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·13 de junho de 2023

Retrospectiva da Serie A, parte 1: com núcleo italiano, o estreante Monza foi destaque em 2022-23

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No início de junho, chegou ao fim a temporada regular da Serie A – sim, porque este campeonato inesquecível ainda teve mais uma semana dedicada ao jogo de desempate que definiu o último time rebaixado para a segundona. Com o surpreendente título do Napoli e o encerramento de mais de três décadas de jejum azzurro, o certame teve o quarto vencedor em quatro edições seguidas, o que não acontecia desde a virada do século. Além disso, o ano da Itália foi positivo em âmbito internacional, já que equipes do país alcançaram as decisões de todos os torneios realizados pela Uefa.

Neste texto, damos início a nossa tradicional retrospectiva da temporada, na qual analisamos o desempenho de cada um dos clubes participantes da Serie A. A primeira parte do balanço é dedicada à metade inferior da tabela e começamos pela turma de rebaixados, encabeçada pela tradicional Sampdoria – que não largou a lanterna, mas pelo menos terminou o ano aliviada por não passar por um traumático processo de falência, devido a seus problemas financeiros. Também abordamos a salvação dramática do Verona, a ótima campanha de um Monza recheado de italianos no elenco e, por fim, as interessantes trajetórias de Salernitana, Lecce e Empoli. Confira!


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Sampdoria

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Quagliarella, da Sampdoria (Getty)

A campanha: 20ª colocação, 19 pontos. 3 vitórias, 10 empates e 25 derrotas. Rebaixada. No primeiro turno: 19ª posição, 9 pontos. Ataque e defesa: 24 gols marcados (o pior) e 71 sofridos (a pior) Time-base: Audero; Amione, Nuytinck (Colley), Murillo (Günter); Zanoli (Bereszynski), Winks (Lammers, Caputo), Rincón, Augello; Léris, Djuricic (Sabiri); Gabbiadini. Artilheiros: Manolo Gabbiadini (7 gols) e Filip Djuricic (3) Garçom: Tommaso Augello (5 assistências) Técnicos: Marco Giampaolo (até a 8ª rodada) e Dejan Stankovic (a partir de então) Os destaques: Manolo Gabbiadini, Tommaso Augello e Emil Audero A decepção: Filip Djuricic A revelação: Martin Turk Quem mais jogou: Tommaso Augello (37 jogos), Manolo Gabbiadini (35) e Tomás Rincón (34) O sumido: Andrea Conti Melhor contratação: Alessandro Zanoli Pior contratação: Ignacio Pussetto

A Sampdoria de 2022-23 foi o maior exemplo de que o extracampo pode derrubar uma equipe. Os blucerchiati nem começaram a Serie A com o pior dos elencos, mas sucumbiram à total falta de capacidade de investimento da agremiação, acéfala desde que o proprietário Massimo Ferrero foi afastado da presidência e o conselho administrativo pôs o clube à venda. Com isso, o plantel foi perdendo peças ao longo da temporada, o risco de falência ficou iminente e a falta de perspectiva deixou o horizonte nebuloso na parte doriana de Gênova.

Com sua trupe formada por jogadores emprestados, adquiridos a custo zero e abnegados que decidiram permanecer para tentar salvar a equipe, a Sampdoria jamais conseguiu reagir ao longo do campeonato: sua melhor colocação foi a 16ª, na segunda rodada, e, após entrar na zona de rebaixamento, na sexta jornada, nunca mais saiu de lá. O percurso dos dorianos, aliás, foi repleto de requintes de crueldade, que contribuíram para consolidar a ideia de que aquela situação era irreversível. Os genoveses, por exemplo, deixaram de ganhar vários pontos por gols sofridos em retas finais de partidas, amargando derrotas ou empates por conta desses tentos. Ou seja, a despeito do péssimo desempenho ofensivo, os blucerchiati até ensaiaram maior competitividade.

Em um ano, a Samp passou da euforia pelas vitórias nos clássicos com o Genoa, que foram fundamentais para o rebaixamento do rival, ao descenso numa temporada em que os rossoblù obtiveram o retorno à elite. A queda foi traumática, mas ao menos houve certo alívio para a torcida ao fim da campanha, visto que um acordo foi encontrado para a venda da agremiação a um grupo encabeçado por Andrea Radrizzani, dono do Leeds – o que, no frigir dos ovos, evitou a sua falência. O ídolo Fabio Quagliarella já se colocou à disposição da nova diretoria para permanecer e tentar se despedir dos gramados de maneira mais feliz.

Cremonese

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Bianchetti e Carnesecchi, da Cremonese (Getty)

A campanha: 19ª colocação, 27 pontos. 5 vitórias, 12 empates e 21 derrotas. Rebaixada. No primeiro turno: 20ª posição, 8 pontos. Ataque e defesa: 36 gols marcados e 69 sofridos (a segunda pior) Time-base: Carnesecchi; Aiwu (Ferrari), Bianchetti (Chiriches), Lochoshvili (Vásquez); Sernicola, Meïté, Castagnetti (Benassi), Pickel, Valeri; Okereke (Tsadjout), Dessers (Ciofani). Artilheiros: Daniel Ciofani (8 gols), David Okereke (7) e Cyriel Dessers (6) Garçom: Emanuele Valeri (3 assistências) Técnicos: Massimiliano Alvini (até a 18ª rodada) e Davide Ballardini (a partir de então) Os destaques: Marco Carnesecchi, David Okereke e Leonardo Sernicola A decepção: Santiago Ascacíbar A revelação: Marco Carnesecchi Quem mais jogou: Emanuele Valeri (37 jogos), David Okereke (33) e Charles Pickel (33) O sumido: Gonzalo Escalante Melhor contratação: David Okereke Pior contratação: Gonzalo Escalante

Assim como a Sampdoria, a Cremonese frequentou a zona de rebaixamento por quase toda a temporada – foram apenas três rodadas fora dela. Porém, a equipe grigiorossa chegou a sonhar com a permanência por ter feito vários bons jogos contra os grandes, ainda que nem sempre tenha sido premiada com pontos. A Cremo chegou a ficar invicta contra o Milan e ganhar da Roma, mas a reação foi tardia: começou apenas na 24ª jornada, quando obteve seu primeiro triunfo, e justamente sobre os giallorossi.

Sob as ordens de Alvini, os violini se caracterizavam por uma boa organização defensiva, mas com limitações técnicas evidentes. Por isso, era difícil sustentar 90 minutos de aplicação e os resultados não vinham: na gestão do treinador, que estreava na Serie A, a Cremonese somou apenas 7 pontos. Contratado para o lugar do novato, o experiente Ballardini conseguiu produzir evidentes melhoras na equipe. Além de manter a organização tática e seguir contando com a segurança do jovem arqueiro Carnesecchi, já convocado para a seleção principal da Itália, o comandante promoveu um forte jogo lateral, devido às subidas de Sernicola e Valeri, e apostou nas transições inspiradas pela velocidade de Okereke e pela potência de Dessers.

Com uma intensificação no trabalho dos pontos citados acima, o novo técnico tornou a Cremo mais perigosa no ataque e, consequentemente, mais competitiva no returno. Reajustado, o time lombardo teve a 14ª melhor campanha da segunda metade do campeonato, mas o seu baixo aproveitamento na primeira parte da Serie A falou mais alto e o descenso não foi evitado. No entanto, a torcida se orgulhou de os grigiorossi terem alcançado as semifinais da Coppa Italia, repetindo o feito de 1986-87, com direito a eliminação de Napoli e Roma nesta trajetória. A diretoria entende que Ballardini colocou a equipe no caminho certo e o treinador continuará no comando para tentar devolver os violini à elite.

Verona

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Hien, do Verona (Getty)

A campanha: 18ª colocação, 31 pontos. 7 vitórias, 10 empates e 21 derrotas. Salvo do rebaixamento após desempate com o Spezia. No primeiro turno: 18ª posição, 12 pontos. Ataque e defesa: 31 gols marcados (o terceiro pior) e 59 sofridos Time-base: Montipò; Magnani (Ceccherini), Hien, Dawidowicz (Coppola, Günter); Depaoli, Tameze, Miguel Veloso (Duda), Doig (Faraoni); Verdi (Djuric), Lazovic; Lasagna (Henry). Artilheiros: Simone Verdi (5 gols), Darko Lazovic (4) e Cyril Ngonge (3) Garçom: Darko Lazovic (5 assistências) Técnicos: Gabriele Cioffi (até a 9ª rodada), Salvatore Bocchetti (entre a 10ª e a 15ª) e Marco Zaffaroni (a partir de então) Os destaques: Darko Lazovic, Isak Hien e Josh Doig A decepção: Kevin Lasagna A revelação: Josh Doig Quem mais jogou: Lorenzo Montipò (37 jogos), Adrien Tameze (37) e Isak Hien (32) O sumido: Ajdin Hrustic Melhor contratação: Isak Hien Pior contratação: Ajdin Hrustic

Desde que retornou à Serie A, em 2019, o Verona lidou com reformulações anuais: a cada temporada, o elenco perdeu seus destaques e precisou de grandes trabalhos dos seus técnicos para não correr riscos na elite. Ivan Juric e Igor Tudor conseguiram conduzir o Hellas em campanhas concluídas na metade superior da tabela, mas uma hora os mastini pagariam o preço pelas seguidas reestruturações. Em 2022-23, o time gialloblù passou mais de dois terços do campeonato na zona de rebaixamento e, após disputar o spareggio com o Spezia, se salvou de forma milagrosa.

De pouco adiantou o fato de o Verona ter buscado alguns jovens interessantes no mercado, como Hien, Doig e Ngonge se, em geral, a política de contratações foi errática e as decisões da diretoria para o futebol foram precipitadas. Faltaram peças para pensarem o jogo e a aposta num modelo mais reativo, com criação pelos flancos, esbarrou na ausência de goleadores: todos os centroavantes do elenco têm como característica renderem mais com um segundo atacante a seu lado.

Apesar de a diretoria ter depositado alguma confiança na inexperiência de Cioffi e tê-lo demitido depois de apenas nove jogos, pareceu inexplicável a ideia de dar o comando do time a Bocchetti, que sequer tem a documentação necessária para ser técnico de uma equipe da Serie A: ao vencer o prazo de interinidade que a liga permite para profissionais sem diploma, o Verona teve de rebaixar o ex-zagueiro a auxiliar e ir buscar Zaffaroni, que também não tinha passagens por clubes da elite. No fim das contas, o rendimento dos mastini até melhorou – uma sequência positiva permitiu que os gialloblù tivessem o 15º melhor aproveitamento do returno. Porém, o tempo perdido foi precioso, considerando que Bocchetti somou seis derrotas em seis rodadas, incluindo uma para o Spezia, em casa. As consequências foram palpáveis e a salvação foi obtida no limite.

Spezia

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Nzola, do Spezia (Getty)

A campanha: 17ª colocação, 31 pontos. 6 vitórias, 13 empates e 19 derrotas. Rebaixado após derrota no desempate com o Verona. No primeiro turno: 17ª posição, 18 pontos. Ataque e defesa: 31 gols marcados (o terceiro pior) e 62 sofridos (a terceira pior) Time-base: Dragowski; Ampadu, Wisniewski (Kiwior, Caldara), Nikolaou; Amian (Holm), Agudelo (Esposito), Bourabia, Ekdal (Bastoni), Reca; Gyasi, Nzola. Artilheiros: M’Bala Nzola (13 gols) e Daniele Verde (3) Garçom: Simone Bastoni (4 assistências) Técnicos: Luca Gotti (até a 22ª rodada), Fabrizio Lorieri (interino; 23ª) e Leonardo Semplici (a partir de então) Os destaques: M’Bala Nzola, Bartlomiej Dragowski e Emmanuel Gyasi A decepção: Szymon Zurkowski A revelação: Salvatore Esposito Quem mais jogou: Mehdi Bourabia (37 jogos), Dimitrios Nikolaou (36) e Emmanuel Gyasi (35) O sumido: João Moutinho Melhor contratação: Bartlomiej Dragowski Pior contratação: Szymon Zurkowski

O péssimo futebol praticado pelo Spezia em 2022-23 só não resultou em rebaixamento imediato por quatro fatores, sendo que dois deles se relacionam com sorte no calendário. Primeiramente, o time largou relativamente bem na Serie A e – aproveitando os piores momentos de Empoli, Sassuolo e Bologna na temporada, além da fragilidade da Sampdoria – somou oito pontos nas sete rodadas iniciais, o que lhe permitiu ter a tranquilidade de ficar longe da zona de descenso por alguns meses. Outros resultados fundamentais foram os triunfos sobre Inter e Milan no returno, quando as duas equipes da Lombardia estavam em crise.

Outros dois fatores importantes para que o Spezia não tenha se afundado no Z3 foram as atuações individuais de Dragowski e Nzola. Debaixo das traves, o arqueiro polonês compensou fragilidades da defesa bianca e, apesar de ter sofrido uma lesão que lhe tirou da Copa do Mundo, conseguiu apagar a irregularidade que permeou a sua temporada anterior, pela Fiorentina. O mesmo pode ser dito de Nzola, que viveu um 2021-22 opaco e, na campanha recém-encerrada, reencontrou o instinto goleador de sua estreia na elite: criou jogo sozinho, aproveitou chances geradas pelos colegas e anotou 42% dos gols dos lígures. O angolano foi responsável direto por 16 dos 31 pontos obtidos pelos aquilotti.

Ao contrário do que fizeram Vincenzo Italiano e Thiago Motta, seus antecessores, Gotti e Semplici não conseguiram montar uma máquina eficiente. Visto que o elenco era muito similar ao da temporada passada, foi a flagrante regressão na aplicação dos mecanismos que faziam o time bianconero funcionar que custou um preço muito alto aos aquilotti. No fim das contas, o terceiro milagre do Spezia não foi produzido e a sequência na elite, iniciada com a estreia, em 2020-21, se encerrou: pela primeira vez na história, os lígures foram rebaixados para a Serie B.

Lecce

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Gabriel Strefezza e Ceesay, do Lecce (Getty)

A campanha: 16ª colocação, 36 pontos. 8 vitórias, 12 empates e 18 derrotas. No primeiro turno: 14ª posição, 20 pontos. Ataque e defesa: 33 gols marcados e 46 sofridos Time-base: Falcone; Gendrey, Baschirotto, Umtiti, Gallo; González (Oudin), Hjulmand, Blin; Gabriel Strefezza, Ceesay (Colombo), Di Francesco (Banda). Artilheiros: Gabriel Strefezza (8 gols), Assan Ceesay (6) e Lorenzo Colombo (5) Garçons: Morten Hjulmand e Gabriel Strefezza (4 assistências) Técnico: Marco Baroni Os destaques: Wladimiro Falcone, Federico Baschirotto e Gabriel Strefezza A decepção: Giuseppe Pezzella A revelação: Joan González Quem mais jogou: Wladimiro Falcone (38 jogos), Federico Baschirotto (37) e Valentin Gendrey (37) O sumido: Simone Romagnoli Melhor contratação: Wladimiro Falcone Pior contratação: Mert Çetin

A demora pela confirmação matemática da permanência do Lecce na elite foi uma das grandes surpresas da temporada italiana. Não que o campeão da Serie B 2021-22 tivesse começado a sua campanha como um dos favoritos pela salvação: mas por ter demonstrado, com a bola rolando, que a diretoria havia acertado em todas as suas escolhas para a disputa do certame. Além de terem passado pela zona de rebaixamento apenas na segunda rodada, os salentinos praticaram um futebol interessante, dos melhores entre os times pequenos da competição, durante vários meses.

O conceituado diretor esportivo Pantaleo Corvino jamais teve receio de arriscar e entregou ao técnico Baroni o mais jovem elenco da Serie A. A garotada retribuiu a confiança e ajudou o treinador a dar continuidade ao melhor trabalho de sua carreira, de modo que conseguiu completar uma temporada na elite pela primeira vez desde que iniciou na profissão, há 23 anos – o ex-zagueiro teve três experiências anteriores na máxima categoria, mas nenhuma delas fora de cabo a rabo.

Baroni montou uma forte defesa – a melhor da parte inferior da tabela – e proporcionou a ascensão de jogadores como Falcone e Baschirotto, que ganharam convocações para a seleção italiana. Em seu sistema, Samuel Umtiti também teve a chance de recuperar seu futebol e de mostrar para o mundo que ainda pode atuar em alto nível, apesar das recorrentes lesões no joelho. Vários outros atletas tiveram anos positivos – o capitão Hjulmand e o brasileiro Gabriel Strefezza, por exemplo – e, por isso, chegou a surpreender o jejum de oito jogos sem triunfos no returno, o que atrasou a festa pela permanência. Porém, ela foi confirmada com roteiro de cinema: gol de pênalti aos 111 minutos do penúltimo compromisso, em Monza, do outro lado da Itália, frente a uma trupe de apaixonados que atravessaram a Bota para poderem guardar este momento na memória eternamente.

Salernitana

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Candreva e Dia, da Salernitana (Getty)

A campanha: 15ª colocação, 42 pontos. 9 vitórias, 15 empates e 14 derrotas. No primeiro turno: 15ª posição, 18 pontos. Ataque e defesa: 48 gols marcados e 62 sofridos (a terceira pior) Time-base: Ochoa (Sepe); Gyömbér (Bronn), Daniliuc, Pirola (Fazio); Mazzocchi, Coulibaly, Vilhena (Kastanos), Bradaric; Candreva, Dia; Piatek (Bonazzoli). Artilheiros: Boulaye Dia (16 gols), Antonio Candreva (7), Krzysztof Piatek (4) e Tonny Vilhena (4) Garçom: Boulaye Dia (6 assistências) Técnicos: Davide Nicola (até a 22ª rodada) e Paulo Sousa (a partir de então) Os destaques: Boulaye Dia, Antonio Candreva e Guillermo Ochoa A decepção: Matteo Lovato A revelação: Lorenzo Pirola Quem mais jogou: Antonio Candreva e Lassana Coulibaly (ambos com 35) O sumido: Domen Crnigoj Melhor contratação: Boulaye Dia Pior contratação: Diego Valencia

Paulo Sousa pode não ter dado certo no Flamengo, mas emplacou o seu terceiro ano positivo na Serie A – os dois primeiros foram na Fiorentina. O português pegou o bonde andando, após Nicola, que fora o responsável pela milagrosa salvação da Salernitana na temporada anterior, perder o rumo em seu trabalho. Mesmo com elenco reforçado, o italiano simplesmente não conseguiu fazer com que a equipe evoluísse. O lusitano, por sua vez, foi capaz de colocar os ippocampi nos trilhos e, em 16 rodadas, somou apenas três derrotas; por outro lado, acumulou nove empates.

A Salernitana foi a equipe que mais empatou no campeonato: quase um terço de seus jogos. Mas é importante destacar que qualquer pontinho é valioso para times que, como os grenás, têm apenas a ambição de continuarem na elite. E, no caso dos campanos, a forma como esses resultados foram obtidos também conta bastante. A esquadra de Salerno foi carne de pescoço e nenhum adversário conseguiu batê-la em turno e returno. Ou seja, os ippocampi tiraram pontos de todos os participantes da Serie A, inclusive dos grandes.

Nem todos os reforços propostos pela diretoria granata deram certo – alguns atletas ficaram devendo, como Lovato e Piatek –, mas é importante salientar que três chegadas foram tiros certeiros para o desempenho da equipe no campeonato. Primeiramente, a do senegalês Dia, numa ambiciosa sacada para contratá-lo por empréstimo junto ao Villarreal: o atacante se adaptou rapidamente e, além de terceiro principal goleador da Serie A, se tornou o maior artilheiro da Salernitana numa edição do certame. Ademais, os campanos não se apegaram a padrões e optaram por ir atrás de veteranos escolhidos a dedo, que, mesmo sem potencial de revenda, poderiam entregar resultados instantaneamente. E, assim, Ochoa e Candreva foram dois dos principais nomes de suas posições na temporada.

Empoli

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Vicario, Baldanzi, Luperto e Caputo, do Empoli (Getty)

A campanha: 14ª colocação, 43 pontos. 10 vitórias, 13 empates e 15 derrotas. No primeiro turno: 10ª posição, 25 pontos. Ataque e defesa: 37 gols marcados e 49 sofridos Time-base: Vicario; Ebuehi (Stojanovic), Ismajli (De Winter), Luperto, Parisi; Akpa Akpro (Grassi, Haas), Marin, Bandinelli; Baldanzi (Henderson); Satriano (Cambiaghi), Caputo. Artilheiros: Nicolò Cambiaghi (6 gols), Francesco Caputo (5) e Tommaso Baldanzi (4) Garçons: Francesco Caputo, Tyronne Ebuehi e Razvan Marin (4 assistências) Técnico: Paolo Zanetti Os destaques: Guglielmo Vicario, Tommaso Baldanzi e Razvan Marin A decepção: Martín Satriano A revelação: Tommaso Baldanzi Quem mais jogou: Sebastiano Luperto (36 jogos), Filippo Bandinelli (35), Razvan Marin (33) e Fabiano Parisi (33) O sumido: Lorenzo Tonelli Melhor contratação: Razvan Marin Pior contratação: Sam Lammers

O Empoli de 2022-23 teve trajetória bastante similar ao de 2021-22: encaminhou mais uma permanência na elite graças a um alto aproveitamento no primeiro turno e nem mesmo uma forte queda de rendimento no returno, quando chegou a ter sequência de apenas um triunfo em 13 rodadas, lançou dúvidas sobre a possibilidade de concretização do objetivo. No fim das contas, o time toscano pode celebrar vitórias históricas sobre Inter e Juventus, e ainda repetiu a colocação obtida na temporada anterior.

Sucessor do veterano Aurelio Andreazzoli, o técnico Zanetti continuou a apostar no sistema tático que, desde a gestão de Maurizio Sarri, entre 2012 e 2015, tem sido padrão nas boas campanhas do Empoli. A diferença é que seu 4-3-1-2 deu mais atenção à fase defensiva do que o de seus antecessores, o que levou a retaguarda azzurra a sofrer 21 gols a menos do que no campeonato passado.

Dono de um dos elencos mais jovens de toda a Serie A e contando com apenas cinco jogadores de 30 anos ou mais, o Empoli novamente foi um exemplo de revelação de atletas e de consolidação de talentos já apresentados. Entre seus destaques, Vicario, Parisi e Baldanzi já foram chamados para a seleção italiana e o último deles, inclusive, fez parte da campanha do vice da Nazionale no Mundial Sub-20. E pode ter certeza de que vem mais por aí, já que o clube adota tal filosofia há décadas e, temporada após temporada, colhe frutos por isso.

Sassuolo

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Berardi e Rogério, do Sassuolo (Getty)

A campanha: 13ª colocação, 45 pontos. 12 vitórias, 9 empates e 17 derrotas. No primeiro turno: 17ª posição, 17 pontos. Ataque e defesa: 47 gols marcados e 61 sofridos Time-base: Consigli; Toljan, Erlic, Ferrari (Ruan), Rogério; Frattesi, Lopez, Matheus Henrique (Thorstvedt); Berardi (Defrel), Pinamonti, Laurienté. Artilheiros: Domenico Berardi (12 gols), Davide Frattesi (7) e Armand Laurienté (7) Garçom: Domenico Berardi (7 assistências) Técnico: Alessio Dionisi Os destaques: Domenico Berardi, Armand Laurienté e Davide Frattesi A decepção: Agustín Álvarez A revelação: Luca D’Andrea Quem mais jogou: Davide Frattesi (36 jogos), Rogério (36) e Andrea Consigli (35) O sumido: Mert Müldür Melhor contratação: Armand Laurienté Pior contratação: Agustín Álvarez

O Sassuolo terminou a Serie A na faixa da tabela em que esperava estar ao fim da temporada, mas teve uma campanha mais tortuosa do que o comum em 2022-23. Em suma, isso se deveu ao fato de que Berardi passou cerca de metade do primeiro turno fora de combate, por conta de uma lesão muscular. Não à toa, o time neroverde concluiu a parte inicial do campeonato numa modesta 17ª posição, uma acima da zona de rebaixamento.

A reação dos emilianos, contudo, veio em grande estilo. No returno, com Berardi em forma e Laurienté e Frattesi servindo como auxiliares de luxo, o propositivo time de Dionisi conseguiu vitórias impactantes sobre Milan e Roma, fora de casa, e ainda bateu Atalanta e Juventus em seus domínios. Com esses resultados, o Sassuolo chegou a entrar na briga por um lugar entre os 10 primeiros colocados, mas ralentou o ritmo na reta final da Serie A e terminou na segunda metade da classificação.

Consolidado como um time de meio de tabela da Serie A, o Sassuolo se voltará, nos próximos meses, às movimentações de mercado e às estratégias para, eventualmente, mitigar efeitos de potenciais vendas. A sua pequena torcida já está acostumada a este ciclo e, dessa vez, pode ver Frattesi deixar a Emília-Romanha. Além disso, Berardi, ligado ao clube há mais de 10 anos, finalmente pode ser negociado. Agora vai?

Udinese

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Rodrigo Becão, da Udinese (Getty)

A campanha: 12ª colocação, 46 pontos. 11 vitórias, 13 empates e 14 derrotas. No primeiro turno: 8ª posição, 28 pontos. Ataque e defesa: 47 gols marcados e 48 sofridos Time-base: Silvestri; Rodrigo Becão, Bijol, Pérez; Ehizibue (Deulofeu), Samardzic (Arslan), Walace, Lovric, Udogie; Pereyra; Beto (Success). Artilheiros: Beto (10 gols), Sandri Lovric (5), Roberto Pereyra (5) e Lazar Samardzic (5) Garçom: Roberto Pereyra (7 assistências) Técnico: Andrea Sottil Os destaques: Beto, Roberto Pereyra e Rodrigo Becão A decepção: Florian Thauvin A revelação: Simone Pafundi Quem mais jogou: Marco Silvestri (38 jogos), Walace (37), Sandri Lovric (37) e Lazar Samardzic (37) O sumido: Mato Jajalo Melhor contratação: Sandri Lovric Pior contratação: Florian Thauvin

Em 2022-23, a Udinese repetiu o 12º lugar obtido na última Serie A e quase protagonizou campanha idêntica – teve um empate a menos e uma derrota a mais. Apesar disso, as trajetórias foram bastante diferentes entre si. Os friulanos enfentaram alguns extremos ao longo da temporada recém-concluída e, num mesmo turno, chegaram a acumular seis vitórias seguidas e uma sequência de 10 rodadas sem triunfos. Ademais, tiveram o quinto pior aproveitamento geral na segunda metade do torneio.

Em seus melhores momentos, a Udinese de Sottil chegou a bater Roma e Inter de maneira categórica, além de ocupar colocações que lhe dariam vaga num dos torneios da Uefa por 14 rodadas – no G4, foram quatro. Muito afetada pela séria lesão no joelho de Deulofeu e pela queda de rendimento de Udogie, a equipe não teve condições de sustentar a campanha, mas a temporada teve avaliação positiva no Friuli.

Durante o campeonato, os bianconeri se valeram dos consolidados Silvestri e Rodrigo Becão no comando da forte defesa e viram Bijol, contratado no verão, ascender de forma importante. Lovric, outro esloveno, também aderiu ao time de maneira decisiva, contribuindo muito nas duas fases do jogo. Na frente, apesar de alguns períodos de indesejável jejum, Beto seguiu como a utilíssima referência da Udinese. Também vale destacar o ano positivo do veterano Pereyra. Curinga, o argentino jogou em em várias posições e permitiu que Sottil fizesse trocas na equipe que estava em campo e a adaptasse a cada adversário e a momentos específicos das partidas.

Monza

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Carlos Augusto, do Monza (Getty)

A campanha: 11ª colocação, 52 pontos. 14 vitórias, 10 empates e 14 derrotas. No primeiro turno: 13ª posição, 22 pontos. Ataque e defesa: 48 gols marcados e 52 sofridos Time-base: Di Gregorio; Izzo, Pablo Marí (Marlon), Caldirola; Ciurria, Rovella (Machín), Pessina, Carlos Augusto; Mota (Birindelli), Caprari; Petagna (Sensi). Artilheiros: Carlos Augusto e Patrick Ciurria (ambos com 6 gols) Garçons: Carlos Augusto, Patrick Ciurria e Andrea Petagna (5 assistências) Técnicos: Giovanni Stroppa (até a 6ª rodada) e Raffaele Palladino (a partir de então) Os destaques: Carlos Augusto, Michele Di Gregorio e Matteo Pessina A decepção: Stefano Sensi A revelação: Filippo Ranocchia Quem mais jogou: Michele Di Gregorio (37 jogos), Gianluca Caprari (37) e Patrick Ciurria (36) O sumido: Alessio Cragno Melhor contratação: Matteo Pessina Pior contratação: Gabriele Ferrarini

O último ato de Silvio Berlusconi. Em seus derradeiros meses de vida, o lendário dirigente do Milan levou o Monza, que adquirira em 2018, à elite e a uma histórica permanência na categoria – tendo Adriano Galliani como braço direito. Em 2022-23, o time brianzolo quase atingiu o seu principal objetivo na temporada: faltaram apenas dois pontinhos para ficar entre os 10 primeiros colocados da Serie A em seu ano de estreia. Ainda assim, os lombardos se juntaram ao Parma de 1990-91 e ao Chievo de 2000-01 no grupo dos debutantes de melhor aproveitamento da história da competição.

Talvez os biancorossi não tenham obtido o feito por gratidão. Afinal, a diretoria optou por iniciar o campeonato com Stroppa no comando da equipe, ainda que o técnico, responsável pelo acesso, não contasse com resultados expressivos em suas experiências anteriores na elite italiana. A aposta em Palladino, que treinava as categorias de base, foi ousada – e vitoriosa. O estreante se converteu num dos melhores treinadores do campeonato e melhorou o Monza de maneira imediata: logo no debute, obteve triunfo sobre a Juventus. Os brianzoli voltariam a bater a Velha Senhora e ainda somariam outros sucessos importantes, como aqueles sobre Inter, Fiorentina e Napoli. O aproveitamento, que era de rebaixado em potencial com o comandante que iniciou a trajetória, se converteria na oitava melhor campanha do returno.

Dono do elenco mais italiano da Serie A, o Monza mostrou aos outros times da Itália que vale a pena olhar com mais carinho para talentos da terra. Um grande exemplo disso reside no goleiro Di Gregorio, que foi revelado pela Inter, mas só estrearia na elite aos 25 anos: foi um dos melhores da posição na temporada, a ponto de relegar o selecionável Cragno ao posto de eterno reserva. Entre os estrangeiros, destaque para o ex-corintiano Carlos Augusto: muito ativo na armação e na conclusão das jogadas, dificilmente permanecerá no Brianteo. Já Pablo Marí, ex-Flamengo, superou o drama de ter sido esfaqueado por um estranho e também teve um desempenho muito positivo dentro de campo.

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