Relatório final do caso VaideBet explica relação entre indiciados e empresa que recebeu dinheiro furtado do Corinthians | OneFootball

Relatório final do caso VaideBet explica relação entre indiciados e empresa que recebeu dinheiro furtado do Corinthians | OneFootball

In partnership with

Yahoo sports
Icon: Central do Timão

Central do Timão

·25 de junho de 2025

Relatório final do caso VaideBet explica relação entre indiciados e empresa que recebeu dinheiro furtado do Corinthians

Imagem do artigo:Relatório final do caso VaideBet explica relação entre indiciados e empresa que recebeu dinheiro furtado do Corinthians
  1. Por Daniel Keppler / Redação da Central do Timão

Na noite desta segunda-feira, 23, o delegado Tiago Fernando Correia, do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC) da Polícia Civil de São Paulo, concluiu o inquérito sobre o caso VaideBet, entregando ao Ministério Público (MP-SP) o seu relatório final, onde pede o indiciamento de cinco pessoas, entre elas Augusto Melo, presidente afastado do Corinthians.

Dentre as diversas conclusões a que as autoridades chegaram sobre o escândalo envolvendo a falsa intermediação do acordo entre clube e casa de apostas, usando para isso a Rede Social Media Design, empresa do também indiciado Alex Cassundé, uma delas diz respeito a uma pergunta que havia ficado em aberto no despacho de indiciamento, divulgado no fim de maio: por que o dinheiro furtado do Corinthians foi destinado à UJ Football Talent?


Vídeos OneFootball


Imagem do artigo:Relatório final do caso VaideBet explica relação entre indiciados e empresa que recebeu dinheiro furtado do Corinthians

Foto: Divulgação/Corinthians

Segundo as investigações, a UJ estava na ponta final de uma rede de empresas de fachada, recebendo um total de R$ 874.150 dos R$ 1,4 milhão furtados do Corinthians, a título de comissão pela negociação entre clube e VaideBet. Além da Rede Social Media Design, fizeram parte da trama criminosa a Neoway Soluções Integradas, a Wave Intermediações e Tecnologias e a Victory Trading Intermediação de Negócios.

A análise da movimentação bancária da UJ indicou às autoridades que os valores recebidos, assim como as interações com estas empresas de fachada, não faziam parte de uma relação comercial regular, mas sim do propósito específico de receber o capital desviado. Isso pois, segundo a polícia, a UJ fazia parte de um esquema para financiar, recompensar e silenciar interesses políticos, empresariais e criminosos do grupo eleito para comandar o Corinthians a partir de 2024.

De acordo com as autoridades, a UJ seria uma das peças de uma intrincada rede de favores financeiros e políticos, assumidos pelo presidente afastado ainda durante sua campanha, em 2023, e que teriam que ser pagos durante seu mandato, após ser eleito. Parte desses “pagamentos” seriam feitos, justamente, através da empresa, o que justificaria suas operações com as empresas de fachada flagradas na lavagem do dinheiro furtado do clube.

A rede de conexões começou a ser desvelada a partir do depoimento à polícia de Rubens Gomes, o Rubão, ex-diretor estatutário de futebol na gestão Augusto Melo e que, antes disso, atuou como articulador político na campanha do mandatário. Ele afirmou às autoridades que diversos personagens ajudaram a financiar a campanha vencedora à presidência alvinegra, incluindo agências de jogadores, influencers, doleiros, empresários e até mesmo agiotas.

A investigação policial deu conta de que a arrecadação dessas doações era feita por Marcos Bocatto, Marcelo Mariano e Marcelo Eduardo Rodrigues Sales, o “Ninja”. Bocatto, que tem laços históricos com o Água Santa, clube apontado como tendo ligações com o crime organizado, foi nomeado por Augusto Melo como superintendente de Novos Negócios. Marcelo, indiciado no caso VaideBet, foi alçado a diretor administrativo. E Ninja, por sua vez, atuou como chefe de gabinete da presidência.

Mais personagens foram citados no relatório, nesse aspecto. Um deles foi Haroldo Dantas, atual presidente do Conselho Fiscal do Corinthians, eleito com apoio de Melo e que foi flagrado negociando atletas com a UJ Football. Para a polícia, isso indicaria um “elo direto, físico e funcional” com a empresa.

Outro citado foi o influencer Bruno Alexssander, o “Buzeira”, que desde fevereiro é investigado por suposta ligação com o PCC. Ele recebeu valores de duas das empresas de fachada, a Wave e a Victory, e desde o início de 2024, após a posse de Augusto no comando do Corinthians, demonstrou ter bom trânsito e acesso livre à diretoria, o que para a polícia reforçaria a tese de ele compor a rede de apoios que ajudou a eleger o presidente afastado.

A polícia ponta, dessa forma, que existiria um padrão de atuação entre estes personagens, os dirigentes indiciados e as empresas de fachada usadas no esquema criminoso, com a intermediação simulada, usando para isso a Rede Social Media Design, sendo uma das ferramentas para honrar os compromissos firmados – outras formas de “pagar” esses compromissos seria em negociações de atletas ou cargos diretivos.

Vale lembrar que a UJ Football Talent foi citada em colaboração premiada de Antônio Vinícius Gritzbach, delator do PCC que foi assassinado no final de 2024. Ele afirmou à polícia que empresas de gestão de carreira de atletas lavavam dinheiro para a facção, e mencionou o suposto envolvimento, no esquema, de Danilo Lima de Oliveira, conhecido como “Tripa”, agente de jogadores que por sua vez é ligado à UJ.

Confira a entrevista completa:

Saiba mais sobre o veículo