu manter um meio-campo de pegada, com Maggiore e Kiwior, e uma defesa forte no jogo aéreo, apesar do grande número de tentos sofridos. Os bianconeri poderiam ter sido até mais vazados, mas o exposto Provedel se saiu bem na competição e acumulou intervenções importantes.

No fim das contas, a organização do Spezia foi suficiente para o time terminar a Serie A com apenas uma derrota em confronto direto, no duelo regional com a Sampdoria, e com alguns pontos conquistados de forma surpreendente, como aqueles obtidos nas vitórias fora de casa contra Napoli e Milan. Essa soma de fatores bastou para que o sonho do terceiro ano consecutivo na primeira divisão jamais tenha sido ameaçado.

Sampdoria

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Candreva, da Sampdoria (Getty)

A campanha: 15ª colocação, 36 pontos. 10 vitórias, 6 empates e 22 derrotas. No primeiro turno: 15ª posição, 20 pontos. Ataque e defesa: 46 gols marcados e 63 sofridos Time-base: Audero; Bereszynski, Yoshida (Ferrari), Colley, Augello (Murru); Candreva, Ekdal (Rincón, Adrien Silva), Thorsby, Sabiri (Askildsen, Sensi); Quagliarella (Gabbiadini), Caputo. Artilheiros: Francesco Caputo (11 gols), Antonio Candreva (7) e Manolo Gabbiadini (6) Garçom: Antonio Candreva (10 assistências) Técnicos: Roberto D’Aversa (até a 22ª rodada) e Marco Giampaolo (a partir de então) Os destaques: Antonio Candreva, Albin Ekdal e Omar Colley A decepção: Sebastian Giovinco A revelação: Radu Dragusin Quem mais jogou: Antonio Candreva, Francesco Caputo e Tommaso Augello (todos com 36) O sumido: Sebastian Giovinco Melhor contratação: Francesco Caputo Pior contratação: Mohamed Ihattaren

Dissemos no balanço do primeiro turno e dizemos de novo: nós avisamos. Massimo Ferrero, que já se demitiu da presidência e colocou o clube à venda, tomou atitudes muito questionáveis no final de sua gestão e comprometeu a campanha da Sampdoria. Pouco reforçada no mercado de verão e reajustada no inverno, a equipe não conseguiu repetir os bons momentos sob o comando de Claudio Ranieri – penou tanto com D’Aversa quanto com Giampaolo.

Mesmo com um elenco capacitado para ficar mais acima na tabela, a Sampdoria chegou a ser assombrada pelo fantasma do rebaixamento. O flerte com a zona de descenso só não foi mais intenso por conta da qualidade individual dos jogadores. Caputo encontrou gols importantes, quase sempre acionado por um Candreva em estado de graça, ao passo que Gabbiadini, Sabiri, Sensi e o veterano Quagliarella tiveram lampejos fundamentais. Ademais, o espírito de liderança encarnado também por nomes como Ekdal, Thorsby, Colley e Bereszynski foi um fator determinante.

Autocentrada em seus destaques individuais, a Sampdoria ainda teve azar, visto que o excelente Damsgaard passou toda a temporada às voltas com problemas físicos – tal qual Giovinco, contratado em fevereiro. Ou seja, mesmo sem um bom trabalho por parte dos treinadores, poderia ter passado por um perrengue menor ao longo de 2021-22. Como consolação, a torcida pode celebrar o papel fundamental que a equipe blucerchiata exerceu no processo de rebaixamento do arquirrival Genoa, com vitórias nos dois dérbis realizados no campeonato.

Empoli

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Pinamonti e Cutrone, do Empoli (Getty)

A campanha: 14ª colocação, 41 pontos. 10 vitórias, 11 empates e 17 derrotas. No primeiro turno: 9ª posição, 27 pontos. Ataque e defesa: 50 gols marcados e 70 sofridos (a terceira pior) Time-base: Vicario; Stojanovic, Romagnoli (Ismajli), Luperto (Viti), Parisi (Marchizza); Zurkowski, Henderson (Asllani, Ricci), Bandinelli; Bajrami; Cutrone (Di Francesco), Pinamonti. Artilheiros: Andrea Pinamonti (13 gols), Nedim Bajrami (6) e Szymon Zurkowski (6) Garçom: Nedim Bajrami (5 assistências) Técnico: Aurelio Andreazzoli Os destaques: Andrea Pinamonti, Nedim Bajrami e Guglielmo Vicario A decepção: Marco Benassi A revelação: Kristjan Asllani Quem mais jogou: Guglielmo Vicario (38 jogos), Liam Henderson (38) e Andrea Pinamonti (36) O sumido: Marco Benassi Melhor contratação: Andrea Pinamonti Pior contratação: Marco Benassi

O campeão da Serie B em 2021 permaneceu na elite com sobras. Capaz de incomodar os grandes (bateu Juventus, Napoli, Atalanta e Fiorentina), o Empoli fez um primeiro turno fantástico, acumulou uma gordurinha providencial e pode se dar ao luxo de nem se preocupar com o rebaixamento durante uma sequência de jejum de triunfos que durou metade da competição. A baixíssima percentagem de sucessos no returno foi fruto de relaxamento, mas (curiosamente) não significou queda no desempenho de seus principais nomes.

A campanha azzurra teve alguns pontos-chave. O primeiro deles é tático: Andreazzoli manteve o padrão adotado desde os tempos em que Sarri comandou a equipe, entre 2012 e 2015, e deu sequência a um 4-3-1-2 intenso, com controle da posse de bola e linhas de passes visando jogadas verticais. Isso fez com que o ótimo meio-campo do time se sobressaísse: Bandinelli, Zurkowski, Ricci, Henderson, Asllani e Bajrami se destacaram durante a competição.

Outro aspecto fundamental para o bom desempenho do Empoli foi a montagem de um elenco formado por jovens lapidados nas ótimas categorias de base do clube (Viti, Ricci e Asllani, por exemplo) e fortalecido com atletas promissores trazidos de outras praças (Bandinelli, Zurkowski, Bajrami, Parisi, Vicario, Cutrone e Pinamonti). Além de retorno esportivo convincente, essa combinação ainda vai rechear os cofres dos azzurri.

Bologna

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Arnautovic, do Bologna (Iguana Press/Getty)

A campanha: 13ª colocação, 46 pontos. 12 vitórias, 10 empates e 16 derrotas. No primeiro turno: 10ª posição, 27 pontos. Ataque e defesa: 44 gols marcados e 55 sofridos Time-base: Skorupski; Soumaoro (Bonifazi), Medel, Theate; De Silvestri, Domínguez (Schouten), Svanberg, Hickey; Soriano, Barrow (Orsolini); Arnautovic. Artilheiros: Marko Arnautovic (14 gols), Musa Barrow (6) e Riccardo Orsolini (6) Garçom: Musa Barrow (6 assistências) Técnico: Sinisa Mihajlovic Os destaques: Marko Arnautovic, Musa Barrow e Gary Medel A decepção: Kevin Bonifazi A revelação: Arthur Theate Quem mais jogou: Lukasz Skorupski, Aaron Hickey e Mattias Svanberg (todos com 36) O sumido: Federico Santander Melhor contratação: Marko Arnautovic Pior contratação: Kevin Bonifazi

Os anos passam e o Bologna segue tranquilo no meio da tabela. Por um lado, o fato de não brigar contra o descenso é um alento para uma torcida que amargou duas quedas para a Serie B neste século; por outro, há certa frustração pela incapacidade de a gestão do presidente Joey Saputo ainda não ter conseguido dar um passo além. Os felsinei não lutam por uma vaga em competições europeias desde o início da década de 2000.

A temporada 2021-22 do Bologna girou em torno da recuperação de dois veteranos, que simbolizam, de certa forma, a superação do técnico Mihajlovic na batalha contra uma leucemia. O sérvio passou a trabalhar no esquema 3-4-2-1, o que revitalizou o futebol de Medel: jogando como o zagueiro responsável pela sobra, o chileno liderou uma defesa que sofreu 10 gols a menos do que nas duas campanhas anteriores. A seu lado, o belga Theate foi um coadjuvante de luxo.

A outra volta por cima foi de Arnautovic, que havia fracassado em sua primeira passagem pelo futebol italiano – em 2009-10, pela Inter. O austríaco foi auxiliado por Barrow, Orsolini e Soriano, mas também se mostrou absolutamente capaz de gerar jogo sozinho, devido a sua força física e a sua técnica. Assim, se tornou um dos atacantes mais perigosos da liga e decidiu partidas a favor dos bolonheses.

Udinese

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Makengo, Beto e Deulofeu, da Udinese (Getty)

A campanha: 12ª colocação, 47 pontos. 11 vitórias, 14 empates e 13 derrotas. No primeiro turno: 14ª posição, 20 pontos. Ataque e defesa: 61 gols marcados e 58 sofridos Time-base: Silvestri; Rodrigo Becão, Nuytinck (Pablo Marí), Pérez (Samir); Molina, Pereyra (Arslan), Walace, Makengo, Udogie; Deulofeu, Beto. Artilheiros: Gerard Deulofeu (13 gols), Beto (11) e Nahuel Molina (7) Garçom: Isaac Success (6 assistências) Técnicos: Luca Gotti (até a 16ª rodada) e Gabriele Cioffi (a partir de então) Os destaques: Beto, Gerard Deulofeu e Nahuel Molina A decepção: Fernando Forestieri A revelação: Lazar Samardzic Quem mais jogou: Walace (36 jogos) e quatro jogadores (todos com 35) O sumido: Filip Benkovic Melhor contratação: Beto Pior contratação: Filip Benkovic

Quem precisa de Rodrigo De Paul? A Udinese demorou a se mexer de forma decisiva no mercado de transferências do verão passado, mas conseguiu montar um time equilibrado e com peças especiais em alguns setores. Silvestri, Rodrigo Becão, Molina, Udogie, Deulofeu e Beto formaram uma espinha dorsal muito consistente e que evoluiu ao longo do returno, período em que a equipe friulana teve o nono melhor aproveitamento da Serie A.

Enquanto Silvestri e Becão, juntamente a Pablo Marí e Walace, tiveram um ano bastante regular, chamou a atenção o quanto o estilo de jogo da Udinese valorizou os alas Molina e Udogie. Se esperava que os dois evoluíssem ao longo de 2021-22, mas a contribuição que eles deram ao time superou as expectativas: o argentino produziu 39 ocasiões de gol, marcou sete vezes e forneceu duas assistências, ao passo que o ítalo-nigeriano foi capaz de criar 28 chances, anotar cinco tentos e dar três passes decisivos. Dominantes, foram dois dos grandes destaques do certame em suas posições.

No comando do ataque, vimos um Deulofeu mais decisivo do que nunca. Imparável, o espanhol foi o líder da competição em número de passes-chave (78) e ainda marcou 13 vezes. A sua dupla com o português Beto, que gerou inesperado e imediato impacto no futebol italiano, funcionou de maneira primorosa. Os cofres da Udinese certamente estão preparados para receber mais algumas dezenas de milhões de euros durante o verão europeu.

Sassuolo

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Berardi, do Sassuolo (Getty)

A campanha: 11ª colocação, 50 pontos. 13 vitórias, 11 empates e 14 derrotas. No primeiro turno: 12ª posição, 24 pontos. Ataque e defesa: 64 gols marcados e 66 sofridos Time-base: Consigli; Müldür (Toljan), Chiriches (Ayhan), Ferrari, Kyriakopoulos (Rogério); Frattesi, Lopez; Berardi, Raspadori, Traorè (Defrel); Scamacca. Artilheiros: Gianluca Scamacca (16 gols), Domenico Berardi (15) e Giacomo Raspadori (10) Garçom: Domenico Berardi (13 assistências) Técnico: Alessio Dionisi Os destaques: Domenico Berardi, Gianluca Scamacca e Davide Frattesi A decepção: Ruan A revelação: Davide Frattesi Quem mais jogou: Grégoire Defrel (38 jogos) e Andrea Consigli (37) O sumido: Federico Peluso Melhor contratação: Matheus Henrique Pior contratação: Ruan

Quase tudo o que escrevemos sobre o Sassuolo no guia da temporada se concretizou em 2021-22 – e o que foi dito no balanço do primeiro turno continuou valendo para a segunda parte da campanha neroverde. A grande novidade foi o fato de Berardi ter vivido o melhor ano de sua carreira, com números estrepitosos: quarto na quantidade de passes-chave (68) e arremates (110), o ponta foi o líder em assistências do campeonato, com 13, e um de seus 10 maiores goleadores, com 15 tentos.

Em sua “ilha de segurança”, o técnico Dionisi seguiu a toada de Roberto De Zerbi, seu antecessor no comando do time. Feito para divertir, o Sassuolo sofreu e marcou muitos gols, oscilando bastante ao longo da Serie A. O saldo, contudo, é dos mais positivos. Além de Berardi ter brilhado intensamente, os garotos mais valorizados da companhia evoluíram – falamos de Lopez, Frattesi, Traorè, Scamacca e Raspadori.

Cada um dos jovens citados acima aprendeu a ser mais eficiente em ao menos um aspecto. Entre os meias, Lopez se tornou um controlador de ritmo de jogo de passes mais precisos, enquanto Frattesi foi protagonista incansável de área a área. Atuando como ponta com maior frequência, o marfinense Traorè teve o ano mais prolífico da carreira, tal qual Scamacca e Raspadori. Este último, aliás, evoluiu taticamente, a ponto de ser utilizado com frequência como um camisa 10.

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