Que os deuses do futebol digam amém… | OneFootball

Que os deuses do futebol digam amém… | OneFootball

Icon: Fala Galo

Fala Galo

·05 de outubro de 2021

Que os deuses do futebol digam amém…

Imagem do artigo:Que os deuses do futebol digam amém…

Foto: Reprodução

Por Max Pereira @Pretono46871088 @MaxGuaramax2012


Vídeos OneFootball


Durante sete dias o Atlético e os atleticanos viveram um inferno astral que, se não era novidade para muitos galistas, foi talvez um dos mais doídos dos últimos tempos. Uma jornada bastante conhecida de cada atleticano espalhado por este mundão de meu Deus como dizia a velha e saudosa Zulmira, uma atleticana apaixonada que nunca entendeu de futebol, mas, como ninguém, sempre torceu contra o vento. Uma jornada, não canso de repetir aqui e ali, que, quando vivenciada, é experimentada pelo atleticano como nenhum outro ser humano que não tiver tido a sorte de conhecer e viver essa paixão, jamais será capaz de entender e comungar.

Depois de uma semana tipicamente atleticana onde aconteceu de tudo, uma vitória, mais que autoritária, talvez a mais significativa da história do Atlético reacendeu a alegria em todos os corações alvinegros e fez cada torcedor voltar a acreditar que o sonho é mais que possível. Não um acreditar puramente mítico, mas um acreditar calcado na dor vivida e na alegria vivenciada. Calcado na resposta que o time, dentro de campo, e o clube no todo estão conseguindo dar. Depois de uma eliminação doída, de contusões, fake news, páginas policiais, fogo amigo, especulações e notícias extemporâneas, o Atlético finalmente alcançou um resultado que pode ser o início de um fim memorável de temporada.  Mas, o que a vitória sobre o Internacional tem de tão especial?

No artigo “É TEMPO DE TEMPERAR CARÁTER DE CAMPEÃO”, publicado em 11 de agosto deste ano aqui no PRETO NO BRANCO, eu já havia lembrado, antes mesmo do primeiro jogo contra o emblemático River Plate pelas quartas de final da libertadores, de uma fala do Professor Celso Unzelte, comentarista dos canais Disney e um dos maiores teólogos do esporte bretão neste país. Unzelte, ao enaltecer a suada vitória do Atlético sobre o Juventude em Caxias, disse que foi um jogo para temperar caráter de campeão. Para o nobre analista o Galo teve mérito porque se modificou durante o jogo e, até o final da partida, buscou o resultado que lhe interessava.

Embora percebesse que, naquele momento, o Atlético de fato indicava viver um momento de transformação e, como não poderia ser diferente, sofrido e de superação, minha impaciência de atleticano passional me fazia e ainda faz ver a jornada atleticana com uma desconfiança incontrolável e indisfarçável e, em consequência, acreditar que, no caso do Glorioso, o caráter de campeão jamais será cozido o suficiente. E nunca estive sozinho nesses pensamentos sombrios.

O coração tem razoes que a própria razão desconhece. Essa frase surrada ganha no coração no atleticano o selo de autenticidade absoluta. Quem acompanha essa coluna, os meus escritos semanais no Blog Canto do Galo, e agora as minhas inserções nos veículos do Canal Nosso Galo, sabe que sempre defendi que qualquer processo de evolução não é retilíneo, não é um caminho sempre ascendente. As surpresas negativas acontecem, as derrotas aparecem, os maus momentos assombram e, entre idas e vindas, tropeçando e levantando, a vida e todas as caminhadas seguem o seu curso. E, no futebol e com o Atlético, jamais poderia ser diferente.

Não, não tenho nenhum pudor em confessar os meus momentos de descrença e de impaciência. Um de meus leitores, sempre carinhoso e arguto, certamente lendo nas entrelinhas a angústia que tomou conta de mim depois da fatídica decisão contra o Palmeiras, brindou-me com a seguinte mensagem: “Ah! Max tá calejado KKK”. Agradeci a ele pela interação e respondi que nunca tão calejado que consiga passar impune diante de uma eliminação daquele porte.

Na linha do “gato escaldado tem medo de agua fria”, o atleticano, empedernido em razão das várias frustrações que o Glorioso colecionou ao longo dos anos, seja pela atuação funesta do extracampo, seja porque o Atlético, até hoje, nunca conseguiu superar de vez, como clube, as suas idiossincrasias históricas e, em vários momentos pontuais de sua história, nem tampouco como time, se modificar dentro das quatro linhas para buscar o resultado que lhe atendia, vem se contorcendo ao longo dos tempos entre um ceticismo já doentio e uma esperança que o aquece e também o exaspera simultaneamente. Coisas de atleticano.

O que torna a vitória do Galo sobre o Colorado gaúcho mais que especial não são os três pontos somados na tabela de classificação. Ao mostrar ser capaz de mudar a história de um jogo em condições tão desfavoráveis e de fazer acontecer o resultado que lhe interessava, o Atlético demonstra também que, conforme o Professor Celso Unzelte já havia vaticinado, está mesmo cozendo o seu caráter de campeão e exorcizando os seus demônios. E, com eles, os fantasmas que, entra ano, sai ano, insistem em assombrar o mundo atleticano.

Mas, se usei o verbo “cozer” no gerúndio, significa que este temperar caráter de campeão é um processo continuo, em movimento, em evolução. E, à medida que o Campeonato Brasileiro for avançando e as semifinais da Copa do Brasil forem batendo às portas do clube, mais traiçoeiro será o caminho, mais foco exigirá de todos os atores envolvidos nessa jornada e mais desafios surgirão no horizonte alvinegro.

Dizem os antigos que porco magro é que suja a água. A franco-atiradora Chapecoense é a primeira pedra no caminho atleticano depois da batalha redentora contra o Gigante vermelho dos Pampas. Sem três titulares de sua linha de zagueiros e sem um de seus principais volantes, a elogiável consistência defensiva atleticana será testada. Mas uma vez o time atleticano será desafiado. E o meu coração atleticano, mais que desejar, começa a acreditar que o Galo Forte Vingador bicará o Índio Condá e, da taba adversaria, sairá vitorioso, para, ainda nesse 2021, escrever uma belíssima história de um time vencedor e campeão.

Ah! E que os deuses do futebol digam amém.

Saiba mais sobre o veículo