Calciopédia
·05 de março de 2024
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Pelas oitavas de final da Liga dos Campeões, a Lazio tinha uma missão nesta terça, 5 de março: sustentar a mínima vantagem construída sobre o poderoso (mas inconstante) Bayern Munique no jogo de ida e voltar às quartas da competição após uma ausência de 24 anos. Não conseguiu. Pior, a categórica derrota por 3 a 0, que sacramentou a eliminação dos italianos, deixou evidentes os muitos problemas que levaram à abrupta involução do trabalho do técnico Maurizio Sarri. Questões que, somadas a outros fatores, devem resultar em sua saída ao fim da temporada.
Obviamente, a Lazio não era favorita no confronto com o Bayern e surpreendeu ao vencer os alemães no Olímpico. Porém, a fase negativa do time bávaro e a enorme pressão sobre o contestado Thomas Tuchel, aliadas à vantagem conquistada em solo italiano, permitia aos aquilotti engrossarem o caldo na Allianz Arena. Isso jamais ocorreu. A equipe de Sarri foi um deserto de ideias, apresentou muitas dificuldades de concluir as poucas chances que teve e ainda repetiu fragilidades defensivas.
Em resumo, a exibição da Lazio foi a síntese de uma temporada decepcionante. A equipe que alcançou o vice-campeonato da Serie A, com uma campanha de segunda melhor defesa e quinto melhor ataque, parece ter sido relegada a um passado remoto – ainda que quase todas as peças tenham sido mantidas e, a rigor, apenas a saída de Milinkovic-Savic possa ser considerada relevante. No momento, ocupa a oitava colocação, tem a quinta retaguarda mais eficiente do certame e apenas o décimo ataque mais positivo. Ainda que estejamos avaliando o seu desempenho na Liga dos Campeões, é impossível desassociar um rendimento do outro, pois os mecanismos trabalhados por Sarri são os mesmos.
Uma chance clara desperdiçada por Immobile ajudou a selar o destino da Lazio em Munique (Getty)
Em Munique, a propósito, o treinador efetuou três trocas em relação ao time que começou jogando em Roma, sendo uma por setor. Pellegrini, Vecino e Zaccagni, que estavam indisponíveis para a partida do Olímpico, ganharam as vagas de Hysaj, Cataldi e Isaksen, respectivamente. Do outro lado, Tuchel apostou na experiência e manteve Müller entre os titulares, mesmo com os retornos de Gnabry e Laimer, fora de combate na ida. Com Upamecano suspenso e Kim relegado ao banco, o centro da zaga foi totalmente reformulado: De Ligt e Dier foram os escolhidos pelo técnico. O comandante alemão ainda ousou ao fazer o promissor volante Pavlovic debutar no onze inicial.
Como era de se esperar, os mandantes começaram o duelo indo atrás do gol o mais rapidamente possível. Na casa dos 14 minutos, Musiala experimentou da entrada da área e Provedel rebateu. Foi a melhor chance de um início de jogo em que os bávaros tiveram a bola pela maior parte do tempo e pressionaram os celestes. Já aos 17, Kane experimentou da meia-lua e o desvio em Gila fez a pelota raspar a trave.
Depois disso, o domínio territorial do Bayern não resultou em muitas chances e a Lazio viveu o seu melhor momento na partida – talvez o único digno de nota, considerando postura e capacidade de segurar a vantagem. Aliás, aos 37 minutos, os visitantes tiveram uma grande oportunidade de ampliá-la. Zaccagni levantou na área e o desvio de De Ligt tirou Dier da jogada, deixando Immobile na cara do gol. Porém, da linha da pequena área, o italiano desperdiçou a incrível ocasião ao cabecear para fora.
Se Immobile perdoou, Kane não quis saber de indulgência. Quase de imediato, a resposta do Bayern Munique saiu aos 39 minutos, numa jogada trabalhada de pé em pé até que a bola fosse levantada na área, em direção a Müller. O veterano ajeitou de cabeça, Raphaël Guerreiro furou o arremate e a pelota mascada encontrou Kane, que escorou para a rede, com sua testa.
A Lazio não era favorita contra o Bayern Munique, mas acabou atropelada devido a sua queda de rendimento (AFP/Getty)
Logo após abrir o placar, o Bayern quis aproveitar o momento para nocautear uma Lazio grogue. Musiala, sozinho numa ótima posição, dentro da área, perdeu a chance de ampliar. Nos acréscimos, o segundo gol acabaria saindo. O time da casa teve escanteio e a equipe italiana pediu pelo intervalo, porque os acréscimos prometidos pelo árbitro Slavko Vincic já haviam sido cumpridos. No entanto, o apitador autorizou o corner, para a reclamação visitante. De Ligt pegou a sobra do cruzamento, meteu o pé na bola e Müller, repetindo Kane, escorou para a rede. Assim como o inglês, estava desmarcado: a retaguarda laziale ficou parada, esperando por seu cabeceio.
O ritmo do jogo caiu um pouco no início do segundo tempo, já que o Bayern tinha construído a vantagem necessária para se classificar e a Lazio sucumbia à má fase de Immobile e à atuação insossa de Zaccagni, ainda longe da melhor forma. Ainda assim, aos 66 minutos, o time bávaro aumentou o suplício de estéril equipe de Sarri. Provedel rebateu – corretamente – o chute forte de Sané para o lado e Kane, bem posicionado e sem marcação, pegou o rebote para anotar sua doppietta e o terceiro dos mandantes.
Logo após os 70 minutos, o time alemão ainda ficou perto de marcar duas vezes. Num contragolpe, Müller finalizou e Provedel fez o suficiente para desviar a bola para que ela explodisse na trave; na sequência, o canudo de Sané raspou o poste. Acabaram sendo as duas últimas oportunidades dignas de nota na partida, visto que os bávaros optaram por administrar a vantagem e quase não foram ameaçados pelos adversários. Nitidamente, os italianos tinham jogado a toalha e aceitado a eliminação.
Mesmo em caso de título da Coppa Italia e/ou de improvável classificação para a Champions League através da Serie A, as chances de Sarri permanecer na Lazio em 2024-25 parecem perto de zero, depois de tantas rusgas com o presidente Claudio Lotito e da brutal queda de desempenho em relação ao ano anterior. É muito provável que tenhamos reformulação no lado biancoceleste da Cidade Eterna e nem mesmo o ídolo Immobile, anteriormente incontestável, terá lugar cativo no clube. Em má fase, com idade avançada, propostas de clubes da Arábia Saudita e até criticado pela torcida, poderá dar adeus à capital italiana. Sem dúvidas, um cenário absolutamente inesperado após o belíssimo 2022-23 dos aquilotti.