Trivela
·01 de maio de 2022
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·01 de maio de 2022
Três pontos às vezes são mais difíceis de conquistar do que se pensa. Na luta pelo scudetto, Milan e Inter batalham semana após semana em um clássico que agitou essa temporada na Itália. O que faz a disputa tão especial é que mesmo com amplo favoritismo, os rivais de Milão insistem em se complicar dentro de contextos teoricamente favoráveis. Neste domingo (1º), o Milan venceu a Fiorentina por 1 a 0, mesmo bombardeando a área da Viola no San Siro.
Desde o início, e com direito até a gol anulado de Theo Hernández, a equipe da casa fez por merecer o triunfo, apresentando um volume de jogo elogiável e com muitas finalizações. É isso que se espera de um candidato sério ao título, aliás. O Milan tropeçou bastante para chegar até aqui, mas parece mentalmente preparado para revisitar a glória no campeonato.
O ataque rossonero liderado por Olivier Giroud e Rafael Leão fez um inferno na área violeta. O goleiro Pietro Terracciano só não fez mais defesas porque a pontaria milanista não estava das mais afiadas até os últimos 15 minutos. Durante a primeira etapa, os visitantes não se limitaram a defender e levaram algum perigo ao gol de Mike Maignan, que mais tarde apareceria como salvador da pátria em determinado lance.
O contexto era todo favorável ao Milan, evidentemente, pela posição que ocupa e pela postura ofensiva que apresentou durante os 90 minutos. Mas na hora de tirar o 10, o ataque mandante falhava. E falhava feio: perdendo gols fáceis, se complicava a cada chance desperdiçada, elevando o desafio mental para conseguir a vitória. Era questão de confiança: Giroud e Leão criaram bastante e com pouco capricho, chutando por cima do gol as melhores chances de matar a partida antes do momento crítico. Foi do português o maior lamento: com espaço e tempo para finalizar, Leão pegou uma sobra e bateu alto demais, para a apreensão da torcida.
E essa ansiedade crescia a cada ataque que desenrolava em tiro de meta para Terracciano. O arqueiro da Viola se cansou de usar o famoso golpe de vista para acompanhar a bola indo longe de suas traves. Do outro lado, Maignan era pouco exigido, mas a defesa do Milan não podia se dar ao luxo de dar espaço a Arthur Cabral. Restando pouco mais de 15 minutos para o apito final, Giacomo Bonaventura armou grande jogada, rolou para a lateral e no cruzamento para o miolo da área, Arthur testou firme. Maignan voou para espalmar e, antes que a bola quicasse para dentro do gol, o francês a agarrou. Uma defesa que inflamou os ânimos milanistas e que acalmou quem já pensava que em uma única bola a Fiorentina iria punir o Milan por sua ineficiência.
Stefano Pioli enxergou a má atuação de Giroud e mexeu no âmago do seu elenco. Colocou Zlatan Ibrahimovic para ser a referência no ataque. O sueco pouco fez, mas a sua simples presença tirou a tranquilidade da retaguarda violeta. Ibra também tem aquela confiança que faltava ao time na partida. Se sobrasse uma chance para que ele batesse no gol, provavelmente mudaria a história do confronto. Mas não foi dele o lance capital, foi do incansável português a seu lado.
Para se redimir da sensação de fiasco na bela tarde em San Siro, Leão tirou da cartola um de seus lances característicos e aproveitou uma saída bizarra de Terracciano, pelo chão. O goleirão deu um passe esquisito, que caiu bem nos pés do atacante rossonero. Leão agrediu o espaço, entrou na área e gingou para bater no canto, finalmente balançando as redes e convidando a torcida para uma explosão de desabafo no minuto 82. Em números, o bombardeio do Milan de Pioli nem pareceu tão feroz assim: 12 finalizações, sendo dois chutes a gol. Algo no ar indica que o treinador insistirá nesse fundamento nos treinos durante a semana, para que diante do Verona, na próxima rodada, a equipe não dependa de um lampejo para tirar o zero do placar.
À Fiorentina, o sétimo lugar na cola da Roma atrapalhou a luta por uma vaguinha na Europa. O trabalho de Vincenzo Italiano é muito bom e deu um aspecto competitivo como a Viola buscava há tempos. O problema para mirar algo a mais está no próprio plantel, que não tem opções capazes de mudar partidas. A lesão gravíssima do meia Gaetano Castrovilli certamente abalou os planos de Italiano para o desfecho na temporada. Sem ele, o time perdeu a criatividade e ficou bastante encaixotado na marcação milanista. Contra a Roma, no próximo fim de semana, a Fiorentina deve ter o mesmo problema.
A tabela está do jeito que o torcedor gosta: o Milan lidera com 77 pontos, cinco a mais do que a Inter, que pega a Udinese ainda neste domingo. Um novo tropeço interista encurta o trajeto do Diavolo em sua busca ao sonhado título italiano. A Fiorentina parou nos 56 pontos, ocupando o sétimo lugar, abaixo da Roma e podendo ser ultrapassada pela Atalanta.