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·31 de dezembro de 2022
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·31 de dezembro de 2022
O Botafogo viveu um ano de reconstrução sob a gestão de John Textor, que comanda a SAF do clube. Com mais de 20 reforços, a equipe de Luís Castro demorou a engrenar na temporada, mas encontrou um padrão de jogo com o português e vive grandes expectativas para 2023. Nesse sentido, o Esporte News Mundo montou uma retrospectiva com tudo de importante que rolou com o Glorioso ao longo desta temporada.
Erison quase classificou o Alvinegro para a final do Carioca. Foto: Vitor Silva/Botafogo
Desde o final do ano passado, o Botafogo já havia encaminhado o acordo para John Textor assumir a SAF do clube. Contudo, os investimentos chegaram apenas para o Brasileirão, e pro Estadual, o Alvinegro teve que se virar com o elenco desfalcado da Série B e garotos da base. Chegaram cinco reforços: Klaus, Fabinho, Breno, Vinícius Lopes e Erison.
Apesar da campanha irregular, o Botafogo conseguiu se classificar para as semifinais com seis vitórias em 11 rodadas, vencendo um dos três clássicos, contra o Vasco. Por outro lado, o nível das partidas foi muito criticado com Lúcio Flávio, que assumiu após a demissão de Enderson Moreira. Sobretudo na dura derrota por 5×3 para a Portuguesa-RJ. Os destaques foram os atacantes Erison e Matheus Nascimento, que marcaram oito e cinco gols no torneio, respectivamente.
Nas semifinais, o clima era de cumprir tabela, e os olhares da torcida estavam nos reforços que já haviam sido confirmados para o Brasileirão, bem como o técnico Luís Castro. Mesmo assim, após a derrota no jogo de ida, a equipe surpreendeu com um grande jogo contra o Fluminense na volta. Com dois gols de Erison, o Botafogo venceu e estava se classificando até o último minuto, quando sofreu um gol depois de desatenção da defesa.
Patrick de Paula é o reforço mais caro da história do Botafogo. Foto: Vitor Silva/Botafogo
O Botafogo contratou 12 reforços para reforçar o elenco para o Brasileirão. O zagueiro Philipe Sampaio foi o primeiro, chegando a atuar nas semifinais do Carioca. As outras novidades foram: Saravia, Niko, Victor Cuesta, Luís Oyama, Tchê Tchê, Patrick de Paula, Lucas Fernandes, Lucas Piazon, Gustavo Sauer, Joffre e Victor Sá.
Algumas contratações, como Lucas Fernandes e Cuesta, deram muito certo. Por outro lado, alguns erros de planejamento foram cometidos. O finlandês Niko sequer jogou o Brasileirão, e Luís Oyama foi emprestado após poucos meses. No total, foram gastos R$ 65 milhões nesta janela, mais da metade em Patrick de Paula, maior investimento da história do clube, mas que pouco agregou na temporada.
Elenco comemora gol em vitória sobre o Fortaleza. Foto: Vitor Silva/Botafogo
Após derrota na estreia do Brasileirão para o Corinthians, ainda com um interino, Luís Castro comandou o time pela primeira vez contra o Ceará, na segunda rodada, e deixou boa impressão. O clube venceu por 3×1 e demonstrou um padrão de jogo interessante. O clube tropeçou nos dois jogos seguintes, mas chegou a assumir a quarta colocação com uma sequência de vitórias contra Flamengo e Fortaleza.
Mesmo com a chegada dos principais reforços, Erison foi o grande nome alvinegro das primeiras rodadas. Aliás, mesmo deixando o clube no meio do ano, terminou o Brasileirão como artilheiro do Botafogo, com sete gols. Os resultados estavam vindo, mas as atuações deixavam a desejar. Logo, o elenco mostrou-se incompleto, e as derrotas começaram a se acumular.
Alvinegro perdeu para o Goiás em casa. Foto: Vitor Silva/Botafogo
Depois de quatro derrotas seguidas, o Botafogo entrou na zona de rebaixamento na 11ª rodada. Com muitos problemas por lesão, Luís Castro precisou utilizar muitos jogadores que estavam no elenco da Série B, e chegou a puxar atletas do time B.
A crise estava instalada, mas o Alvinegro reagiu na rodada seguinte com uma vitória sobre o São Paulo. O técnico português, enfim, mudou o esquema, com a formação de três zagueiros e a entrada de Joel Carli. Logo em seguida, o Glorioso venceu o Internacional em um jogo épico, e a maré parecia ter mudado de vez.
Nas rodadas seguintes, apesar de alguns lampejos, o Botafogo não conseguiu engrenar e continuou próximo da zona de rebaixamento. O rendimento como mandante, um dos piores do torneio, incomodava bastante. Aos poucos, o elenco recebeu novos reforços, além de jogadores recuperados, mas Luís Castro só ajeitou o time a partir da 25ª rodada.
Na Copa do Brasil, o Botafogo até empolgou nas duas vitórias por 3×0 sobre o Ceilândia. Porém, nas oitavas de final, enfrentou o América-MG em meio a uma péssima fase no Brasileirão. Resultado: derrota por 5×0 no agregado e mais uma eliminação dolorida no torneio.
Eduardo encaixou muito bem no Glorioso. Foto: Vitor Silva/Botafogo
Para o segundo turno, chegaram mais 10 contratações: Lucas Perri, Marçal, Adryelson, Danilo Barbosa, Gabriel Pires, Eduardo, Jacob Montes, Júnior Santos, Luís Henrique e Tiquinho Soares. Desta vez, os reforços foram mais certeiros, mesmo com um gasto bem menor em relação a primeira janela, e sete deles foram titulares.
O Botafogo conseguiu utilizar todas as contratações somente na 25ª rodada, com a estreia de Tiquinho. Na partida, contra o Fortaleza, o Alvinegro fez seu melhor jogo até então, com uma grande vitória por 3×1 na casa do adversário.
O Glorioso conquistou outras vitórias importantes, e se consolidou como um dos melhores visitantes do Brasileirão, ainda que o rendimento como mandante tenha continuado ruim. Em poucas rodadas, o clube praticamente eliminou os riscos de cair, e começou a vislumbrar algo mais no torneio. Jogadores como Marçal, Adryelson, Eduardo e Tiquinho encaixaram perfeitamente e se tornaram peças chave no time de Luís Castro.
Lucas Fernandes comemora um dos gols contra o Santos. Foto: Vitor Silva/Botafogo
Com uma sequência impressionante, o Botafogo chegou a ficar mais de três meses invicto fora de casa, com direito a triunfos sobre São Paulo e Atlético-MG longe de seus domínios. Desde 2016, o Alvinegro não derrotava um dos grandes como visitante, fora os rivais cariocas. O baile sobre o Santos, com dois golaços de Lucas Fernandes, foi o ponto alto da reta final, e a equipe chegou na última rodada dependendo só de si para chegar na Libertadores.
Contudo, o sonho acabou com o revés para o Athletico, em um jogo irreconhecível dos comandados de Luís Castro. Derrotas em casa, sobretudo contra o Cuiabá, atrapalharam o objetivo de chegar no principal torneio do continente. Mesmo assim, para um ano em reconstrução, o saldo foi positivo, e o Botafogo terá a Sul-Americana para disputar em 2023.
John Textor é o dono da SAF do Botafogo. Foto: Vitor Silva/Botafogo
Se a preocupação dentro de campo foi a chegada de reforços, fora dele, o maior foco da SAF foi resolver os vários problemas do Botafogo em relação a dívida, que chegou a ficar na casa do bilhão. Assim, o Alvinegro conseguiu um acordo para pagar cerca de R$ 400 milhões em dívidas, e realizou diversos avanços nesse sentido. Hoje, as temidas penhoras, que prejudicaram bastante o clube em anos anteriores, são praticamente impossíveis de acontecer.
Enquanto se acostumava com a gestão do Botafogo, John Textor mostrou que tem a língua afiada na hora de dar sua opinião publicamente. Pouco depois da eliminação no Carioca, o bilionário afirmou que o Estadual seria um bom torneio para o time B em 2023. Além disso, Textor desmentiu pessoalmente diversos jornalistas ao longo do ano, em relação a SAF. A relação próxima com torcedores e as várias entrevistas para a mídia alternativa também chamaram a atenção.
Em junho, após a entrada no Z4, a relação com a torcida atingiu seu pior momento com a polêmica invasão ao CT do clube. Integrantes de uma organizada entraram no Espaço Lonier e fizeram duras cobranças aos jogadores e ao técnico Luís Castro. Na época, o Botafogo repudiou o ocorrido e acionou a polícia.
Velho problema no Botafogo, as lesões voltaram a aparecer com frequência e atrapalharam Luís Castro em diversos momentos. Titulares como Victor Cuesta e Lucas Fernandes perderam momentos importantes, entre outros. Na reta final, a equipe perdeu Gatito Fernández e Eduardo, que devem ficar de fora, até mesmo, dos primeiros meses do ano que vem.
O Botafogo também teve avanços na construção do CT, encaminhou obra para aproximar as arquibancadas do campo no Nilton Santos, e também parece próximo de acertar com um fornecedor de material esportivo e patrocinador master. Fora de campo, a missão principal foi arrumar a casa, e foi cumprida.
Victor Cuesta é o xerife da zaga alvinegra. Foto: Vitor Silva/Botafogo
Vários nomes interessantes surgiram este ano e prometem bastante para 2023, mas Victor Cuesta destaca-se por uma regularidade que durou praticamente o Brasileirão inteiro. Com segurança, excelente jogo aéreo e qualidade na saída de bola, o argentino foi um verdadeiro xerife ao lado de Adryelson e apareceu bem no ataque, com quatro gols marcados no Brasileirão.
Lucas Fernandes merece uma menção honrosa. Um dos reforços menos badalados, o meia provou a importância do scout e se tornou peça essencial com Luís Castro. Nomes como Marçal, Adryelson e Tiquinho Soares ficam um pouco atrás por chegarem apenas no segundo semestre, mas também se destacaram bastante.
Jeffinho veio do time B e se tornou titular do Glorioso. Foto: Vitor Silva/Botafogo
Quando o Botafogo estava em uma de suas piores fases na temporada, e com poucas opções no ataque, Luís Castro buscou atletas do time B para compor o elenco. Um deles foi Jeffinho, que rapidamente se tornou titular absoluto do time principal. Desde a estreia, encantou o treinador com seus belos dribles, e caiu nas graças da torcida alvinegra.
No total, foram dois gols e quatro assistências pelo Brasileirão. Jeffinho ainda precisa calibrar a finalização e aprender a tocar a bola no momento certo, mas com uma boa pré-temporada, tem todas as condições para voar em 2023.
Foto: Vitor Silva/Botafogo
O Botafogo tem uma base forte formada para o ano que vem, e terá uma pré-temporada longa, já que o time B jogará o início do Campeonato Carioca. Luís Castro pediu seis reforços para fechar o elenco, além do volante Marlon Freitas, que assinou pré-contrato após boa passagem pelo Atlético-GO.
Mesmo com a grande reta final, Luís Castro terá que lidar com a pressão por resultados da torcida, que deu uma trégua, mas exigirá um bom rendimento a curto prazo, já que o entrosamento não é uma desculpa. O time titular tem poucas lacunas a serem preenchidas, mas algumas posições precisam de nomes para compor elenco.
Vale ficar de olho em Patrick de Paula e Gustavo Sauer, que chegaram com expectativa, pouco renderam, mas contam com a confiança do treinador para darem a volta por cima.